Momentos-chave
Histórico de atualizações
  • Reabertura da circulação na linha do Norte prevista para hoje

    A circulação de comboios na linha do Norte, interrompida desde sexta-feira por causa de um acidente ferroviário, deverá ser restabelecida durante o dia de hoje, avançou a Infraestruturas de Portugal.

    A empresa tinha informado inicialmente que o restabelecimento da circulação nas duas vias estava previsto para segunda-feira, mas esclareceu que é “no decorrer de hoje”.

    “A Infraestruturas de Portugal informa que está previsto que seja possível restabelecer a circulação em ambas as vias no decorrer do dia de hoje, domingo”, refere a empresa numa nota enviada à agência Lusa.

    A empresa adianta que foi possível restabelecer “ao início do dia, à 01:45, a circulação através da via descendente no troço da Linha do Norte entre Pombal e Alfarelos”, depois de realizados os trabalhos de reparação da via e catenária à saída da Estação de Soure.

    “A circulação ferroviária processa-se através desta via de forma alternada em ambos os sentidos e foi implementa a redução de velocidade a 30 Km/h entre o Km 185,7 e o Km 186,250”, refere a Infraestruturas de Portugal.

    Lusa

  • Linha do Norte deverá reabrir no sentido Norte-Sul a partir da meia-noite

    De acordo com o ministro das Infraestruturas, que citou informações que lhe foram transmitidas pelas equipas da IP em trabalhos no local do acidente, é expectável que a linha do Norte possa ser reaberta a partir da meia-noite, embora apenas no sentido Norte-Sul. O sentido Sul-Norte, em que ocorreu o acidente, deverá permanecer cortado.

  • Marcelo viu maquinista através de vidro e garante que está numa situação "complexa", embora estável

    O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saiu há minutos dos Hospitais da Universidade de Coimbra após visitar os três feridos graves que ali estão internados. Marcelo deixou elogios à equipa hospitalar que prestou assistência aos feridos e destacou que encontrou o maquinista do Alfa Pendular numa situação “complexa”, embora estável.

    “Tivemos ocasião de ver — embora de longe, porque estava nos cuidados intensivos — o maquinista, que está naturalmente numa situação estabilizada, mas mais complexa”, disse Marcelo. “Depois falámos nos cuidados intermédios com as duas senhoras. Uma numa situação mais lisonjeira, outra com observação mais atenta, mas as duas muito desenvoltas.”

    “A sensação com que saímos é de gratidão a esta equipa e a esta instituição, de certeza que estão em boas mãos”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa.

    Questionado sobre a segurança da ferrovia, o Presidente destacou que o papel do transporte ferroviário é “insubstituível” e insistiu para que não se façam generalizações. “Há casos de tentativas de suicídio em linhas férreas, travessia de passagem de nível que não deviam ser atravessados, e também há casos, muitíssimo mais raros, como aquele que ocorreu ontem. Não podemos generalizar. Isso acontece. Desta natureza é raríssimo acontecer, com o grau de sofisticação tecnológica.”

    O Presidente remeteu, contudo, explicações detalhadas sobre o acidente para o relatório preliminar da Infraestruturas de Portugal, que deverá ser conhecido “daqui a dois ou três dias”.

    Também na visita esteve presente o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que tornou a insistir na segurança do transporte ferroviário e sublinhou a importância da investigação preliminar da IP a ser conhecida na próxima semana.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • Maquinista do Alfa Pendular foi operado e está ligado ao ventilador enquanto aguarda nova operação

    O maquinista do Alfa Pendular que sofreu o acidente encontra-se internado nos cuidados intensivos nos Hospitais da Universidade de Coimbra, depois de ter sido operado pela primeira vez, de acordo com um pequeno ponto de situação feito há minutos à porta do hospital a propósito da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aos feridos.

    “O maquinista teve de seguir logo para o bloco operatório, foi logo operado”, disse o médico que recebeu Marcelo Rebelo de Sousa em Coimbra. “Está estável, está ligado ao ventilador, tem um traumatismo torácico grave, e tem de ser reoperado.”

    O médico sublinhou ainda que existem mais dois doentes em estado grave, duas mulheres, uma delas com “prognóstico reservado”, que poderá ser operada se o seu estado de saúde se agravar, e uma outra com “bom prognóstico”, ambas internadas no mesmo hospital.

