Bandua, Panda Bear e Sonic Boom são alguns dos nomes que passam em abril pelo gnration, em Braga, que programa há dez anos para um público “ávido de cultura”, disse à Lusa o diretor artístico, Luís Fernandes.

O gnration, espaço cultural criado em Braga em 2013, revelou esta quarta-feira a programação para assinalar dez anos de existência e que estará concentrada ao longo de abril, com a participação de nomes como a artista colombiana Lucrecia Dalt, dos norte-americanos Dave Douglas e Joey Baron ou do canadiano Tim Hecker.

A celebração dos dez anos do gnration terá um dia aberto, a 29 de abril, com concertos, instalações, atividades de serviço educativo e visitas orientadas.

Destaque para o projeto colaborativo entre Panda Bear e Sonic Boom, o concerto dos portugueses Bandua e ainda para atuações do trio Arsenal Mikebe e de De Schurmann, dois nomes da música do Uganda.

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A propósito dos dez anos de programação cultural do gnration, inaugurado a 01 de maio de 2013 num antigo quartel da GNR, Luís Fernandes considera que este espaço “se tem afirmado de uma forma progressiva, sem grandes megalomanias”.

“Sendo nós uma estrutura que lida com conteúdos na área da produção contemporânea, da música moderna, na arte e tecnologia, conseguimos ter uma adesão em termos de público, em termos e participação da comunidade local e regional”, disse.

Na direção artística desde 2014, Luís Fernandes, músico e programador, lembra que a programação do gnration foi traçada para “suprir lacunas da oferta cultural da cidade”, apostando na criação artística e na formação educativa para vários públicos.

“É um edifício que se dá muito, não tanto à mera circulação de trabalhos e espetáculos, mas à promoção de novas criações, de residências, de trabalho continuado que depois deixa aqui um lastro e ganha dimensão para outros locais. […] É um público vasto que posso considerar ávido de cultura”, sublinhou.

O gnration integrou em 2021 a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, o que representou “uma lufada de ar fresco”: “O que mudou foi esta possibilidade de haver um financiamento da Direção-Geral das Artes que reforça a nossa programação e dá-lhe alguma robustez a quatro anos”.

Questionado sobre o aumento generalizado do preço dos bilhetes dos espetáculos em Portugal, Luís Fernandes disse que o gnration, estando integrado numa empresa municipal, se rege pelos financiamentos públicos, tendo “uma política de preços acessíveis” e “uma missão totalmente diferente”.

“O que se tem verificado é uma massificação do consumo de espetáculos, festivais com estrelas pop, que são muito caros e que acabam por ser aglutinadores. Muitas pessoas canalizam o seu investimento de fruição cultural para esses eventos e isso acaba por menorizar o papel de um consumo mais dividido pelo ano, nos diversos teatros e centros artísticos que fazem um trabalho meritório”, opinou Luís Fernandes.

Para o programador, “é importante que haja dinheiro a girar neste meio da cultura e da arte”. “Mas pessoalmente preferia que esse investimento dos públicos fosse diluído ao longo do ano por tantas coisas boas que são apresentadas no nosso país. […] As pessoas preferem gastar 200 euros para ver a Madonna do que ver 20 espetáculos ao longo do ano. É uma situação muito complexa e que devia ser alvo de discussão e análise por parte dos responsáveis pela Cultura em Portugal”, disse.

Além da programação para celebrar os dez anos, o gnration revelou a programação geral até junho, contando, por exemplo, com um concerto dos portugueses Glockenwise (20 maio), da violoncelista guatemalteca Mabe Fratti (27 maio) ou a banda japonesa Boris (04 de junho).

No programa de exposições estarão os artistas portugueses Mariana Vilanova e Marcelo Reis ou o duo britânico Ruth Jarman e Joe Gerhardt.