Um impressionante sarcófago, intocável por milhares de anos, emergiu das areias do Cairo sendo uma descoberta “de sonhos” para o mundo da arqueologia. A gigantesca descoberta de granito está coberta de inscrições dedicadas a Ptha-em-wia, que chefiava o importante tesouro do rei Ramsés II, o faraó mais poderoso do Egito, indica o The Guardian.
A professora da Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo, Ola El Aguizy, descobriu uma antiga necrópole a cerca de 32 quilómetros a sul do Cairo, chamada Sqqara. O jornal britânico adianta que a investigadora já tinha liderado uma missão arqueológica no local, onde descobriu a câmara funerária subterrânea com o sarcófago, o que pode revelar muitos segredos sobre os governadores do Egito antes de Tutankhamun.
No centro do pátio do túmulo, a equipa de investigadores de El Aguizy encontrou um poço vertical, que indicava que existia uma passagem para a câmara funerária. Demorou cerca de uma semana para remover toda a areia do poço com oito metros, em que foi utilizado um balde preso a um guincho de corda. A professora encaixou-se dentro do balde e desceu lentamente pelo poço até encontrar o raro sarcófago, detalhou a mesma fonte.
Ao The Observer, El Aguizy realçou a importância desta descoberta para a ciência arqueológica. “A descoberta deste sarcófago no local de origem, dentro do poço foi muito emocionante porque o sarcófago é o dono do túmulo.”
Os títulos de Ptah-em-wia cravados na escrita egípcia enfatizam a proximidade com o rei, pelo que a estudiosa verificou que “se tratava de alguém muito importante no governo daquela época“. Além disso o sarcófago está inscrito com emblemas de divindades, incluindo a Deusa do Céu na tampa, cobrindo o centro com umas asas abertas de forma a proteger o morto. A equipa irá estudar as evidências de forma a descobrir a história de vida do oficial egípcio, detalhou a professora.
Em Harvard, o professor de egiptologia, Peter Der Manuelian parabenizou El Aguizy e a equipa de investigadores por terem contribuído para mais um capítulo importante da história do Cairo. “Sqqara é um dos cemitérios mais importantes, tanto para membros da realeza ou pessoas comuns, ao longo dos milénios do legado egípcio. Fico sempre muito feliz de ver arqueólogos com este tipo de descobertas”, desenvolveu ao The Guardian.
As câmaras da National Geographic gravaram todo o processo das escavações para um documentário dividido em oito partes chamado “Tesouros perdidos do Egito”, com estreia para este dia.
O realizador do filme, Tom Cook, também prestou a sua homenagem à arqueóloga. “Ela é avó, está na casa dos 70 anos e continua a fazer este tipo de trabalhos perigosos”.