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  • Reuniões "secretas", pressões e dúvidas sobre uma demissão anunciada. A audição da CEO da TAP em 10 pontos chave

    Foram quase sete horas de audição, com muitas novidades e revelações. Entre reuniões “secretas” às pressões políticas, a CEO da TAP poderá ter mudado o rumo da comissão de inquérito.

    Reuniões “secretas”, pressões e dúvidas sobre uma demissão anunciada. A audição da CEO da TAP em 10 pontos chave

  • Ao longo de quase sete horas de audição, Christine Ourmières-Widener respondeu sobre os detalhe da negociação com Alexandra Reis, a interação com a tutela e a pressão política para se demitir que recusou porque não fez nada de errado. E que nunca foi informada que seria afastada com justa causa. Quando soube pela televisão ficou devastada. Ficam aqui os principais destaques.

    • O CFO da TAP sabia mais do que revelou sobre processo de saída, mas Christine não pode afirmar que Gonçalo Pires conhecia o valor dos 500 mil euros pagos a Alexandra Reis, e que o gestor disse desconhecer. Christine elogiou o papel de Gonçalo Pires na TAP, mas diz que ele se devia ter preparado melhor para responder.
    • Christine afirmou que nunca ninguém discutiu com ela as obrigações do estatuto de gestor público (que se aplica na TAP) e indica que a ausência de contratos de gestão obrigatório por lei foi assinalada ao governo em 2021, sem efeito.
    • O Chega diz que foi Alexandra Reis quem recusou contratar uma empresa com ligações ao marido de Christine Ourmières-Widener que fez uma apresentação de um software à TAP. E que isso teria sido a razão para a divergência que levou a afastar a gestora. A CEO diz que é um não assunto, porque não foi feito negócio.
    • Bernardo Blanco da IL atira a primeira surpresa da audição. A agenda da CEO para 17 de janeiro indica que houve uma reunião com o grupo parlamentar do PS para preparar a audição que seria feita no dia seguinte sobre o caso Alexandra Reis, e que os socialistas tinham chumbado. Na mesma audição, a gestora aponta na direção de Carlos Pereira para confirmar que esteve nessa reunião, o que suscitou protestos do PSD sobre o facto de o deputado ser o coordenador do PS que questionou a presidente executiva nesta audição. Na mesma reunião estiveram vários membros de gabinetes ministeriais, mas Christine diz que foi mais um briefing de uma reunião para concertar estratégias.
    • O segundo tema a causar estranheza, ainda que paralelo ao tema do inquérito à TAP, foi o pedido de Hugo Mendes para alterar um voo de Moçambique para acomodar uma viagem oficial de Marcelo Rebelo de Sousa. Um pedido que não é raro para um presidente da TAP, mas com um argumento singular: Não podemos correr o risco de perder o apoio político do PR que tem sido apoiante em relação à TAP; mas se o seu humor muda, tudo está perdido.
    • Christine Ourmières dá a primeira grande novidade desta audição. Reuniu com Fernando Medina na véspera da conferência de imprensa em que foi demitida em direto pela televisão. O ministro das Finanças explicou-lhe que a pressão política sobre o caso não dava alternativa ao Governo e pediu-lhe que se demitisse. A gestora pediu um intervalo na resposta que dava ao deputado do PSD, Paulo Moniz, porque ainda era um tema doloroso. Disse depois que recusou demitir-se porque não fez nada de errado.
    • Apesar da demissão, que não aceitou e considera ilegal (e ainda sem relevar se vai processar o Estado), a presidente executiva entende que tem direito ao bónus previsto no contrato que assinou ainda antes de entrar na TAP por ter cumprido as metas de resultados em 2022.
    • Christine indica que não sabe quando vai sair de funções e reconhece que a atual situação não é boa para a TAP. O “drama nunca é bom para uma empresa” porque cria uma instabilidade na organização. “Ainda estou, mas na verdade não estou.”
    • Os deputados Bruno Dias do PCP e Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda dão mais detalhes sobre a informação entregue pela TAP relativa ao pagamento de prémios a administradores durante a gestão privada e ainda a contratação de Fernando Pinto como consultor por dois anos por 1,6 milhões de euros.
    • A privatização da TAP afinal não começou ainda e será difícil fechá-la até ao final do ano (como quer António Costa) porque é preciso negociar com a Comissão Europeia. A consultora Evercore está a trabalhar na recolha de informação para o Governo definir a estratégia da operação, mas não a sondar potenciais interessados. Consultora está a trabalhar há nove meses sem contrato e sem receber. Deputados dizem que haveria uma proposta mais barata da JP Morgan, mas a CEO diz que não se pode comparar porque o contrato não está fechado.
    • Para as últimas respostas ficou a revelação de uma reunião no dia da conferência de imprensa em que foi despedida em direto. Desta vez com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e a pedido da própria gestora. Nesta reunião de 10 a 15 minutos, Christine Ourmières-Widener foi afinal informada de que ia ser demitida da TAP (ao contrário da primeira resposta que tinha dado a Mariana Mortágua), mas não lhe comunicaram que seria por justa causa (ou seja, sem direito a indemnização).

      JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • Fica por aqui a audição à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, após quase sete horas de várias revelações. Esta quarta-feira será a vez de Alexandra Reis, a administradora que recebeu uma indemnização de 500 mil euros, ser ouvida pelos deputados da comissão de inquérito. Obrigada por nos ter acompanhado. Até amanhã.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • CEO ainda não sabe valor de possível indemnização e deseja "o melhor" à TAP. "E que a privatização possa ser feita sem ruído"

    Na última ronda de questões de uma audição que durou perto de sete horas, Christine Oumières-Widener voltou a reforçar que considera não ter feito nada de errado e que tira responsabilidades “dia e noite” pelas decisões que toma.

    “Não apoio nenhum comentário que diga que não me preocupei com o estatuto gestor publico. Eu estava ciente de algumas dimensões deste estatuto mas não de tudo”.

    Sobre a indemnização a que poderá ter direito caso seja provada que a demissão por justa causa foi “ilegal”, como diz, a CEO diz que ainda não fez cálculos sobre os valores, mas referiu que os “3 ou 4 milhões” referidos pelo deputado do PSD Hugo Carneiro “estão um pouco inflacionados”.

    E terminou em tom conciliatório. “Desejo o melhor à TAP e aos seus funcionários e espero que a privatização possa ser feita sem muito ruído”.

  • TAP privatizada até ao fim do ano? "Tenho dúvidas", diz CEO

    Questionada sobre se acredita que o processo de privatização da TAP estará concluído até ao fim do ano, como já foi manifestado pelo primeiro-minsitro, a CEO mostrou-se cética.

    “Tenho dúvidas. Pode começar a ser, mas um processo como este precisa da aprovação da Comissão Europeia, o que o torna longo. Pode ser expedito mas é um processo pesado, implica muita análise”.

  • CEO da TAP teve reunião com Galamba no dia em foi demitida. "Sabia que ia ser despedida mas não sabia que seria por justa causa"

    A última ronda de questões ficou marcada pela revelação de uma nova reunião “surpresa”. Questionada por Carlos Pereira, do PS, sobre se teve algum encontro com João Galamba antes da conferência de imprensa na qual foi demitida, a CEO da TAP disse que sim.

    “Sim, tive um encontro de poucos minutos, 10 ou 15, na manhã da conferencia. Fui eu que pedi a reunião. A decisão estava tomada, mas eu não sabia da justa causa antes da conferência, soube pelas noticias. Estava à espera de ser demitida, mas não estava à espera que fosse invocando justa causa”.

    Na conferência de imprensa de segunda-feira, o Governo invocou este argumento — que na verdade não se aplica no quadro do gestor público onde a demissão pode ser fundamentada em ilegalidades — para explicar porque não seria paga indemnização à gestora.

  • CEO da TAP ficou surpreendida com ida de Alexandra Reis para a NAV e comentou com Pedro Nuno Santos

    O deputado do PSD, Paulo Moniz, colocou questões sobre vários temas à CEO da TAP, começando por “realçar a sua postura franca nesta audição”, num contexto em que “costuma haver amnésia”.

    Questionada sobre o facto de Luís Rodrigues, o seu sucessor, já ter participado nas reuniões com os pilotos, numa “gestão bicéfala”, a CEO disse não ter conhecimento sobre esse facto, e que o acordo com os pilotos foi tratado por Gonçalo Pires e Ramiro Sequeira. “Concordo que seria estranho, mas que eu saiba o acordo não foi discutido com Luís Rodrigues”, afirmou.

    Questionada pelo mesmo deputado sobre se considera que o Estado é um acionista confiável para uma empresa privada, Christine respondeu com o seu “lado britânico”. “É um acionista desafiante”.

    Com o mesmo “lado britânico”, respondeu sobre se considera que a auditoria conduzida pela IGF, tutelada pelas Finanças, é isenta. “Na minha perspetiva podemos desafiar a independência da conclusão. É o meu comentário inocente”.

