Menos de uma semana depois, a mesma competição, na mesma um clube “grande”, também um conjunto que não sendo da elite nacional move sempre muita gente, o mesmo estádio. E a nível de organização tudo era também igual, como as jogadoras podiam ver no longo túnel de acesso ao relvado esteve estava todo devidamente decorado para o encontro. No entanto, as diferenças entre futebol masculino e feminino são ainda demasiado evidentes e esta festa do Jamor entre Sporting e Famalicão, depois de mais uma época importante a nível de desenvolvimento que teve o Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões (antes de sagrar-se bicampeão nacional), era mais um passo nesse sentido de ir encurtado o fosso existente.
E festa não era propriamente um exagero porque até as famosas roulotes e piqueniques nas matas à volta do Estádio Nacional houve (à sua escala), mostrando bem o encanto que o dia de Taça de Portugal vai ter sempre neste regresso ao Jamor após dois anos de ausência pela pandemia. Isto numa semana de mais boas notícias para o futebol feminino, com os novos números apresentados pela Federação a mostrarem que existem 12.327 federadas, o que corresponde a um aumento de 30% face ao período pré-pandemia. A temporada encerrava da melhor forma para a modalidade no seu todo mas só uma equipa sairia a sorrir.
“A equipa está preparada. O jogo é especial, o palco é muito bonito, existe a possibilidade de deixarmos aqui uma marca com um impacto muito grande. O Famalicão é uma excelente equipa e numa final não há favoritos, são jogos diferentes dos que acontecem no Campeonato. Apareçam no Jamor! Venham apoiar-nos, venham ver o jogo, venham contribuir para que possamos bater o recorde de assistência. Todos queremos dar esse passo. É fundamental melhorar o futebol feminino como um todo, ter mais jornalistas, mais jogos na TV, mais adeptos nas bancadas”, comentara na antevisão Mariana Cabral, treinadora das leoas, que ganhou a competição como jogadora quando estava no 1.´de Dezembro: “Já disse às minhas jogadoras que se fui capaz de vencer a Taça como jogadora, elas serão certamente muito mais capazes…”.
“Estar nesta final é um sonho tornado realidade. Quando me perguntaram que objetivo tinha ao treinar o Famalicão, falei logo no sonho de chegar a esta final. O Sporting tem qualidade e um modelo de jogo parecido com o do Famalicão. Tentaremos sair com bola, de forma articulada, partindo do meio-campo e tentando anular as saídas de bola das nossas adversárias. Nos últimos anos o interesse nas nossas competições aumentou consideravelmente. Para nós, chegar à final desta prova rainha é um grande feito que vamos querer aproveitar”, salientara Jorge Barcellos, técnico brasileiro das famalicenses.
No final, o Sporting foi mais forte e ficou de forma justa com o troféu. A época começou bem com a vitória na Supertaça frente ao Benfica, teve depois um segundo lugar no Campeonato perante as encarnadas e acabou agora com a conquista da Taça de Portugal, a terceira em cinco anos, perante um número total de quase 14.000 espectadores que não conseguiu bater por pouco o recorde de assistência em Portugal.
O Famalicão conseguiu ter uma boa entrada com e sem bola, bloqueando da melhor forma a construção do Sporting e jogando mais subido até do que se poderia esperar à partida com a ex-leoa Ana Capeta a dar esse exemplo. No entanto, esse ligeiro ascendente não trouxe consigo oportunidades práticas, com o comando da partida a passar para as verde e brancas de forma natural com o passar dos minutos. Perigo, ou pelo menos a sensação de perigo, só mesmo de bola parada. E foi uma bola parada que originou outra bola parada e definiu aquele que seria o resultado ao intervalo: Fátima Pinto viu um cabeceamento cortado com o braço, o VAR assinalou penálti e Joana Marchão não perdoou, inaugurando o marcador (30′).
No segundo tempo, o Famalicão ainda esboçou uma reação à desvantagem de início mas uma bola ao poste de Diana Silva, num desvio de cabeça após cruzamento de Brenda Pérez (55′), voltou a colocar de novo as leoas no comando com mais ou menos posse. Um golo empatava tudo, um golo podia acabar praticamente a questão e foi mesmo isso que aconteceu, num remate de Chandra Davidson na área após segunda bola que desviou ainda numa defesa do Famalicão e entrou juntou ao poste (62′). Só mesmo no final o Famalicão podia ter reentrado na partida mas Basic defendeu uma grande penalidade de Tipa (82′) antes de Carolina Rocha, com uma boa entrada vinda de trás, a fazer o golo de honra das famalicenses (89′).