    O Presidente da República está neste momento a visitar os feridos no interior do hospital e remeteu qualquer declaração sobre o tema para o final da visita.

  • Marcelo diz que é "compreensível" que inquérito demore alguns dias a estar pronto

    O Presidente da República diz ainda que é “compreensível” que o inquérito sobre o que aconteceu em Soure demore alguns dias.

    “É compreensível que um inquérito sobre uma matéria tão sensível não possa ser feito em poucas horas ou de um dia para o outro. Até pela própria sensibilidade humana. O apuramento do que se passou envolve apurar se houve ou não componente humana, e acontece que houve duas vítimas, que precisamente estavam numa das composições envolvidas. Também isso leva a que se tenha um cuidado especial. Três dias, quatro ou cinco dias — se fosse várias semanas, um mês, seria inaceitável — penso que é sensato”, disse Marcelo.

    O chefe de Estado salientou também que “houve um esforço muito grande na resposta e na tentativa de reposição da circulação”.

    “Não podemos daqui retirar generalizações quanto à ferrovia, quanto à segurança, quanto à importância e papel fundamental da ferrovia, para todos os portugueses e sobretudo aqueles que menos meios têm, que recorrem ao comboio, não recorrendo ao automóvel em muitas circunstâncias porque a sua vida pessoal e profissional a isso obriga”, disse.

    “Todos nós lamentamos as vítimas mortais e os feridos, que iremos visitar de seguida em Coimbra”, disse também Marcelo, recusando avançar conclusões preliminares perante a insistência dos jornalistas

  • Pedro Nuno Santos recusa associação entre acidente com Alfa e acidente na Linha do Oeste

    O ministro Pedro Nuno Santos foi questionado sobre um outro acidente ferroviário que causou um morto este sábado em Leiria, na sequência da colisão entre um comboio e um veículo ligeiro numa passagem de nível, mas recusou associar os dois acidentes.

    “Esse acidente ainda ocorre em alguns sítios do país onde temos passagens de nível e onde infelizmente não se respeita a passagem de nível”, disse o ministro. “Ao longo dos anos que em Portugal se tem vindo a eliminar as passagens de nível, mas não é possível eliminar todas.”

    Colisão entre comboio e veículo ligeiro faz um morto perto de Leiria

    “Eu próprio quando assumi estas funções quis perceber como é que esses acidentes ainda acontecem e como evitar. Temos de procurar diminuir o risco de os erros humanos conduzirem a erros fatais”, explicou Pedro Nuno Santos.

    “Estamos a falar de uma passagem de nível automática, não se pode barrar em toda a dimensão. O que aconteceu é aquilo que não pode acontecer, que foi o não respeito da passagem de nível”, afirmou o ministro.

  • Ministro Pedro Nuno Santos remete explicações sobre o acidente para início da próxima semana

    “Quando houve a primeira notícia, temia-se uma tragédia de dimensão incalculável. E não foi o que se verificou”, diz Marcelo durante a visita ao local do acidente.

    Os jornalistas presentes questionam Marcelo e o ministro Pedro Nuno Santos sobre as recomendações do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), feitas na sequência de um incidente semelhante em 2016, que não terão sido seguidas.

    “O que posso dizer é que a IP no início da próxima semana darão todos os esclarecimentos necessários”, diz o ministro, depois de Marcelo dizer que não conhece o relatório. Pedro Nuno Santos diz que deverá haver uma conferência de imprensa no início da próxima semana.

    Pedro Nuno Santos insiste que a ferrovia em Portugal é segura, mas destaca que a IP está a investigar internamente o que aconteceu neste acidente. “É preciso perceber se recomendações feitas no passado em situações similares foram ou não seguidas”, admite o ministro.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • Marcelo visita local do acidente. "Para o que se passou, foi um número muito reduzido de vítimas"

    O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está neste momento no local do acidente, em Soure, para se inteirar do decorrer dos trabalhos e para depois seguir para a visita aos feridos internados em Coimbra.

    “Já sei que o maquinista está internado. É espantoso como é que estando na posição em que estava, e com o choque, resistiu”, comenta Marcelo Rebelo de Sousa, que está a conversar com os responsáveis pelos trabalhos de manutenção na linha.

    “E ainda foi a tempo de ativar o freio”, responde o ministro Pedro Nuno Santos, que acompanha o Presidente da República na visita.

