O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o novo homólogo britânico, David Lammy, encontraram-se esta quarta-feira à margem da Cimeira da NATO em Washington, na qual abordaram as guerras da Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, os dois políticos “sublinharam que os aliados da NATO estão mais capazes e unidos do que nunca” e discutiram os respetivos compromissos com os investimentos em defesa.

Os governantes dos Estados Unidos e do Reino Unido manifestaram ainda a importância de a Ucrânia receber a assistência necessária na guerra com a Rússia e “a necessidade de se alcançar um cessar-fogo em Gaza”, que garanta a libertação dos reféns em posse do grupo palestiniano Hamas e conduza a uma paz duradoura.

Esta é a primeira reunião entre os dois chefes da diplomacia após a nomeação de Lammy para a pasta dos Negócios Estrangeiros no novo Governo do Reino Unido, liderado por Keir Starmer, do Partido Trabalhista.

O Exército israelita concluiu hoje a operação militar no bairro de Shujaiya, na cidade de Gaza, para onde regressou pela segunda vez há duas semanas devido ao reagrupamento das forças do Hamas.

“As forças da brigada de paraquedistas, da 7ª brigada e da unidade de engenharia de elite Yahalom completaram a sua missão, que durou cerca de duas semanas em Shujaiya, sob o comando da 98ª divisão”, informou o Exército israelita, num comunicado.

Neste último dia, as forças destruíram duas rotas subterrâneas, e em toda a operação conseguiram desmantelar até oito túneis usados pelas milícias palestinianas em Gaza para uso militar, tendo matado cerca de 150 combatentes inimigos, acrescentou o Exército.

Nos túneis, as forças encontraram armas, computadores portáteis e equipamentos de comunicação, bem como equipamentos e infraestruturas para uma longa permanência no local, incluindo fornecimento de gás e eletricidade.

O Ministério da Administração Interna de Gaza pediu aos moradores da Cidade de Gaza que não sigam as ordens de evacuação vindas de Israel. Segundo o Al Jazeera, os responsáveis consideram que esses pedidos de fuga fazem parte da guerra psicológica do exército israelita contra os palestinianos.

Os moradores receberam indicações para se dirigirem a uma “zona humanitária”, localizada em al-Mawasi, no Sul de Gaza, mas o ministério alertou que os corredores seguros são “corredores de morte” e que quem ali passar poderá ser morto.

A organização Médicos Sem Fronteiras disse estar preocupada com o número crescente de amputações na Faixa de Gaza e alertou para a escassez “crítica” de material médico.

“A maioria das amputação estão a ser feitas para salvar vidas”, contudo “não temos cadeiras de rodas suficientes no nosso próprio hospital… muito menos próteses”, afirmou Amber Alayyan, representante dos Médicos Sem Fronteiras que falou com a Al Jazeera.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse a Brett McGurk, enviado dos EUA para o Médio Oriente, que está “empenhado [em garantir] um acordo” para Gaza “desde que as linhas vermelhas de Israel sejam mantidas”.

A informação foi avançada pelo gabinete de Netanyahu, segundo o The Times of Israel. O jornal israelita recorda que o primeiro-ministro israelita divulgou no domingo uma lista de “não negociáveis” nas conversações com o Hamas sobre cessar-fogo e os reféns.

• Um acordo deve impedir o contrabando de armas do Egito para Gaza;
• Israel poderá “voltar a lutar até que todos os objetivos da guerra sejam alcançados”. Ou seja, o cessar-fogo será apenas temporário.
• O “regresso de milhares de terroristas armados ao Norte da Faixa de Gaza” não poderá ser permitido.

Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, disse que caso seja alcançado um acordo para cessar-fogo em Gaza entre Israel e o Hamas, o seu grupo também respeitará esse documento.

Desta forma, segundo o The Times of Israel, o Hezbollah garante que, caso o cessar-fogo seja alcançado, cessa os seus ataques em Israel “sem [ser necessária] qualquer discussão ou negociação”.

Testemunhas do ataque que atingiu na terça-feira uma escola na cidade de Khan Younis, na Faixa de Gaza, denunciaram que tudo aconteceu quando estava a decorrer um jogo de futebol no local.

