O ministro do Ensino Superior anunciou esta sexta-feira que quer triplicar o número de estudantes com uma experiência Erasmus nos próximos 10 anos, altura em que 30% dos alunos do ensino superior deverão ter estudado no estrangeiro.
Atualmente, apenas um em cada 10 estudantes que termina os seus estudos tem uma experiência Erasmus, revelou esta sexta-feira o ministro Manuel Heitor, com base em dados do início do passado ano letivo (de 2019/2020).
“Há cinco anos eram 5% e há 10 anos eram apenas 2%. Queremos chegar a 2030 com um terço dos estudantes, portanto triplicar a mobilidade Erasmus”, anunciou durante a apresentação da nova administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).
No entanto, nos últimos meses, assistiu-se a “uma quebra sem precedentes nos últimos 40 anos ao nível da mobilidade dos jovens na Europa”, constatou. A tendência de aumento de alunos a querer estudar no estrangeiro foi interrompida pela pandemia de Covid-19.
O Governo lançou esta semana a discussão pública para impulsionar o programa Erasmus: “Temos um desafio enorme à nossa frente”, afirmou Manuel Heitor, sublinhando que neste processo é preciso trabalhar para o reforço das redes europeias de instituições de ensino superior.
Para isso, “o processo de acreditação de graus conjuntos será particularmente critico“, disse Manuel Heitor, durante a cerimónia em Lisboa que contou com a presença da nova administração da A3ES.
“Não faz sentido que um grau conjunto entre diferentes instituições na Europa tenha que seguir processos totalmente distintos de avaliação nos diferentes países”, afirmou, defendendo que as agências de avaliação — como a A3ES — se devem adaptar às novas realidades, em que existem consórcios de instituições de diferentes países.
Depois de 12 anos à frente da A3ES, Alberto Amaral sai da direção da agência que passa a ser ocupada por João Guerreiro, ex-reitor da Universidade do Algarve.
À nova direção da A3ES, Manuel Heitor apontou alguns desafios como a manutenção da independência da agência e das instituições de ensino superior ou a necessidade de tornar os processos menos burocráticos.
“Temos de garantir que os nossos docentes dedicam a principal fração do seu tempo a ensinar, a aprender e a investigar e não a preencher formulários e inquéritos muitas vezes perfeitamente abusivos. Sabemos que muitas vezes nos processos de avaliação há uma tendência de fazer perguntas que depois os próprios avaliadores não respondem“, defendeu o ministro, sublinhando que “não é aumentando o nível de perguntas” que se encontra “mais qualidade da avaliação”.
O trabalho de Alberto Amaral à frente da A3ES foi aplaudido por todos.
O presidente do Conselho de Curadores da A3ES, Manuel Sobrinho Simões, apontou os “12 anos muito bons da agência” e o ministro decidiu atribuir a Alberto Amaral a Medalha de Ciência.
“É um simples gesto que não é mais do que o nosso reconhecimento pelo que foi o Alberto Amaral“, disse Manuel Heitor, explicando que teria de ir a casa de Alberto Amaral entregar a medalha, uma vez que o professor estava a participar na cerimónia por videoconferência.
O ex-presidente justificou a opção pela presença online por questões de idade, que o colocam no grupo de risco da Covid-19, e agradeceu a todos: “Às instituições, agradeço a paciência com que nos aturaram”, afirmou Alberto Amaral, que deixa o cargo que exerceu desde que foi criada a A3ES.
O cientista e ex-ministro José Mariano Gago também foi recordado, por ser responsável pela criação da agência de acreditação.