O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Matosinhos acusou a suspeita de agredir uma juíza e uma procuradora, em janeiro, da prática de um crime de coação contra órgão constitucional, anunciou esta segunda-feira a Procuradoria Regional do Porto.

A mulher está ainda acusada dois crimes de ofensas à integridade física, ambos qualificados. As agressões às magistradas ocorreram em 15 de janeiro num gabinete do edifício do Tribunal de Matosinhos e no contexto de uma conferência de pais, em processo de alteração da regulação do exercício das responsabilidades parentais.

A arguida, que intervinha no processo com progenitora, “levantou-se da cadeira onde estava sentada, dirigiu-se à magistrada judicial que presidia à diligência e desferiu-lhe um murro no rosto”, relata a acusação. Depois, “deitou mão a um candeeiro que se encontrava sobre a secretária, ergueu-o no ar e direcionou-o à mesma magistrada, não a tendo atingido com ele por se ter partido”. Também tentou levantar a secretária onde se encontrava a juíza, empurrando-a em direção à magistrada.

Igualmente de acordo com o despacho do DIAP, a mulher está ainda acusada de ter colocado a mão direita na parte de trás do pescoço da procuradora da República que participava na mesma diligência “e de ter apertado com força”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 16 de janeiro, um dia após os factos, o tribunal de instrução criminal decretou a prisão preventiva da mulher. Num comunicado então divulgado, o juiz de instrução sublinhou que o comportamento da arguida foi “extremamente grave” e “altamente censurável”, considerando que atingiu “um dos pilares da democracia, dos tribunais, como órgão de soberania a quem incumbe a administração da justiça em nome do povo e a realização do Estado de Direito”.

Dias depois, em 28 de janeiro, outro incidente voltou a registar-se no tribunal de Matosinhos, dessa feita envolvendo um cidadão estrangeiro indiciado por agredir uma oficial de justiça. O homem ia ser julgado por crimes de maus-tratos a animais, numa diligência que acabou adiada e, de acordo com fonte sindical, usou um telemóvel para fotografar, dentro do tribunal, testemunhas do processo em que era arguido.

O segurança advertiu-o da ilegalidade do ato e teve de lhe retirar o telemóvel, que confiou à guarda da oficial de justiça. Ao ver passar a funcionária, o homem exigiu-lhe a devolução do aparelho, bateu-lhe na cabeça e apertou-lhe os pulsos, causando-lhe hematomas, relatou então o coordenador Regional do Porto do Sindicato dos Funcionários Judiciais, Manuel Sousa.

Na sequência destes casos, a Associação Sindicais dos Juízes Portugueses (ASJ) manifesto o seu receio de que situações de violência se “banalizem” porque “a generalidade dos tribunais carece de segurança”.

Há tribunais que pontualmente dispõem dessas ferramentas [de segurança], mas a maioria não. Isto é algo transversal não só à justiça, mas, como temos assistido recentemente, às áreas da saúde e da educação. Os serviços públicos que prestam serviços de relevância muitas vezes lidam com interesses que podem gerar situações conflituantes. Impõe-se uma atenção especial de todos para evitar que estas situações se banalizem”, assinalou a Direção regional do Norte da ASJ.

Também na sequência destas situações, o Ministério da Justiça manifestou-se “fortemente empenhado” no reforço da segurança dos tribunais, incluindo a instalação de botões de pânico.