Dezenas de pessoas despediram-se esta terça-feira de José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), que faleceu no domingo vítima de doença prolongada. No velório, que decorreu na sede do COP, e onde esteve presente a família do dirigente, passaram atletas, dirigentes desportivos e personalidades de diversos quadrantes da sociedade portuguesa.

O espaço onde decorreu a cerimónia, no COP, esteve repleto de coroas de flores enviadas por inúmeras instituições desportivas, entre as quais aquelas em que José Manuel Constantino prestou serviço, como o Instituto de Desporto de Portugal e a Confederação do Desporto de Portugal, mas também de clubes, federações e algumas autarquias, como a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Oeiras.

No livro de condolências várias foram as mensagens que enaltecem o “espírito de missão” do dirigente, elogiando a sua dedicação ao desporto e à causa olímpica.

“É um mestre. E essa é a memória que nos vai deixar”

Presente na cerimónia, o secretário de Estado do Desporto destacou o “legado gigante” deixado pelo presidente do Comité Olímpico português, uma “pessoa muito acima da média” que contribuiu para o desenvolvimento desportivo do país.

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O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, sublinhou que José Manuel Constantino foi uma pessoa “com um pensamento muito estruturado sobre desporto e sobre desenvolvimento desportivo”, que foi “reconhecida pelos seus pares como muito acima da média” e que teve “uma intervenção muito forte em diversos níveis”, nomeadamente autárquico e associativo.

É um mestre. E essa é a memória que nos vai deixar. (…) E é uma perda irreparável, literalmente. É um dos grandes do nosso desporto. E, hoje, aquilo que podemos fazer é prestar-lhe a homenagem”, afirmou o governante, destacando a obra escrita deixada por José Manuel Constantino, que testemunha o seu pensamento estruturado.

Pedro Dias realçou ainda a inteligência de Constantino, uma pessoa “muito assertiva”, que trabalhou com governos de várias cores políticas ajudando o país a crescer e “a estar no rumo certo”.

O governante, que assistiu em Paris ao encerramento dos Jogos Olímpicos de 2024, abordou ainda a coincidência de ter sido conhecida a morte do presidente do COP durante esta cerimónia. “Eu estava no estádio a assistir à cerimónia do encerramento. Foi um momento muito difícil, mas eu penso que se lhe pedissem para escolher um momento, ele provavelmente escolheria esse momento”, considerou.

Carlos Lopes: “Foi uma perda como se fosse o meu pai. Era um homem extraordinário”

Por seu turno, Carlos Lopes assumiu ter sentido a morte de José Manuel Constantino como de um pai, recordando a relação de proximidade que tinha com o presidente do Comité Olímpico de Portugal. “Foi uma perda como se fosse o meu pai. Era um homem extraordinário, íntegro. Ainda há precisamente um ano, quando fiz 39 anos da medalha de ouro, estive a almoçar com ele e com toda a minha família”, contou Carlos Lopes, o primeiro campeão olímpico português.

O antigo atleta, de 77 anos, conquistou há 40 anos e um dia, em 12 de fevereiro de 1984, a medalha de ouro na maratona dos Jogos Olímpicos Los Angeles1984, tendo sido alvo de uma “singela homenagem” em Viseu, a sua terra natal.

Carlos Lopes disse que ficou “ferido” com a morte de Constantino, aos 74 anos, “ainda mais no dia em que acabam os Jogos [Paris2024], é uma coisa que nem lembra ao diabo”, assumindo-se como “um homem que não expressa emoções, apesar de as sentir”.

“Aquilo que ele fez pelo desporto! Ele conseguiu viver mais tempo com a vontade de ver os Jogos e as medalhas que Portugal ganhou”, defendeu Carlos Lopes, aludindo à coincidência de a morte do dirigente ter ocorrido no último dia de Paris2024.

O lançamento da biografia de Carlos Lopes estava marcado para segunda-feira, data do 40.º aniversário da vitória na maratona olímpica, mas acabou por não acontecer devido à morte de Constantino.

“Não podia, o livro existe por causa dele. Ele tinha de ver a obra que foi feita em sua homenagem, porque o livro está cá, porque ele me pediu muito e ele merecia estar presente”, vincou Carlos Lopes, prometendo o lançamento da obra para “daqui a uns tempos” em Lisboa e, mais tarde, também em Viseu.

O funeral do presidente do COP terá lugar na quarta-feira em Gondomar, pelas 15h00, na Igreja Matriz de São Cosme.