    “E para o número de passageiros que circulava, temos de convir que foi um número muito reduzido de vítimas. Sempre a lamentar, mas muito reduzido, para aquilo que se passou”, acrescenta Marcelo, que elogiou a “conjugação de esforços” na resposta ao acidente.

    “É difícil dizer isto quando há duas vítimas mortais, mas tínhamos no comboio mais de 200 pessoas. O que é ingrato é sabermos que a ferrovia é um dos meios de transporte mais seguro que temos, mas que os acidentes também ocorrem na ferrovia”, afirma o ministro.

  • IP comprometeu-se há dois anos instalar sistema de segurança em Veículos de Conservação de Catenária

    A Infraestruturas de Portugal (IP) comprometeu-se há dois anos com a instalação do sistema de controlo automático de velocidade (CONVEL) em Veículos de Conservação de Catenária (VCC), mas a medida, “sujeita a cabimentação financeira”, nunca avançou.

    O compromisso consta num relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgado em julho de 2018, e é uma resposta a uma recomendação de segurança deste organismo, que alertou para o risco de estes veículos circularem sem o sistema CONVEL, após um deles ultrapassar “indevidamente” um sinal vermelho na estação Roma-Areeiro, em Lisboa, em janeiro de 2016.

    O GPIAAF anunciou hoje, em Nota Informativa a que a agência Lusa teve acesso, que o VCC abalroado na sexta-feira pelo Alfa Pendular, em Soure (Coimbra), causando dois mortos e dezenas de feridos, passou um sinal vermelho e entrou na Linha do Norte.

    Esta entidade revela que “os VCC, tal como a generalidade dos veículos de manutenção de via no nosso país, não estão equipados com o sistema CONVEL, motivo pelo qual não foi desencadeada a frenagem automática resultando na consequente imobilização do VCC 105 antes de atingir um ponto de perigo”.

    No relatório da investigação ao VCC que passou o sinal vermelho na estação Roma-Areeiro, publicado em 25 de julho de 2018, o GPIAAF pede ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) que a IP efetue “uma reanálise do risco correspondente à inexistência do sistema CONVEL naqueles veículos tendo em consideração o histórico” de acidentes, recomendando ainda o reforço das “medidas de controlo do risco existentes, para que este seja equivalente ao admitido” para os comboios das empresas de transporte ferroviário.

    “Em consequência do incidente ocorrido, o gestor da infraestrutura [IP] comunicou à investigação duas medidas mitigadoras, uma a implementar e outra em fase de implementação, com vista a prevenir a repetição deste tipo de incidentes, assegurando que os órgãos operacionais de manutenção estão envolvidos na sensibilização de segurança como ferramenta para prevenção deste tipo de incidentes. Para esse efeito, foi proposta a instalação do sistema CONVEL nos VCC, medida ainda não concretizada e sujeita a cabimentação financeira”, lê-se no relatório do GPIAAF na parte destinada às Medidas Adotadas.

    O GPIAAF recomenda também ao IMT que a IP estabeleça procedimentos quantificados para que os agentes autorizados a assegurar a condução e acompanhamento dos Veículos Motorizados Especiais – VME (designação genérica que inclui os VCC) adquiram e mantenham as aptidões, competências e proficiência necessárias e adequadas àquelas funções, sendo bem definido o seu conteúdo funcional e requisitos nestes domínios, no âmbito do sistema de gestão de competências

    O objetivo, segundo a investigação, é “rever o plano de formação e estabelecer um plano de manutenção de competências baseado nos requisitos geralmente considerados na indústria de transporte ferroviário, tendo especialmente em consideração as especificidades afetando os fatores humanos inerentes ao facto da sua função principal não ser a de maquinista e de agente de apoio”.

    Na resposta a esta recomendação, “o gestor da infraestrutura informou que se encontrava a ministrar cursos de reciclagem a todos os agentes que efetuam serviço de condução de VME”.

    Nesse relatório de julho de 2018, O GPIAAF recomendava ainda ao IMT que, num prazo não superior a seis meses, preparasse as portarias previstas na Lei n.º 16/2011 de 3 de maio, de modo a dar provimento ao estipulado legalmente quanto aos procedimentos de reconhecimento dos cursos de formação e das entidades com competência para a realização dos exames médicos e de avaliação psicológica.

