O Museu de Serralves passou a expor três quadros de Francisco Laranjo, da coleção da instituição, em homenagem ao artista que morreu na passada quarta-feira, no Porto, aos 67 anos.
Os três quadros, todos da série Sem Título (IV, V e XVI), encontram-se agora no átrio do museu, abrindo caminho às exposições abertas ao público.
“Artista representado na Coleção de Serralves, Francisco Laranjo foi uma das mais proeminentes personalidades das últimas décadas da arte portuguesa, e uma das mais cúmplices e atentas às atividades de Serralves“, escrevem os serviços do museu, no comunicado sobre a homenagem.
Francisco Laranjo está representado na coleção da Fundação de Serralves “com uma série de trabalhos muito representativos da sua prática, que denota um conhecimento invulgar dos desenvolvimentos artísticos – pictóricos, especialmente – dos últimos 50 anos“, prossegue o comunicado.
Assim, “reconhecendo a importância do seu trabalho – erudito, sensível e discreto (exatamente como o seu autor) – e a urgência da sua divulgação, Serralves preparou uma apresentação de algumas das suas obras integradas na sua Coleção”, através de uma série “muito representativa da sua prática“.
“A sua produção artística, que se dividia especialmente entre a pintura e o desenho, singulariza-se pela sobreposição de camadas translúcidas de tinta combinando misteriosas transições de claro-escuro com uma utilização livre da linha em obras singulares de pendor abstrato“, de que os três quadros agora expostos são exemplo.
Serralves recorda ainda o percurso de Francisco Laranjo (1955-2022) como professor catedrático na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP), sublinhando as funções que desempenhou como diretor e membro do Conselho Científico deste estabelecimento do ensino superior, e a sua contribuição “para a construção de pontes com a comunidade académica e artística do Porto, ajudando Serralves a cumprir uma das suas ambições fundamentais: conciliar uma vocação internacional com a permanente atenção ao contexto local.”
Francisco Laranjo morreu no Porto, na madrugada do passado dia 16, vítima de cancro, quando preparava uma nova exposição para a Galeria Fernando Santos, naquela cidade, a inaugurar em 2023.
Foi conferencista e professor convidado em universidades ou academias de cidades como Bilbau, Otava, Calgary, Sheffield, Manchester, Istambul, Alexandria, Sófia, Paris e São Paulo, de acordo com a sua biografia.
Desde 1979 expunha individual e coletivamente em Portugal e no estrangeiro, estando a sua obra representada em museus e coleções como as do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, em Amarante, do Centro Cultural de Macau, na China, e do Institute of Contemporary Arts, em Londres.
Nascido em 1955, em Lamego, no distrito de Viseu, concluiu o curso superior de Artes Plásticas da Escola Superior de Belas Artes do Porto, no final da década de 1970, e foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, no Egito e nos Países Baixos, e do Goethe-Institut, na Alemanha.
Em 2015 foi agraciado como Comendador da Ordem da Instrução Pública pela Presidência da República.
Entre as suas mais recentes exposições destacam-se “Infinitum” (2015), na Galeria da Cooperativa Árvore, no Porto, “Obra Gráfica” (2013), na Galeria do Conservatório Calouste Gulbenkian, em Aveiro, “Luz em Suspensão” (2015), no Nagasaki Museum of History and Culture, no Japão, e “Recent Works” (2013), na Gallery Feel, Changwon, na Coreia do Sul.