    A gestora respondeu ainda se “não achou estranha a ida de Alexandra Reis para a NAV”. Garantiu que não sabia. “Fiquei surpreendida mas não tive envolvida na decisão. Fiz um comentário com o Ministro das Infraestruturas”, Pedro Nuno Santos. Não foi questionada de imediato sobre que comentário foi esse, mas a pergunta surgiu na terceira ronda. “Foi uma mensagem na qual manifestei surpresa”. Não se lembra se obteve resposta.

    Por fim, o PSD quis saber “quem serão os dois responsáveis se a sua luta judicial tiver provimento?”. “Não posso responder”, afirmou, levando o deputado do PSD a considerar que “às vezes uma não resposta é uma resposta em si”.

  • Consultores dizem que contas de 2015 que validaram negócio Airbus usaram uma metodologia errada

    Mariana Mortágua indica que os consultores independentes contratados agora alegam que os consultores que em 2015 afirmaram que o negócio era positivo para a TAP usaram a metodologia “errada”.

    Estes pareceres foram várias vezes invocados pelo ex-ministro da Economia, Pires de Lima, para justificar o acordo do Governo do PSD/CDS dado à operação. E lembra que que à data os aviões comprados ainda não estavam a voar. A TAP foi a primeira cliente dos novos A320 Neo.

    Sobre o parecer jurídico que considera ilegal o uso de fundos da TAP por um acionista para capitalizar a empresa (como alegadamente fez David Neeleman), Christine Ourmières diz que as autoridades (Ministério Público) tem toda a informação para investigarem.

  • Auditoria que diz que TAP fez mau negócio com a Airbus não está a ser usada na negociação com o fabricante

    Mariana Mortágua questiona Christine sobre o famoso negócio com a Airbus de troca de frota e que foi da tema audição horas antes do ex-ministro da Economia. O que levou a TAP a pedir essa auditoria (em 2021) sobre uma operação de 2015? “Ter pessoas que percebam como funciona o setor”, responde. Christine Ourmières dá vários exemplos, como o facto de a empresa não conseguir financiar com leasing a 100% os aviões. E lembra que a TAP estava a tentar negociar com todos os fornecedores.

    Apesar das conclusões da auditoria que levaram o Governo a apresentar uma queixa no Ministério Público, a gestora diz que o processo de negociação dos custos com a Airbus é paralelo e que começou logo no início da reestruturação.

    “São dois processos separados e para objetivos distintos. Não inventamos a historia, simplesmente entregamos a história ao nosso acionista e eles fizeram o resto.”

    A auditoria independente indica que a TAP foi penalizada por ter cancelado a a compra dos aviões A350 abaixo do preço de mercado — 190 milhões de euros. E por ter comprado 53 A330 por um valor 250 milhões de euros acima. Segundo os números citados pela deputada, o ganho da Airbus foi de 440 milhões de euros e foi partilhado com David Neeleman que usou metade desse valor para capitalizar a TAP.

  • Verão vai ser "difícil" no aeroporto de Lisboa por causa do "desafio" que é o controlo do tráfego aéreo

    Bruno Dias, do PCP, quis saber ainda a opinião da gestora francesa sobre o que Christine Ourmières-Widener chamou de “ecossistema de Lisboa”, cuja infraestrutura está “a rebentar”, e sobre qual é o balanço da gestão privada da ANA.

    A CEO considera que “neste momento o grande desafio é o controlo de tráfego aéreo” em Lisboa, e essa opinião foi transmitida ao ministério das Infraestruturas, revelou.

    “É o que causa grande parte dos atrasos atuais, e será ainda pior no verão. Os acordos com a Força Aérea são bons mas só estarão em vigor em 2024. Este verão será difícil a infraestrutura. É preciso decidir regular os voos, poder ter menos voos mas, os que temos, estarem a horas. Mandámos um email ao MIH sobre isto”, referiu.

  • "Contratar serviços jurídicos externos era normal na TAP"

    Bruno Dias, do PCP, questionou a CEO da TAP sobre a necessidade de a TAP recorrer a serviços jurídicos externos. “O que impedia a TAP de recorrer a pessoas da companhia que conheciam os princípios da gestão pública? Porque não foram envolvidas pessoas que podiam ter ajudado a prevenir estes problemas?”, quis saber o deputado.

    A CEO ressalvou que a empresa não tinha essas competências. “Tínhamos falhas”, dando o exemplo do que a empresa já tinha feito em 2020 para negociar saídas de trabalhadores. “Precisávamos de ajuda externa. A SRS não era a única firma externa que nos estava a ajudar. Pedir aconselhamento jurídico externo era normal na TAP”.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • Evercore está a trabalhar na privatização da TAP (que ainda não começou) sem contrato há nove meses

    Bernardo Blanco da Iniciativa Liberal pergunta pelo processo de privatização da TAP que, segundo a gestora, ainda não começou.