    O relatório explica que a Lei n.º 16/2011 de 3 de maio, que aprova o regime de certificação dos maquinistas de locomotivas e comboios do sistema ferroviário entrou em vigor seis meses após a sua publicação, esclarecendo, no entanto, que “faltam definir e aprovar duas portarias que definem os procedimentos de reconhecimento dos cursos de formação e das entidades com competência para a realização dos exames médicos e avaliação psicológica, devendo as mesmas ser preparadas pelo IMT”, o que ainda não foi feito até hoje.

    Agência Lusa

  • Sindicato dos Maquinistas admite processar IP se se verificar incumprimento de recomendações de segurança

    O Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) admite mover um processo criminal contra a Infraestruturas de Portugal (IP) caso de confirmem as suspeitas de que a IP não seguiu recomendações do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que teriam evitado o acidente, escreve o jornal Público, citando o presidente daquele sindicato, António Domingues.

    “A partir do momento em que há recomendações que não foram acolhidas e fica tudo na mesma, e se, por via dessas falhas, há mortes, então há responsabilidade criminal”, disse o dirigente sindical ao Público, lamentando que o incumprimento das recomendações daquele gabinete seja uma situação “recorrente”.

    As recomendações do GPIAFF surgiram na sequência da investigação a uma infração em janeiro de 2016, quando um veículo de serviço da IP passou um sinal vermelho na estação de Roma-Areeiro, em Lisboa. Na altura, o GPIAFF sublinhou que estes veículos de serviço não têm os equipamentos de segurança e de controlo de velocidade que os comboios de passageiros e mercadorias são obrigados a ter — e também salientou que os condutores que os operam não têm formação de maquinista.

    Nesse documento são deixadas oito recomendações de segurança sobre a formação dos condutores destes equipamentos de serviço das linhas férreas e sobre a necessidade de introduzir nestes veículos os sistemas de segurança dos comboios. Desde essa altura, contudo, não foi introduzida nenhuma mudança neste sentido. O sindicato quer agora perceber se o não cumprimento das recomendações do gabinete teve impacto no acidente.

  • Acidente terá sido causado por desrespeito de um sinal vermelho na estação de Soure

    A colisão do Alfa Pendular em Soure com um veículo de manutenção da IP – Infraestruturas de Portugal deu-se a 190 km/h e o embate deverá ter acontecido quando o comboio de manutenção da IP (VCC – veículo de conservação de catenária) terá ignorado o sinal vermelho na estação de Soure e entrado na via principal. A informação é avançada em dados tornados públicos este sábado pelo GPIAAF – Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários. Leia aqui a notícia completa da Agência Lusa.

    Alfa/Acidente: Veículo de Conservação de Catenária passou sinal vermelho — investigação

  • Continuam os trabalhos de limpeza na Linha do Norte

    Ao passar da meia noite, e depois do socorro aos 212 passageiros, continuam os trabalhos de limpeza na Linha do Norte, a cargo dos funcionários da Infraestruras de Portugal e da CP, centrados agora na retirada da composição acidentada — no local encontram-se composições de emergência e uma grua. O restabelecimento da principal linha do país só deverá ocorrer com o avançar da madrugada.

  • CDOS atualiza balanço com dois mortos e 44 feridos, oito dos quais graves

    O mais recente balanço do acidente com o comboio Alfa Pendular dá conta de duas vítimas mortais e 44 feridos, oito dos quais em estado grave, disse fonte do Comando Distrital de Operações (CDOS) de Coimbra.

    Em informação prestada à agência Lusa às 20h10, o CDOS sinalizou a existência de 169 vítimas ilesas, além de dois mortos (os únicos ocupantes de uma máquina de trabalhos ferroviários da Infraestruturas de Portugal) num total de 214 pessoas envolvidas no acidente ferroviário.

    Já numa atualização de dados comunicada à Lusa às 21h00, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) indicou ter recebido 28 feridos, dois dos quais graves e outros dois muito graves.

    Um dos casos mais graves (politraumatismo), que foi levado para o bloco operatório de emergência, é o maquinista do Alfa Pendular.

    Dos 24 restantes feridos referidos pelo CHUC, todos ligeiros, 21 deram entrada nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC, onde também estão os quatro feridos graves) e os três restantes – uma menina de 06 anos, e uma rapariga e um rapaz de 16 anos – foram assistidos no Hospital Pediátrico.

