O secretário-geral da ONU condenou hoje “a contínua perda de vidas” na Faixa de Gaza, depois do “devastador” ataque israelita, no sábado, à escola Al Tabaín, que assassinou 93 palestinianos, entre os quais 11 crianças e seis mulheres.

O porta-voz de António Guterres, Farhan Haq, descreveu o evento como outro exemplo de “horror” e “sofrimento” no enclave palestiniano.

“O secretário-geral está consternado ao ver que as disposições da Resolução 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas continuam sem ser aplicadas”, avançou Haq.

Não obstante, indicou que Guterres “acolhe com satisfação os esforços de mediação” de EUA, Egito e Qatar para conseguirem que o Estado israelita e o grupo islamita palestiniano Hamas cheguem a um acordo de cessar-fogo e para a libertação de reféns e presos.

Além disto, Guterres “insta ambas as partes a que regressem às negociações” e concluam o acordo, cenário este, porém, que aparece mais afastado pelo clima de tensão elevada entre Israel, por um lado, e Irão e o grupo xiita libanês Hezbollah, ambos parceiros do Hamas, por outro.

As autoridades israelitas e norte-americanas acreditam que um possível ataque do Irão sobre Israel não vai acontecer esta noite. A informação é avançada pela Axios, citada pelo Times of Israel.

Numa altura que Teerão ameaça com um ataque a Israel, Masoud Pezeshkian, Presidente do Irão, disse hoje que o país tem o “direito a responder” a ataques. A informação foi dada na sequência de uma conversa feita por chamada com o chanceler alemão Olaf Scholz.

“O Irão nunca irá ceder à pressão e sanções e considera que tem o direito a responder aos agressores, de acordo com as normas internacionais”, referiu o Presidente do Irão, de acordo com a agência iraniana IRNA, citada pela Al Jazeera.

“Nenhuma desinformação por parte de responsáveis radicais israelitas que espalham mentiras, incluindo sobre a Jordânia, mudará o facto de que a agressão contínua de Israel a Gaza (…) é a maior ameaça à segurança regional”, afirmou Ayman Safadi, primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia.

Numa publicação no X, Safadi acrescentou que “os factos sobre os horrores que o mais radical dos governos israelitas está a causar a palestinianos inocentes (…) e a ameaça das suas ações ilegais e políticas radicais à segurança e estabilidade da região são claros e documentados. Nenhuma campanha de propaganda, nenhuma mentira, nenhuma invenção pode encobrir isso”.

No amount of disinformation by radical Israeli officials spreading lies, including about Jordan, will change the fact that Israel’s continued aggression on Gaza, its violation of international law & the rights of the Palestinian people are the biggest threat to regional security.…

— Ayman Safadi (@AymanHsafadi) August 12, 2024

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, afirmou que os Guardas da Revolução Islâmica do Irão e os combatentes do Hamas no Líbano estão a contrabandear “armas e fundos para a Jordânia com o objetivo de desestabilizar o regime”.

Katz afirmou na mesma rede social que essas armas e dinheiro são depois contrabandeados através da fronteira oriental, inundando a Cisjordânia ocupada, em especial os campos de refugiados, e tendo como objetivo a criação de uma “frente de terror islâmica pró-iraniana”.

A serious and dangerous situation is unfolding as Iran works to establish a new eastern terror front against Israel’s major population centers.

Iranian Revolutionary Guard units are collaborating with Hamas operatives in Lebanon to smuggle weapons and funds into Jordan with the…

— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) August 12, 2024

Os Estados Unidos confirmaram que vão retomar a venda de armas à Arábia Saudita, numa altura em que Washington espera que o país desempenhe um papel na resolução da guerra em Gaza, diz a Al Jazeera.

Mais de três anos depois de terem imposto limites às vendas à Arábia Saudita, os EUA afirmaram que estas serão retomadas “por ordem regular, com a devida notificação e consulta do Congresso”.

O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken deslocou-se várias vezes à Arábia Saudita para discutir um pacote de incentivos norte-americanos, caso o reino reconheça Israel.

A Arábia Saudita terá procurado obter garantias de segurança dos EUA, um fluxo contínuo de armas e potencialmente capacidades nucleares civis em troca do reconhecimento.

Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Itália apelaram hoje a Israel e ao movimento islamita palestiniano Hamas para concluírem rapidamente um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, instando Teerão a não atacar o Estado hebreu.

Os Presidentes norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, e os chefes de Governo britânico, Keir Starmer, alemão, Olaf Scholz, e italiana, Giorgia Meloni, emitiram o seu apelo num comunicado conjunto divulgado após terem falado por telefone para analisar a escalada das tensões no Médio Oriente.