    Sendo assim, o que faz a consultora Evercore? Christine diz que recolhe informação sobre outros processos para dar ao Governo e permitir a definição de uma estratégia para a operação. Esta consultora não fez uma sondagem do mercado, mas recolheu informação junto de potenciais interessados na TAP para ajudar o Governo a preparar o processo e “começar com o pé direito”.

    O deputado estranha que a consultora trabalhe há nove meses sem contrato. A gestora admite que se esperava que a privatização arrancasse mais cedo. E confrontada com a existência de uma proposta mais favorável, Christine contrapõe: “Melhor? Mas o contrato ainda não foi assinado, ninguém pode dizer isso. Argumenta ainda que a Evercore foi escolhida porque nunca tinha feito nenhuma transação com a TAP.

  • Ministros Galamba e Medina prejudicaram TAP? "Dramas nunca são bons para uma empresa"

    A presidente executiva da TAP refere que ainda não decidiu quais os próximos passos, mas “vamos fazer o que temos de fazer para assegurar que esta história não terá impacto na minha reputação futura”.

    O deputado do Chega pergunta a Christine se concorda que os ministros Fernando Medina e João Galamba prejudicaram a TAP e o interesse público.

    “Dramas nunca são bons para uma empresa”. Sem responder diretamente, a gestora defende que a decisão de a demitir não teve um impacto positivo. “Criou uma instabilidade na organização. Ainda estou, mas na verdade não estou”.

    Para a gestora, a sua demissão foi ilegal. “Não me sinto respeitada pelo que fiz pela TAP” e diz que trabalhou todos os dias na empresa e sem folgas. Reafirmando que está muito “desapontada”, sublinha que prefere tirar alguma distância para se proteger.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

  • Reunião com PS foi mais um" breafing" e não para combinar estratégias

    Filipe Melo do Chega quer saber mais detalhes sobre o teor desta reunião de 17 de janeiro anterior à audição parlamentar com pessoas ligadas ao Governo. Christine Ourmières explica que o teor da mesma foi sobre o processo de saída de Alexandra Reis.

    “As pessoas queriam perceber o que se passou, foi mais um briefing do que uma reunião de estratégia”. E não se lembra de ter havido qualquer combinação das respostas a dar às perguntas da audição parlamentar realizada em janeiro.

    Esta audição foi imposta pelo Chega de forma potestativa depois do PS ter chumbado a vinda da presidente executiva da TAP, argumentando que se deveria esperar pelo resultado da Inspeção-Geral das Finanças.

  • CEO da TAP revela nomes dos convidados para a reunião que antecedeu audição no parlamento

    O deputado do PSD, Paulo Moniz, questionou a CEO da TAP sobre quem esteve presente na reunião de 17 de janeiro, antes da audição no parlamento no dia seguinte. A gestora francesa diz que não tem a certeza sobre quem foi, porque nem toda a gente “convidada” por email respondeu ao convite, à exceção da própria.

    O PSD pediu, depois, a lista das pessoas “convidadas”. E a CEO da TAP revelou os nomes: João Brilhante (especialista em aviação), Frederico Pinheiro (assessor das Infraestruturas), Cátia Rosas (vereadora da CML), João Carlos Bezerra da Silva (chefe do Gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares), Maria Eugénia Correia Cabaço (chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas), Daria Shumskaya (assessora do Ministério dos Assuntos Parlamentares), Marco Rebelo (advisor do Ministério das Infraestruturas) e Ana Filipa Ferreira (adjunta da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares).

  • Christine elogia trabalho do CFO na TAP, mas admite que Gonçalo Pires deveria ter preparado melhor respostas dadas aos deputados

    A gestora é agora questionada sobre a audição a administrador financeiro na qual Gonçalo Pires deu uma versão diferente, menos envolvida e conhecedora, do processo de negociação com Alexandra Reis. Christine não poupa elogios ao administrador financeiro da TAP, com quem ainda tem de trabalhar, e considera que está a fazer coisas ótimas para a TAP.

    Apesar de não ver más intenções nas respostas que deu ao Parlamento, admite que deveria ter demorado mais tempo a preparar-se e a olhar para os detalhes do processo.

  • PSD pede a António Costa que tire as consequências. Galamba mentiu e Medina fez uma reunião semi-secreta, acusa PSD

    O PSD diz que os factos revelados na comissão de inquérito “atingem uma gravidade que tem de haver consequências”. Para Paulo Rios Oliveira, deputado do PSD, que falava à margem da comissão de inquérito o PSD não faz pedidos de demissão, “porque quem nomeia é o primeiro ministro e quem exonera é o primeiro ministro, mas que tem de tirar consequências dos factos que se somam, são sempre graves e curiosamente os protagonistas são sempre muito parecidos”.

