O carismático maestro Gustavo Dudamel vai deixar a Filarmónica de Los Angeles, que liderava desde 2009, para a concorrente de Nova Iorque, na temporada de 2026. Segundo a rádio NPR, a mudança está a ser vista como um “golpe da costa leste”, embora já se especulasse sobre esta possibilidade desde que o holandês Jaap van Zweden anunciou, em 2021, a saída da Filarmónica de Nova Iorque.

Gustavo Dudamel, de 42 anos, vai assumir, na temporada de 2025-2026, o cargo de diretor musical da orquestra, com um contrato inicial de cinco anos. O maestro é também diretor musical da Ópera de Paris desde 2021 e da Orquestra Sinfónica Simón Bolívar, na Venezuela, desde 1999.

O que vejo é uma orquestra incrível em Nova Iorque e muito potencial para desenvolver algo importante”, disse Dudamel, citado pelo The New York Times. “É como abrir uma nova porta e construir uma nova casa.”

Dudamel será responsável pela mais antiga orquestra sinfónica dos EUA, em tempos liderada por nomes como Gustav Mahler, Arturo Toscanini e Leonard Bernstein, mas que nem por isso deixa de enfrentar uma série de desafios, como a diminuição das receitas, as mudanças no comportamento, e gosto, do público geral, ou a luta pela manutenção da relevância da música clássica. “Não há limites, especialmente numa orquestra com tamanha história“, afirmou ainda. “Vejo um potencial incrível infinito de construir algo único para o mundo.”

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Para a Filarmónica de Los Angeles, a saída de Dudamel, que tornou a orquestra da costa oeste numa das mais inovadoras e financeiramente bem sucedidas dos EUA, é uma perda significativa. Os termos do contrato não foram revelados. Dudamel, um dos artistas mais bem pagos da indústria, ganhou 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,6 milhões de euros), numa temporada recente em Los Angeles.

Nascido na Venezuela, Dudamel será o primeiro líder hispânico da orquestra, numa altura em que, segundo o The New York Times, a Filarmónica de Nova Iorque tenta ligar-se a novos públicos, especialmente da comunidade latina e afro-americana. Deborah Borda, presidente da Filarmónica de Nova Iorque e ex-presidente da Filarmónica de Los Angeles (para onde, aliás, levou Dudamel, então com 26 anos), apelida a contratação como “um match maravilhoso”.

A popularidade de Dudamel explica-se também pela presença na cultura pop. Por exemplo, apareceu num espetáculo da Super Bowl, em 2016, ao lado dos Coldplay, e deu a voz à personagem Trollzart, também ela maestro, no filme de animação “Trolls World Tour”. Em 2019 ganhou uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.