“As escolas estavam superlotadas e as ruas também estavam cheias de pessoas. Subitamente um míssil atingiu o local e destruiu todo”, disse à Reuters Asmaa Qudeih, que perdeu vários familiares no ataque.

“Estava tudo normal. As pessoas estavam a jogar, outros estavam a vender [comida e bebidas]. Não se ouvi o som de aviões nem nada”, disse outra testemunha, Ghazzal Nasser, à agência de notícias norte-americana.

Na terça-feira oficias palestinianos disseram que pelo menos 29 pessoas morreram no ataque. Israel disse que estava a rever as denúncias de vítimas civis e que o incidente aconteceu quando atingiu com “munições de alta precisão” um combatente do Hamas envolvido nos ataques de 7 de outubro.

Depois de hoje ter adiantado que pelo menos 24 batalhões do Hamas foram eliminados, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, reiterou estar focado no “objetivo da guerra” de perseguir o grupo, dentro ou fora da Faixa de Gaza.

“Presumo que apanharemos todos os militantes do Hamas, do primeiro ao último. Daqueles que se encontram nos túneis aos que vestem fatos e viajam pelo mundo inteiro nos seus jatos luxuosos, até aos cúmplices com os homicídios de dia 7 de outubro”, disse.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, divulgou um novo balanço do número de vítimas do conflito: 38,295 mortos e 88.241 feridos desde os ataques de 7 de outubro.

Só nas últimas 24 horas morreram, segundo o ministério, 52 pessoas morreram e 208 ficaram feridas.

O comissário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa) denunciou que quatro escolas na Faixa de Gaza foram atingidas nos últimos quatro dias.

“Desde que a guerra começou, dois terços das escolas da UNRWA em Gaza foram atingidas, algumas bombardeadas, muitas severamente danificadas”, escreveu Philippe Lazzarini na rede social X (antigo Twitter).

#Gaza
4 schools hit in the last 4 days.
Since the war began, two thirds of @UNRWA schools in Gaza have been hit, some were bombed out, many severely damaged.

Schools have gone from safe places of #education & hope for children to overcrowded shelters and often ending up a…

— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) July 10, 2024

“O desrespeito flagrante pelo direito internacional humanitário não pode tornar-se o novo normal”, sublinhou, apelando a um cessar-fogo imediato em Gaza.

O ataque mais recente aconteceu na terça-feira e, segundo um primeiro balanço do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, provocou 29 mortos e dezenas de feridos. Uma testemunha do ataque, citada pela BBC, descreveu o número de vítimas como “inimaginável”.

Numa intervenção no parlamento israelita o ministro da Defesa Yoav Gallant disse hoje que 60% dos combatentes do Hamas foram mortos ou feridos desde os ataques de 7 de outubro.

Gallant disse ainda que 3.000 judeus ultra-ortodoxos serão mobilizados no exército até ao próximo ano num processo gradual. “O nosso objetivo é convocar todos os que podem ser recrutados de acordo com a lei. É assim que trabalhamos”, sublinhou, citado pela Al Jazeera.

As declarações surgem depois do Supremo Tribunal israelita ter determinado, em junho, que os judeus ultra-ortodoxos passem a ser recrutados para serviço militar obrigatório.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, que está em Washington para participar na cimeira da NATO, insistiu na necessidade de impor novas sanções ao Irão, durante reuniões com homólogos dos Estados Unidos, Alemanha e Canadá.

O nosso inimigo também é o vosso. Os mísseis e ‘drones’ iranianos que nos ameaçam são entregues à Rússia e também vos ameaçam”, afirmou Israel Katz, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.

Segundo o gabinete de Katz, o principal objetivo de Israel na cimeira, centrada principalmente no apoio à Ucrânia, é pedir sanções que sejam “paralisantes” para o Irão e ainda que a Guarda Revolucionária iraniana seja declarada como uma organização terrorista.

Após o ataque do Irão com centenas de drones e mísseis contra Israel em abril, países como os Estados e o Canadá, assim como a União Europeia (UE), anunciaram novas sanções contra o Governo iraniano.

