Momentos-chave
- Duarte Laja assegura que atuação foi "proporcional"
- Inspetor diz que avisou vigilante que Ihor "era para ficar algemado pelo tempo estritamente necessário"
- Duarte Laja: "Desarmei-me porque o cenário era de hipotético conflito"
- Inspetor diz que Ihor estava "bastante marcado" nos braços e o "olhar tremia"
- Bruno Sousa: "Chamou-me a atenção o estado arroxeado em que estava nas mãos"
- Inspetor diz que bastão era "ferramenta útil" no aeroporto. "Nunca ninguém nos referiu que não podíamos usar"
- Inspetor nega ter dito que alegadas agressões eram "para ninguém ver"
- Luís Silva nega agressões: "Não houve uma situação de confronto"
- Luís Silva: "Temos muitas intervenções que podem descambar neste tipo de procedimentos"
- Luís Silva: "Dei indicação [ao segurança] para tirar as algemas quando acalmasse"
- Luís Silva diz que deixaram ucraniano "em posição lateral de segurança"
- Luís Silva: "[Ihor] Começou logo a gritar, extremamente agressivo, a tentar pontapear"
- Inspetor diz que foi chamado para intervenção que presumiu "que ia ser violenta"
- Inspetor Luís Silva diz que lhe informaram que Ihor estava a ter um "comportamento violento e autodestrutivo"
- Todos os inspetores dizem ao tribunal que querem falar
- Serrano Vieira diz que "inspetor não praticou os factos" e "investigação foi deficiente"
- Sá Fernandes diz que conclusão da morte foi "arranjada" e "servida à opinião pública"
- Advogada de Luís Silva: "Chegou o tempo da justiça"
- Juízes entram na sala de audiências
- Sala de audiências já abriu. Julgamento decorre na maior sala do Campus
- Inspetor Duarte Laja também já chegou
- Advogado da viúva espera "que se faça justiça"
- Um dos inspetores já chegou ao tribunal. Advogada confirma que "vão todos" falar
Histórico de atualizações
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Este liveblog fica por aqui. O julgamento prossegue amanhã com a audição das primeiras testemunhas: inspetores do SEF que estavam a trabalhar no aeroporto de Lisboa no dia do alegado crime. O Observador vai continuar a acompanhar os desenvolvimentos sobre este caso.
Obrigada por nos ter seguido!
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Disseram-lhes que era dos "piores" passageiros de sempre. A versão dos inspetores do SEF julgados pelo homicídio de Ihor Homeniuk
Quase um ano depois da morte de Ihor no aeroporto, os três inspetores quebraram o silêncio: dizem que já encontraram o ucraniano amarrado e com marcas de agressões. E algemaram-no para sua segurança.
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Já terminou a primeira sessão do julgamento do caso do homicídio de Ihor Homeniuk, no aeroporto de Lisboa, em março do ano passado.
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O juiz-presidente do coletivo informa os arguidos que, se não quiserem continuar a assistir às sessões de julgamento, podem fazê-lo dado o contexto de pandemia. Não precisam de justificar, mas apenas informar.
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Duarte Laja já terminou de prestar declarações.
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Duarte Laja diz que nunca reparou de outro cidadão preso com fitas adesivas
Em resposta às perguntas do seu advogado, Duarte Laja diz que “nunca tinha reparado” em nenhum outro cidadão no CIT a quem tivessem posto fitas adesivas.
O inspetor admite que naquele dia havia um número anormal de vigilantes. “Tanto quanto sei são quatro por turno. Naquele dia estavam lá mais do que quatro”, diz.
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Duarte Laja: "Achei que as marcas podiam ter sido feitas com o ato de alguém o ter manietado com as fitas adesivas"
A Procuradora da República questionou o inspetor sobre se questionou alguém acerca das marcas que Ihor já tinha, Duarte Laja disse: “Não perguntei porque achei que as marcas podiam ter sido feitas com o ato de alguém o ter manietado com as fitas adesivas”.
Duarte Laja disse ainda que soube que Ihor tinha morrido entre o mesmo dia à noite e o dia seguinte. E que recebeu informação do diretor de fronteiras para completar o relatório de ocorrência — o que fez. O inspetor garante que referiu, nesse relatório, que o cidadão ucraniano já tinha algumas marcas no corpo.
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"Hoje já não preciso de ir ao ginásio". Duarte Laja nega ter dito esta frase
Questionado pelo juiz sobre se disse que naquele dia “já não precisava de ir ao ginásio”, Duarte Laja negou. O inspetor Luís Silva, sentado no banco dos arguidos, lançou um discreto riso.
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Duarte Laja assegura que atuação foi "proporcional"
Duarte Laja diz que no final do turno foi-me dito que o “passageiro já está bem, já está mais calma e inclusivamente já comeu”. “Nunca me passou pela cabeça que a nossa atuação, sendo proporcional, que houvesse alguma razão anómala para as coisas não se processarem como processaram. Presumi eu que já tinha sido desalgemado“, afirma.
