Tom Hanks admitiu boicotar quaisquer livros que sejam rescritos para não ofenderem “as sensibilidades modernas”. O ator, vencedor de dois Óscares, foi entrevistado pela BBC Radio 4 a propósito do lançamento do romance de estreia — “The Making of Another Major Motion Picture Masterpiece” — e foi nesse contexto que foi questionado sobre se apoiava as alterações em livros de autores como Roald Dahl ou Agatha Christie.

“Sou da opinião de que somos crescidos. E percebemos o tempo, o espaço e quando é que estas coisas foram escritas. E não é muito difícil dizer: isso não se aplica muito agora, não é?”, respondeu. “Vamos ter fé nas nossas próprias sensibilidades, ao invés de termos alguém a decidir se devemos ou não ficar ofendidos.”

“Gordo” passa a ser “enorme”, “feio” desaparece: livros de Roald Dahl em inglês alterados em favor de “linguagem mais inclusiva”

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O ator declarou que será sempre contra a leitura de uma obra alterada pelos padrões da sensibilidade: “Deixem-me decidir aquilo que me ofende. Serei contra ler qualquer livro, de qualquer altura, que diz ‘ao abrigo das sensibilidades modernas”‘.

As declarações surgem depois de ter sido anunciado que as edições inglesas de livros infantis de Roald Dahl, autor de “A Fábrica de Chocolate”, ou de PG Wodehouse (dois atores publicados pela mesma editora do ator, a Penguin Random House) seriam alterados. Também os romances de Ian Fleming ou de Agatha Christie foram rescritos no sentido de lhes ser retirada linguagem considerada ofensiva.

A título de exemplo, as mudanças incluem a substituição de palavras como “feio”, gordo”, “pequenos homens” ou “nativos” — sendo, nestes casos, substituídos por “enorme”, “pequenas pessoas” ou “locais”.

“Não fazemos imposições, damos sugestões”: editores e autores portugueses já recorrem a “leitores de sensibilidade”

As alterações sugeridas são feitas por leitores da sensibilidade, cujo trabalho consiste, precisamente, em avaliar publicações recentes e antigas, detetando linguagem ou descrições que possam ser consideradas ofensivas, com o objetivo de alterá-las no sentido de melhorar a diversidade na indústria editorial.