As autoridades israelitas, no entanto, consideram essas medidas insuficientes, lembrando frequentemente que a instabilidade na região faz parte de uma conspiração iraniana para destruir o Estado de Israel.

Pelo menos seis pessoas morreram hoje na Faixa de Gaza, onde o Exército israelita mantém “operações antiterroristas”, como na sede da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) na cidade de Gaza.

No Hospital dos Mártires de AlAqsa, em Deir el-Balah, centro do enclave, uma fonte médica citada pela Agência France Presse afirmou que “quatro mártires [vítimas mortais] e um ferido grave” tinham chegado às instalações após um ataque contra uma casa perto de Nousseirat.

Mais a sul, dois mortos e seis feridos foram transportados para o hospital Nasser em Khan Yunis, de acordo com uma fonte médica.

Hoje, o Exército israelita declarou que prosseguem as operações na Faixa de Gaza, nomeadamente na cidade de Gaza, em Shujaia e em Rafah, no sul do enclave.

Numa altura em que o Tribunal Penal Internacional está a avaliar o pedido para avançar com um mandado de detenção do primeiro-ministro israelita, este terá decidido evitar marcar uma paragem na Europa na viajem que está a ser preparada aos Estados Unidos. A informação é avançada pela Israeli Broadcasting Authority, que é citada pela Al Jazeera.

Benjamin Netanyahu vai marcar presença numa sessão do congresso norte-americano a 24 de julho. O líder israelita ainda terá ponderado fazer uma paragem num país “amigável”, eventualmente na Hungria ou na República Checa.

Em vez disso, Netanyahu terá decidido eliminar a paragem e viajar diretamente para os EUA com uma delegação limitada. A decisão foi afetada pelo pedido do procurador-geral do TPI, Kharim Khan, para a emissão de um mandado de captura.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram que atingiram infraestruturas de duas unidades de defesa área do Hezbollah.

Um dos ataques aconteceu nas “profundezas” do Líbano, referem as IDF numa publicação partilhada na rede social X (antigo Twitter).

במהלך הלילה, מטוסי קרב של חיל האוויר תקפו שתי תשתיות טרור של מערך ההגנה האווירית של ארגון הטרור חיזבאללה במרחבים ג'נתא שבעומק לבנון וברעשית שבדרום לבנון.

כמו כן, מטוסי קרב תקפו מחסן אמצעי לחימה של הארגון במרחב הכפר כילא שבדרום לבנון pic.twitter.com/6Y2mxJGUGl

— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) July 10, 2024

A delegação liderada pelo líder dos serviços secretos israelitas, David Barnea, partiu esta quarta-feira para participar em negociações no Qatar com vista a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

A notícia é avançada pelo jornal Haaretz, que refere que as negociações vão prolongar-se durante quatro dias. Durante esse tempo a delegação encabeçada por Barnea vai reunir-se com o diretor da CIA, William Burns, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed Al Thani, e o líder dos serviços secretos egípcios, Abbas Kamel.

As Forças de Defesa de Israel anunciaram que estão a investigar as denúncias de que um ataque aéreo que, segundo médicos palestinianos e o Hamas, provocou 29 mortos e dezenas de feridos na terça-feira ao atingir uma escola em Khan Younis, uma cidade no sul da Faixa de Gaza.

As IDF alegam num comunicado citado pelo jornal Haaretz que atacaram um “terrorista do braço militar da organização terrorista Hamas que, entre outras coisas, esteve envolvido nos massacres do Hamas a 7 de outubro”.

Ataque israelita a escola em Gaza faz pelo menos 29 mortos

O mesmo comunicado, que refere que o ataque envolveu um avião de combate com “munições de precisão”, refere que esta ciente dos relatos de vítimas no exterior da escola em Abassan.

As notícias divulgadas na terça-feira dão conta de pelo menos 29 vítimas na escola al-Awda, que servia de abrigo a famílias. A maior parte dos mortos e feridos seriam mulheres e crianças.

As IDF admitem no mesmo comunicado que têm como alvo elementos do Hamas que estarão a operar na sede da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa) na cidade de Gaza.