    O PSD incide as suas críticas em dois governantes: João Galamba e Fernando Medina.

    Sobre Galamba diz que é “um ministro que mente ao parlamento e que organiza reuniões secretas misturando o trabalho de dois órgãos de soberania”. É um ministro, diz, que “tem de repensar bem se tem condições para exercer o cargo e tem credibilidade para o mesmo”.

    Em relação a Fernando Medina diz ser “um ministro que perante relatório da IGF que deu origem a uma conferência imprensa bizarra para demitir perante o país inteiro a CEO da TAP, pedindo mais tarde para ser ouvida, é um ministro que não tem bem noção da responsabilidade”.

    E “tudo isto tem de ser ponderado pelo senhor primeiro ministro”.

    Para Paulo Rios de Oliveira, é “um conjunto de factos que se somam de atitudes de total irresponsabilidade, ligeireza, mentira e opacidade por parte do Governo que tem de ter consequências. O PSD espera reações e consequências. A comissão de inquérito está apenas no seu início. O PSD não deixará de continuar a averiguar até às últimas consequências pedindo o que o senhor primeiro ministro exigia a verdade toda, doa a quem doer. Assim faremos”.

  • CEO da TAP não se demitiu porque "não fez nada de errado" e diz que a sua demissão foi motivada por pressão política sobre o Governo

    Christine explica agora que não se demitiu porque “não tinha feito nada de errado” e confessa que ficou “devastada” quando viu as notícias da sua demissão “por justa causa” na televisão. E reafirma que Medina não lhe disse que o Governo a ia demitir na televisão e anunciar logo o sucessor (Luís Rodrigues).

    Indica ainda que o ministro das Finanças lhe explicou que seria a “única via possível para o Governo face à pressão política” criada sobre este caso e que não permitiria mantê-la no cargo, mesmo achando que a gestora estava a fazer um bom trabalho. “Mas a demissão é uma confissão de culpa, mas eu não fiz nada de errado.”

  • Medina sugeriu à CEO da TAP que "poderia ser boa ideia para a minha reputação demitir-me”

    A audição a Christine Widener é retomada com Paulo Moniz do PSD a voltar à “reunião secreta” com o ministro das Finanças, um dia antes da apresentação do relatório de auditoria da IGF.

    A presidente executiva da TAP desenvolve o que tinha dito antes do intervalo. O ministro sugeriu que “poderia ser boa ideia para a minha reputação demitir-me”.

    O tema Alexandra Reis não foi discutido nesta reunião que se focou sobre o relatório da IGF que seria “desafiador”. Indicou também que tinha de organizar uma conferencia de imprensa no dia seguinte.

    A CEO já tinha reunido antes com Fernando Medina para discutir o futuro da TAP, numa reunião com conhecimento de Pedro Nuno Santos. A discussão, cuja data não indica, foi sobre o plano de reestruturação, resultados e interação com a Comissão Europeia. Não discutiu com o ministro das Finanças a saída de Alexandra Reis e só soube da sua nomeação para secretária de Estado do Tesouro (em novembro de 2022) pela imprensa.

  • Christine diz que Medina lhe pediu para se demitir numa reunião "muito difícil", na véspera de anunciar a sua demissão em público

    Paulo Moniz do PSD volta agora à reunião que Christine Ourmières teve com o ministro das Finanças no domingo (na véspera de ter sido anunciado o resultado da auditoria da Inspeção-Geral das Finanças e sua demissão em conferência de imprensa).

    A gestora indicou que Medina lhe terá explicado que seria difícil do ponto de vista do Governo que ela prosseguisse com o mandato. Christine admite que foi uma conversa “muito difícil” para ela. “Para mim sair assim, por um processo em que confiou nos consultores e com grande pressão sobre o Governo — que levou à saída de ministro e de um secretário de Estado com quem teve muito boas relações de trabalho — foi “muito difícil”.

    A presidente executiva responde: “Pediram-me que me demitisse”. E pede desculpa pela emoção na resposta porque esta situação “ainda é muito dolorosa” para ela.

    Umas horas antes a presidente executiva da TAP tinha revelado esta reunião na véspera da conferência de imprensa e até agora desconhecida. Mas tinha indicado não lhe ter sido dito que seria demitida no dia seguir e em público.

    Perante a comoção da gestora, o presidente da comissão, Jorge Seguro Sanches, diz que fará um intervalo se for pedido, o que Christine aceita fazer.

    JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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