As escolas públicas têm um computador por cada cinco alunos, releva o relatório “Educação em Números 2019”, da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC). O cenário é pior para os alunos do 1.º ciclo — com um computador para quase sete alunos —, o mesmo ciclo que há cerca de 10 anos foi contemplado com o programa e.escolinhas e os computadores Magalhães. Nas escolas privadas o cenário é pouco melhor.

Quando foi lançado, no ano letivo 2008/2009, e nos anos em que funcionou, o programa e.escolinhas distribuiu computadores Magalhães gratuitamente às famílias carenciadas (ou até 50 euros para as restantes). Isso permitiu que cada criança no 1.º ciclo tivesse um computador. Os alunos mais velhos, porém, continuavam a ter de partilhar um computador por cada quatro alunos.

Com o fim do programa em 2011, o número de alunos que têm de partilhar um computador no primeiro ciclo de escolaridade tem vindo a aumentar. Já para os restantes ciclos (2.º, 3.º e ensino secundário), entre os anos letivos de 2010/2011 e 2015/2016 existia uma média de três alunos por computador. Curiosamente, nas escolas privadas esta média de três alunos por computador só se verificava no ensino secundário, para os 2.º e 3.º ciclo a média era maior (cinco a sete consoante o ano letivo).

Educação e tecnologia: o “Magalhães”, o retrocesso e a inovação

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O ano letivo de 2017/2018, o último apresentado no relatório, apresenta o maior número de alunos por computador desde que foram distribuídos os primeiros computadores Magalhães, mesmo tendo em consideração que pela primeira vez se contabilizaram tablets como computadores. Ainda assim, nas escolas privadas, há menos alunos por cada computador: cinco alunos por computador no 1.º ciclo e quatro em termos globais.

Além do acesso aos computadores ser limitado, os alunos ainda têm de lidar com computadores obsoletos (alguns com mais de 1o anos) e muitos sem internet, como destaca o Diário de Notícias (DN). Jorge Ascenção, do Conselho Nacional de Educação, diz à rádio Observador que a dificuldade de acesso à internet afeta não só os alunos, mas até os serviços.

Jorge Ascenção, Conselho Nacional de Educação

Os computadores existentes “estão obsoletos, por isso, os recursos devem ser novos e mais”, disse Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), citado pelo DN. “Não é preciso haver um computador por aluno, mas mais”.

Filinto Lima, Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas

À rádio Observador, Filinto Lima diz que este é “problema nacional” que “convém que seja resolvido” e apela a que o próximo Governo faça uma aposta nas novas tecnologias nas escolas.

Atualizado às 12h10 com as declarações à rádio Observador