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Inspetor diz que avisou vigilante que Ihor "era para ficar algemado pelo tempo estritamente necessário"
Duarte Laja garantiu que deixaram o passageiro “numa posição segura a confortável”. “Recordo-me que o inspetor Luís Silva dirigiu-se a um vigilante e entregou-lhe as chaves para se proceder à desalgemagem”, disse. “Eu ainda acrescentei que era para ficar algemado pelo tempo estritamente necessário”.
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Duarte Laja diz que foi "alvo de algumas investidas e pontapés" por parte de Ihor
Duarte Laja explica que se tentou depois substituir as algemas metálicas pelas algemas médicas, mas não foi possível porque o passageiro “continua com o comportamento agressivo”, pelo que se voltou a colocar as algemas metálicas. “Não me apercebi do tempo que passei na sala, mas recordo-me de ter entrado o inspetor Agostinho. Deve ter ido ver de que forma o procedimento estava a ser feito”.
Duarte Laja estava a segurar-lhe os pés e tentou remover as fitas adesivas. “Não consegui tirar a totalidade e durante esse processo como sentiu alguma mobilidade nas pernas pontapeou, esperneou e fui alvo de algumas investidas e pontapés. A única forma que consegui controlá-lo foi imobilizar as pernas colocando as mãos em cima dos joelhos”, disse, acrescentando que colocou as fitas cirúrgicas nos pés e depois colocaram Ihor no colchão.
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Inspetor diz que Ihor tinha "algumas marcas no rosto"
Duarte Laja disse que perguntou aos vigilantes se Ihor falava alguma língua e foi-lhe dito que falava “alguma coisa inglês”. “Tentei comunicar com ele, mas ele falava na língua materna e gritava. Tentei usar linguagem gestual para mostrar que estávamos ali para ajudar“.
Depois, “os colegas tiraram as fitas dos braços e algemaram-no”. “Ele apresentava algumas marcas no rosto. Tinha marcas que eram visíveis na zona dos braços”, diz
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Duarte Laja. Ihor estava "agitado" e "sentado no chão", com "algum tipo de descontrolo"
Quando entrou, a “sala estava vazia, não tinha mobiliário. “Achei estranho não haver mobiliário. Inicialmente não vi o passageiro: não estava no centro da sala, estava numa zona intermédia entre o centro da sala e a casa de banho”. Estava “agitado” e “sentado no chão”, com “algum tipo de descontrolo”.
“Estava atado com fitas adesivas na zona dos pulsos e pernas. A fita que estava nas pernas já não estava a ser eficaz porque permitia liberdade de movimentos”, disse, acrescentando que, por isso, tentou “imobilizá-lo” e “segurar os pés para ficar sentado no chão”.
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Duarte Laja: "Desarmei-me porque o cenário era de hipotético conflito"
O inspetor explica que estava colocado na zona das chegadas e por volta das 8h00 “aproxima-se o inspetor-chefe João Diogo e coordena que tenho de ir ao CIT resolver uma situação de urgência com uma passageiro que estava a gerar problemas em virtude de estar a ser muito violento. “Chegados ao CIT, fui abordado por um dos vigilantes que lá estava que me pôs ocorrente da seguinte situação: um passageiro violento, agressivo, que tinha arranjado problemas, tinha havido destruição de propriedade, tinha tentado morder e que os vigilantes tinha sido agredido com um sofá. Contou mais ou menos uma história de terror“, disse.
“Eu desarmei-me porque o cenário era de hipotético conflito para baixa intensidade desse conflito caso acontecesse”, continua
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Retoma o julgamento. Começa a ser ouvido o inspetor Duarte Laja.
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Bruno Sousa já terminou de falar. O julgamento foi interrompido durante cinco minutos.
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"Houve um sobressalto" de Ihor quando os três inspetores entraram
Bruno Sousa admite que, quando os três inspetores entraram na sala, “houve um sobressalto” por parte de Ihor Homeniuk. “Houve uma reação à nossa entrada”, disse.
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Bruno Sousa: "Senti que tinha uma necessidade de se fazer compreender"
À Procuradora, Bruno Sousa diz que sentiu que Ihor Homeniuk “tinha uma necessidade de se fazer compreender”. “Tentei falar com ele. Havia a barreira linguística, tentei usar alguns gestos para mostrar que estávamos ali para ajudar. A ideia era algemar para segurança da própria pessoa”, afirma.
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Inspetor diz que Ihor estava "bastante marcado" nos braços e o "olhar tremia"
O juiz pergunta se Bruno Sousa viu marcas de eventuais agressões. “A nível de braços estava bastante marcado”, disse. “O que me chamou a atenção foi que o movimento do olhar tremia bastante. Não fixava o olhar”, afirmou, acrescentado que não estava à espera de “o encontrar nessa situação”.
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Bruno Sousa: "Não havia necessidade de bater no homem porque ele já estava numa posição de fragilidade"
Questionado sobre se agrediu Ihor Homeniuk, disse: “Não havia necessidade de bater no homem porque ele já estava numa posição de fragilidade. Somos agentes de autoridade. Nunca iríamos provocar uma violência sem necessidade”.