Um projeto da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), que visa estudar a gestão e conservação da Piscina de Marés, projetada por Álvaro Siza, foi premiado em 100 mil euros pela Fundação Getty, foi esta quarta-feira anunciado.

Em comunicado, a FAUP avança esta quarta-feira que o projeto, coordenado por Teresa Cunha Ferreira, foi distinguido pelo programa “Keeping It Modern”, da fundação com sede em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, que tem este ano a sua última edição.

O estudo, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, vai debruçar-se sobre a gestão e conservação da Piscina de Marés, obra em Leça da Palmeira, projetada por Álvaro Siza Vieira.

Inaugurada em 1966, a Piscina de Marés permanece como uma das obras mais emblemáticas do arquiteto, tendo sido classificada, em 2011, como Monumento Nacional e, em 2017, incluída na lista indicativa do Património Mundial pela organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

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No início de 2019, a Câmara Municipal de Matosinhos deu início ao processo de requalificação do equipamento com um projeto do arquiteto, estando a obra ainda em curso.

No âmbito desta distinção, durante os próximos três anos, os investigadores vão criar “um plano” com vista à gestão e preservação futura daquele equipamento, bem como uma metodologia “potencialmente adaptável a outras obras de Álvaro Siza”, incluídas na lista indicativa do Património Mundial, e obras de arquitetura do século XX em Portugal.

Citada no comunicado, a coordenadora do projeto afirma que esta é uma “oportunidade única de desenvolvimento de um plano para a gestão e conservação futura desta obra paradigmática no contexto nacional e internacional, e do percursos profissional de Álvaro Siza”.

Estando atualmente em curso uma obra de reabilitação da Piscina coordenada por Siza, será possível documentar uma intervenção contemporânea de qualidade e, com a sua pedagogia, desenvolver um plano que respeite os princípios arquitetónicos, a integridade e a autenticidade do edifício”, acrescenta Teresa Cunha Ferreira.

Para a coordenadora, este projeto abrange ainda a temática da salvaguarda, reabilitação e conservação do património do XX, que em Portugal “é um património de risco por se tratar de um legado recente, ainda não suficientemente reconhecido pelo público em geral, mais desprotegido do ponto de vista legal e, muitas vezes, alvo de abandono, de falta de manutenção ou até de intrusiva transformação”.

Além da Câmara Municipal de Matosinhos, o projeto, desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, contará com a participação ativa do arquiteto Álvaro Siza e do ICOMOS-Portugal, o comité português do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios, organização não-governamental associada à UNESCO.

A edição de 2020 do programa “Keeping It Modern” recebeu 90 candidaturas. Desses projetos candidatos, apenas 13 foram distinguidos e distribuídos por Portugal, Alemanha, Países Baixos, Reino Unido, Bulgária, Rússia, Estados Unidos, Chile, Índia, Kuwait, Nigéria e Senegal.