O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, realçou hoje a importância dada a Portugal pela administração brasileira de Lula da Silva na cerimónia de posse do Presidente do Brasil.

“Hoje, no Congresso dos deputados, o primeiro país a ser colocado: Portugal. A cumprimentar o Presidente empossado: Portugal”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, num hotel de Brasília, após a cerimónia.

Interrogado sobre a que se deve, no seu entender, esse destaque dado a Portugal, o chefe de Estado respondeu: “Eu acho que se deve a duas razões, uma formal, outra substancial. Formal: Portugal foi o primeiro país a felicitar Lula da Silva aquando da vitória”.

“Substancial: eu penso que há compreensão da importância de Portugal em vários dos domínios de que falou. Por exemplo, na União Europeia, é uma prioridade obviamente o tentar avançar com o dossiê União Europeia/Mercosul. Portugal é importante nisso”, acrescentou.

O filho de Jair Bolsonaro e deputado, Eduardo Bolsonaro, respondeu a um Twitter do líder do Chega, André Ventura, que denunciava a ida de José Sócrates à tomada de posse de Lula da Silva.

André Ventura comentou, na sua conta pessoal do Twitter, que “bandido adora bandido” numa fotografia de Lula e Sócrates e obteve uma resposta de Eduardo Bolsonaro.

“A quadrilha se reunindo toda de novo”, acusou Eduardo Bolsonaro, que disse que este encontro não é pensado no “bem dos povos”, mas antes para os dois “acertarem”, “agora sem erro”, como “acobertar” as suas “falcatruas”.

No tweet, Eduardo Bolsonaro publicou uma notícia que menciona que José Sócrates esteve, à semelhança de Lula da Silva, preso.

A quadrilha se reunindo toda de novo. Certamente não é pensando no bem de seus povos, mas para acertarem – agora sem erro – como acobertar suas falcatruas. https://t.co/3q9Zq0iG3L pic.twitter.com/C69NlmxIUw

— Eduardo Bolsonaro???????? (@BolsonaroSP) January 1, 2023

Após os cumprimentos formais da delegação portuguesa a Lula da Silva, a CNN Brasil falou com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio do Planalto, questionando-o sobre se já tinha sido conversado ao certo o que vai mudar nas relações entre os dois países.

O Presidente português revelou que amanhã terá lugar em Brasília um encontro com o homólogo brasileiro, onde esse assunto será tratado.

Após se deslocar para dento do Planalto, Lula da Silva cumprimentou os chefes de Estado presentes na cerimónia.

Os primeiros a serem cumprimentados foram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Lula acabou o discurso no Planalto e recebe agora convidados.

Lula da Silva elevou o tom contra Jair Bolsonaro, acusando-o de levar a cabo um “verdadeiro genocídio”. “O que povo sofreu nestes últimos anos foi a lenta progressão de um verdadeiro genocídio.”

Falando sobe a pandemia de Covid-19 e dos feminicídios, o novo chefe de Estado lembrou que a obra do que foi feito durante 13 anos (pelo seu governo e pelo o de Dilma) foi completamente destruído.

“Infelizmente, muito do que construímos em 13 anos foi destruído em menos da metade desse tempo. Primeiro, pelo golpe de 2016 contra a presidenta Dilma”, disse Lula, que apontou o dedo a Bolsonaro, que chefiou um “governo de destruição nacional cujo legado a História jamais perdoará”.

Lula da Silva, já com a faixa ao peito, começou por saudar a multidão presente e lembrou os dias em que esteve preso.

No parlatório do Planalto, Lula assinalou que, em sentido inverso, este é um “dos melhores dias da sua vida”.

Sinalizando a violência política de que foi alvo (e também o que foi exercido contra os seus apoiantes), Lula criticou a “minoria violenta e antidemocrática que tentou roubar o verde e o amarelo da bandeira do Brasil”.

Ainda assim, Lula garantiu que vai governar para 215 milhões de brasileiros, mesmo para aqueles que “não votaram” nele.

Lula recebeu a faixa de Presidente “das mãos do povo brasileiro”, em vez de Jair Bolsonaro, o antecessor que viajou para os EUA e não esteve presente.

Lula da Silva já está no Planalto e sobe a rampa com a sua cadela, Resistência, a mulher, Janja, e um gupo de cidadãos que “simbolizam a riqueza, a diversidade do povo do Brasil”.

A sessão solene no Congresso terminou. Lula da Silva volta ao descapotável e dirige-se agora ao Planalto, onde vai receber a faixa — não se sabe por quem, já que Bolsonaro está fora do país.

Lula da Silva já saiu do Congresso Nacional e agora haverá uma cerimónia de honras militares.

No final da sessão solene da tomada de posse, o presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco, agradeceu especialmente a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, que representa a “pátria-mãe, Portugal”: “Muito nos honra”.

No final do discurso, Lula da Silva avisa que as democracias do mundo estão a ser ameaçadas por movimentos “extremistas e autoritários”, que disseminam “ódio e mentiras”. “É um desafio das civilizações.”

Lula enfatiza ainda que é importante superar “guerras, desigualdades e fome” em todo o mundo.

O novo chefe de Estado quer ter a “confiança” para “corresponder às esperanças do povo sofrido”. Agora, “é momento de reconstruir”.

Lula da Silva assinala que, nestas eleições, o mundo esteve com os “olhos voltados para o Brasil”.

Desejando acabar com o “isolamento” do Brasil dos últimos anos, Lula da Silva referiu que vai voltar a trabalhar com a Mercosul e com países como os EUA, a China e entidades com a União Europeia.

Contudo, Lula não fez qualquer menção à Rússia, apesar de querer “reforçar os BRICS“, de que Moscovo faz parte.

Lula da Silva critica o governo de Bolsonaro, destacando que o antigo líder levou a cabo uma política de “destruição da harmonia”.

Prometendo que “fortalecer o povo”, disse que a política de destruição “acaba hoje”, assim como a “barbárie” que tentou “impor a lei do mais forte acima das leis das civilizações”.