    Por seu turno, o gabinete de relações públicas do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF), em informação disponibilizada às 20:01, afirmou ter recebido seis feridos ligeiros, “todos adultos, conscientes e em observação”. Entre os seis feridos que deram entrada no HDFF conta-se um casal (um homem de 71 anos e uma mulher de 68) e um outro homem de 36 anos.

    (Lusa)

  • “Só se via as malas a cair e os ferros a rebentar”, conta passageiro

    José Pereira seguia viagem para o Porto, quando sentiu o comboio Alfa Pendular a descarrilar. Viu as malas a voar e “os ferros a rebentar”, mas diz que os passageiros mantiveram a calma após o pânico inicial.

    Com 73 anos, seguia com a sua mulher e o seu neto, na carruagem número seis, de Lisboa até Campanhã, no Porto, para depois prosseguir caminho até à sua casa, em Vila do Conde. Assim que o comboio Alfa Pendular começou a descarrilar após colidir com uma máquina de trabalhos, em Soure, José Pereira sentiu “um choque” forte e apenas teve o instinto de agarrar o seu neto. “Pareceu que o comboio ia a travar, andou-se ali uns minutos largos, com todas as pessoas em pânico”, contou aos jornalistas o passageiro, sublinhando que, ao início, aquando do embate, só viu “as malas a cair e os ferros a rebentar”. A carruagem, acrescentou, “ficou toda rebentada no interior”.

    Apesar do pânico inicial com o descarrilamento, o passageiro sublinhou que todas as pessoas na sua carruagem conseguiram manter a calma até chegarem os bombeiros. “A calma de todo o pessoal a ajudar uns aos outros foi fundamental”, salientou.

    Na sua carruagem, enquanto os bombeiros não vinham e sem possibilidade de abrir as portas, alguns passageiros decidiram partir vidros “para poder entrar ar” e pegaram “nas malas, nas calmas”, disse José, que saiu praticamente ileso, apenas com umas escoriações na perna e no braço.

    A sua mulher teve “um problema no tórax – mas nada de grave” e o neto “um problema na pernita, mas também nada de grave”, contou José Pereira, que falava junto ao posto de comando, instalado às portas da vila de Soure, no distrito de Coimbra. “Já apanhei alguns sustos, mas como este não”, disse José Pereira, que acabou a entrevista a ser chamado por uma enfermeira, com a sua mala, para ver as pequenas feridas que tinha.

    (Lusa)

  • Vídeo. As imagens e reações ao acidente

  • Sobreposição de dois sistemas pode ter provocado acidente

    O especialista em ferrovia Manuel Tão considera que a sobreposição de dois sistemas de segurança e de regulamentação no mesmo troço, ao mesmo tempo, poderá ter sido a causa do acidente com o comboio Alfa Pendular, em Soure. “Se de facto estamos perante uma situação dessas, estamos perante uma bizarria”, salientou à agência Lusa o especialista.

    De acordo com Manuel Tão, os transportes ferroviários, como o comboio Alfa Pendular, têm um recetor que recebe informações do sistema Convel, que controla a velocidade dos veículos e também garante o cumprimento da sinalização. “Neste caso, o comboio alfa pendular estava munido de um recetor desses. Ora o veículo que entrou na via principal, estando numa via secundária, e que acabou por ser atingido pelo Alfa Pendular não é garantido que estava equipado com o recetor do Convel”, realçou.

    Para Manuel Tão, poderá ter havido uma falha de comunicações, se, de facto, houve uma sobreposição de regulamentos diferentes. “Os veículos podem funcionar com sistema de sinalização por via do seu recetor e outros não podem, se eventualmente não tiver, e há aqui dois sistemas que na mesma banda horária se sobrepõem”, afirmou. À Lusa, o especialista em transportes ferroviários acrescentou que um sistema de transporte só pode ter um sistema de regulamentação e de segurança, não podendo ser “ambíguo”.

    “Se introduzirmos procedimentos diferentes – ou dois sistemas diferentes – ao mesmo tempo, em tempo real, numa determinada localização, a probabilidade de podermos vir a ter um incidente pode efetivamente tornar-se muito grande”, observou.

    (Lusa)

  • Centro Hospitalar de Coimbra recebeu dois feridos graves com politraumatismos

    O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) recebeu dois feridos graves do acidente de hoje com um Alfa Pendular, ambos politraumatizados, um dos quais estava pelas 19h15 no bloco operatório, disse fonte da unidade de saúde.

