O PCP dos Açores criticou esta quinta-feira, a pouco mais de um mês de eleições na região, as políticas do executivo socialista dos últimos quatro anos, com o Governo Regional a dizer que aguarda “serenamente” o “julgamento” nas urnas.

Numa declaração política no parlamento regional, na cidade da Horta, o deputado único do PCP, João Paulo Corvelo, defendeu que as ilhas mais pequenas da região têm sido “ao longo dos anos votadas ao abandono e “as políticas necessárias ao seu desenvolvimento e à fixação das populações não têm na maioria das vezes passado de boas e piedosas intenções”.

No campo da saúde, e depois de elogiar o Serviço Regional de Saúde e o seu “riquíssimo capital humano”, o comunista lamentou as políticas do executivo regional socialista nas seis ilhas açorianas sem hospital.

Ainda recentemente fomos alertados por um doente das Flores que, sendo suspeito de padecer de algum problema grave a nível intestinal, se encontra há largos meses à espera de ser visto por um gastrenterologista e lhe ser, no mínimo, efetuado o diagnóstico do seu problema”, declarou o deputado, eleito pelas Flores, que sustentou que não vai um gastrenterologista à ilha há dez meses.

João Paulo Corvelo lembrou ainda a importância de a transportadora aérea SATA ter sido mantida na esfera pública: “Será que ainda existem ou persistem dúvidas que não fosse a SATA uma empresa pública regional teria sido possível implementar, utilizando o transporte aéreo como arma, medidas efetivas e eficazes de combate à pandemia?”, questionou.

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Na resposta, o secretário do executivo com a tutela dos Assuntos Parlamentares, Berto Messias, definiu a declaração política do PCP como feita ao estilo de “metralhadora rotativa”.

Uma abordagem séria do ponto de vista económico e social demonstra claramente que a Região Autónoma dos Açores que tínhamos em março de 2020 era claramente uma região melhor que aquela que tínhamos em novembro de 2016″, aquando da formação do atual governo, afirmou.

A pandemia de Covid-19 “assolou um conjunto de indicadores”, reconheceu o governante, que acusou o comunista de se contradizer no campo da saúde, ao falar em desinvestimento na área.

“Se isso fosse verdade, o Serviço Regional de Saúde não teria respondido como respondeu à pandemia”, declarou. “Serenamente aguardaremos o julgamento do povo açoriano no próximo dia 25 de outubro“, acrescentou.

O parlamentar do PSD Bruno Belo, também eleito pelas Flores, criticou a “grande desigualdade” nos Açores, em que “cada ilha caminha à sua velocidade”, sem ser cumprido o “desígnio principal” da coesão territorial, “cada vez mais uma miragem”.

“Os erros e as fragilidades seguramente não são só de um mandato. São erros e fragilidades de 24 anos de poder político socialista”, afirmou.

Mais à direita, o CDS, pelo seu líder, Artur Lima, lamentou que continue a não haver médicos de família para “todos os açorianos após 24 anos do PS” no poder. Para o centrista, o executivo e os socialistas são ainda culpados por “terem deixado escapar dezenas e dezenas de jovens médicos açorianos que estão no continente e na Madeira e não tiveram lugar para exercer na sua terra”.

Artur Lima reiterou ainda críticas às administrações das unidades de saúde da região, “incapazes e incompetentes”, e de quem o executivo se serve para recorrentes “danças de cadeiras”.

Já o PPM, pelo deputado único do partido, Paulo Estêvão, elogiou a atuação do comunista João Paulo Corvelo ao longo dos quatro anos de mandato parlamentar.

“Tenho a certeza que o senhor colocou sempre o interesse da ilha das Flores ao de cima. A sua lealdade foi absoluta com a população que jurou defender”, acrescentou o monárquico, antes de criticar o executivo socialista pela “ausência de políticas para o desenvolvimento económico” das ilhas mais pequenas da região, como as Flores e o Corvo (por onde Estêvão é eleito).

À esquerda, o deputado do Bloco Paulo Mendes abordou um tema que “tem sido caro” ao partido, o funcionamento do Serviço Regional de Saúde, lembrando exemplos “concretos” de pessoas afetadas por consultas adiadas ou outras perturbações neste campo.

Os problemas não se encontram única e exclusivamente nos utentes do Serviço Regional de Saúde das ilhas maiores e com hospital [São Miguel, Terceira e Faial]. (…) O que dizer dos utentes que residem nas ilhas menos populosas, com serviços de saúde mais fragilizados? Esses utentes ainda mais problemas têm”, considerou o bloquista.

Já o PS, que suporta o executivo, questionou o PCP sobre o “balanço que fez” dos últimos quatro anos, uma “profunda deceção”, advogou o deputado José San-Bento.

“Temos tido uma política de coesão territorial, que aposta em infraestruturas, e a sua ilha [Flores] tem sido uma aposta clara”, prosseguiu, lembrando as obras no porto das Lajes das Flores, destruído com a passagem, no ano passado, do furacão Lorenzo. “Somos os campeões do emprego no país”, prosseguiu, acrescentando o que foi feito na sequência da pandemia em campos como a preservação de emprego e a integração de trabalhadores precários.

Os Açores vão a eleições a 25 de outubro e o parlamento regional está esta semana reunido em plenário pela última vez antes do sufrágio.