Não foi só Darth Vader, mas foi, inevitavelmente, o vilão da saga “Guerra das Estrelas” que lhe deu fama e foi a essa personagem que ficou para sempre associado — mesmo que lhe tenha dado corpo mas nunca a voz, essa era a de James Earl Jones. Curiosamente, quando participou no casting da produção de George Lucas, concorria para o lugar de Darth Vader e Chewbacca, o companheiro de Han Solo. Ganhou o lugar do primeiro e foi com a máscara do lado negro da força que ganhou fama. David Prowse morreu este domingo aos 85 anos.

No twitter, o agente de Prowse, Thomas Bowington, confirmou a notícia: “É com grande tristeza para nós e para milhões de fãs em todo o mundo que anuncio a morte de Dave Prowse”.

Já no Facebook, um produtor que muitas vezes trabalhou com o ator, Jason Joiner, escreveu: “O Dave dedicava-se aos fãs, durante décadas quis conhecê-los. Ele era maior do que a vida e deixa saudades. O nosso amor e os nossos pensamentos estão com a família”.

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David Prowse nasceu em Bristol em 1935 e desde cedo fez girar em volta do corpo quase todas as actividades profissionais que escolheu: com 1,98 metros, foi culturista e rapidamente ocupou o lugar de segurança em discotecas, antes de ser campeão britânico de halterofilismo por três vezes (chegou a representar o Reino Unido nos Jogos da Commonwealth em 1962 em Perth, na Austrália). Foi este físico que o levou a ser escolhido para a figura de Green Cross Code Man, uma espécie de super herói criado para promover a segurança rodoviária junto das crianças. Conquistou notoriedade e conseguiu também os primeiros trabalhos na televisão e no cinema.

Foi guarda costas em Laranja Mecânica”, entrou na série “Doctor Who” como monstro, foi andróide, Frankenstein em diferentes ocasiões e foi até o Cavaleiro Negro no Jabberwocky de Terry Gilliam, em 1977. Nesse mesmo ano (e ainda antes de ter assumido a função de personal trainer de Christopher Reeve em “Super Homem”), conquista o lugar de Darth Vader no primeiro filme de uma nova saga que então entrava em produção, liderada por Geroge Lucas, “A Guerra das Estrelas”. Prowse pôde mesmo escolher entre Vader e Chewbacca. Ambas as personagens, implicavam constantemente um fato integral, Prowse escolheu a primeira, confiante que assim ficaria na história: “Toda a gente se lembra do vilão”, terá dito na altura, frase recordada agora por todos os jornais britânicos.

On the set of Star Wars: Episode IV - A New Hope

Da esquerda para a direita: Peter Cushing, George Lucas, Carrie Fisher e David Prowse, durante a rodagem de “Guerra das Estrelas”

Muitas das cenas de luta que envolveram Darth Vader foram interpretadas por outro atleta, Bob Anderson. Quando a máscara de Vader é retirada, no final de “O Regresso de Jedi”, a cara que se vê é a de outro ator, Sebastian Shaw. E ainda que as falas da personagem se ouvissem no set pela voz de Prowse, foi o tom grave e sério do americano James Earl Jones que ficou para sempre associado ao Lord Sith criado por Lucas. Mas foi Prowse que lhe deu o porte, o andar e foi Prowse que se entregou, mesmo depois de terminados os filmes, à personagem, levando-a em digressão, participando em encontros de fãs e Comic Cons, isto pelo menos até 2010, quando um diferendo entre Prowse e Lucas colocou um ponto final nestas atividades.

Em 2014, David Prowse escreveu no jornal The Guardian: “Muitas pessoas vão lembrar-se de mim como o vilão definitivo no grande ecrã, o Darth Vader de Guerra das Estrelas. Mas ter sido o ‘tipo porreiro’ e ter liderado a campanha Green Cross Code, ajudando a salvar milhares de vidas, foi a minha honra maior”.