    Para além destes dois feridos graves, que deram entrada nos Hospitais da Universidade de Coimbra, o Hospital Pediátrico “recebeu uma criança do sexo feminino, com ferimentos ligeiros, que será tratada e terá alta”, e espera a chegada de um rapaz “também com ferimentos ligeiros”, afirmou à Lusa fonte do gabinete de comunicação do CHUC.

    A mesma fonte adiantou que a unidade hospitalar espera ainda a chegada de mais feridos, “todos ligeiros”, em número ainda não contabilizado.

    (Lusa)

  • Especialista diz que o que se passou foi "criminosamente grave"

    O especialista em Transportes e Vias de Comunicação Luís Cabral da Silva considerou que o acidente com o comboio Alfa Pendular, em Soure, que vitimou duas pessoas, foi “criminosamente grave” e “inexplicável. “Não se percebe como é que um comboio Alfa Pendular vá bater numa dresina (máquina) que está a fazer a manutenção da linha onde o comboio vai passar. Isto é um exemplo da irresponsabilidade completa”, afirmou o especialista à agência Lusa.

    No entender de Luís Cabral da Silva existem “várias questões técnicas que falharam e que motivaram este acidente. “Em rigor, o comboio não deveria lá chegar por causa do controle de velocidade. Pelos vistos chegou e bateu. Não se programa a viagem de um comboio pendular por uma linha que tem lá trabalhos de manutenção. Isto não entra na cabeça de ninguém”, criticou.

    O especialista questionou ainda o facto de o sinal da linha não estar fechado e de não ter existido “qualquer comunicação” sobre a presença da máquina no local. “Quem é que a mandou para lá? Acho que isto não se deve fazer durante o dia. Tudo isto aponta para uma grande incompetência criminosa da Infraestruturas de Portugal”, sublinhou.

    (Lusa)

  • Ainda não chegaram ao local meios para retirar destroços e retomar circulação da Linha do Norte

    Ainda não há previsão para o início da limpeza da Linha do Norte no local do acidente e, como tal, não é possível saber quando será retomada a circulação naquela que é uma das principais linhas ferroviárias do país. Em declarações à Rádio Observador às 19h40, o presidente da Câmara Municipal de Soure, Mário Jorge Nunes disse que “ainda não estão no terreno os meios mecânicos, de tecnologia pesada, para fazer essa remoção”.

    “Os trabalhos estão neste momento a ser terminados, estamos à espera que sejam tirados os materiais ainda de dia”, explicou o autarca.

    Maria Jorge Nunes referiu ainda que, nesta fase, o hospital de campanha já foi “desmobilizado” uma vez que “todos os feridos foram assistidos e transportados para o hospital”.

  • Sindicato dos Maquinistas pede sistema redundante de segurança

    O presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) defendeu a existência de um sistema redundante de segurança nas vias férreas. António Domingos explica que o Alfa Pendular tem um sistema de controlo automático de velocidade, que supervisiona o cumprimento da sinalização e, caso as normas não sejam cumpridas, aciona o sistema de travagem automático, o que não acontece com as máquinas de manutenção que circulam na via.

    “A Dresine não tem esse equipamento que supervisiona a condução da tripulação. Se essa máquina de manutenção da via tivesse esse equipamento embarcado, provavelmente o acidente não se daria, isto numa primeira abordagem, sem conhecer pormenores”, disse António Domingos, em declarações à agência Lusa. O presidente do SMAQ considera a ferrovia “um sistema seguro” e, embora realce que “o risco zero não existe”, entende que as condições podem ser melhoradas.

    “É uma falha estas máquinas de manutenção não terem este sistema de supervisão, que é um sistema redundante de segurança, que permite suprimir falhas da tripulação. Evita ultrapassagens do sinal, que não sei se foi o caso”, acrescenta o presidente da estrutura sindical.

    Tendo em conta os mecanismos de supervisão, António Domingos entende que, “à partida”, o Alfa Pendular circulava à velocidade permitida.

    O presidente do SMAQ informou que o sistema, preparado para transmitir informações “a cada momento”, não deteta obstáculos na via, como é o caso da máquina de manutenção de catenárias, que estava “num local onde não devia estar”. No caso de o maquinista se aperceber, não seria possível travar a tempo. “Num comboio a 180 quilómetros à hora, se o maquinista travar de emergência, demora mais de mil metros a imobilizar”, explica António Domingos.

    (Lusa)

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