“Expressámos o nosso total apoio aos esforços em curso para reduzir as tensões e alcançar um acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza”, vincaram.

Os líderes políticos apoiaram o apelo dos países mediadores – Estados Unidos, Egito e Qatar – para que as delegações de Israel e do Hamas “retomem as conversações ainda esta semana, com o objetivo de concluir o acordo o mais rapidamente possível”.

“Sublinhámos que não há mais tempo a perder. Todas as partes devem cumprir as suas responsabilidades”, sustentaram, depois de o Hamas ter anunciado que não participaria na próxima reunião, agendada para quinta-feira no Cairo ou em Doha.

O porta-voz do braço armado do Hamas anunciou hoje que os seus combatentes “mataram um refém” e “feriram duas reféns mulheres” em “dois incidentes separados” na Faixa de Gaza, onde permanecem retidos 111 israelitas civis e militares.

“Dois dos nossos soldados que fazem guarda aos cativos do inimigo abriram fogo contra um refém sionista, matando-o de imediato”, indicou em comunicado Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Qassam.

No segundo “incidente separado, duas mulheres ficaram gravemente feridas e “estão a ser assistidas para tentar mantê-las com vida”, acrescentou Abu Obeida.

“O Governo sionista é totalmente responsável pelos massacres e pelas reações resultantes que afetam as vidas dos prisioneiros sionistas”, prosseguiu, referindo que “foi constituída uma comissão de inquérito para conhecer os detalhes que serão divulgados posteriormente”.

Daniel Hagari, porta-voz das IDF, diz que Israel está em “alerta máximo” para um possível ataque do Irão, mas que não foram mudados os planos de emergência para civis. “Levamos as declarações dos nossos inimigos a sério e, por isso, estamos preparados ao mais alto nível para defesa e ataque”, disse Hagari, citado pelo Times of Israel.

Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, disse hoje em conferência de imprensa que os Estados Unidos ainda acreditam num cessar-fogo através da retomar das negociações entre Israel e o Hamas.

Citado pela Al Jazeera, Vedant Patel, referiu que “o cessar-fogo ainda é possível”. “Esperamos que as negociações de paz em Gaza avancem como planeado”, acrescentou.

O Irão já estará a preparar os seus sistemas de mísseis e drones para um possível ataque a Israel. A informação é avançada por Barak Ravid, jornalista da Axios e da CNN.

“O Irão adotou medidas significativa de preparação nas suas unidades de mísseis e drones, semelhantes às que adotou antes do ataque a Israel em abril”, escreveu no rede social X, revelando que a informação foi dada por fontes israelitas e norte-americanas.

As mesmas fontes, acrescenta ainda o jornalista, “sublinham, no entanto, que Israel e os Estados Unidos não sabem o momento exato do ataque”.

????Iran has taken significant preparatory steps in its missile and drone units, similar to those it had taken before the attack on Israel in April, Israeli and U.S. officials tell me. They stress, however, that Israel and the U.S. do not know the exact timing of the attack

— Barak Ravid (@BarakRavid) August 12, 2024

Bruno Cardoso Reis sublinha que a retaliação do Irão pode coincidir com datas importantes para o regime do país. Ainda, poderá haver uma “escalada automática” no conflito na Ucrânia?

Ouça aqui o novo episódio de “Gabinete de Guerra” da Rádio Observador.

Será o ataque do Irão diferente dos restantes?

Morreram 36 palestinianos nos centros de detenção israelitas. Os dados, avançados pela Associated Press referem-se ao período entre 7 de outubro, dia em que o Hamas atacou Israel, e o dia de hoje.

Os números constam num relatório da ONG Physicians for Humans Rights, que revela ainda que uma das mortes poderia ter sido evitada. O relatório admite também que as informações dadas por Israel em relação aos prisioneiros palestinianos são poucas.

Dados divulgados pelo governo de Gaza apontam para a morte de cerca de 16.500 crianças na Faixa de Gaza desde que o Hamas atacou Israel, a 7 de outubro do ano passado.

De acordo com a informação citada pela Al Jazeera, há ainda a registar cerca de 10 mil desaparecidos e mais de 11 mil mulheres morreram nos últimos 311 dias. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

O chefe das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, teve hoje uma reunião com várias altas patentes militares israelitas e foram aprovados “planos” em “várias arenas”.

A novidade foi dada por Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, que não especifica numa publicação no X (antigo Twitter) que planos são esses.

הרמטכ״ל, רב-אלוף הרצי הלוי, קיים היום הערכת מצב ואישורי תוכניות בזירות השונות, בהשתתפות סגן הרמטכ״ל, ר׳ אמ״ן, ר׳ אמ״ץ, מפקד פיקוד הצפון, מפקד חיל האוויר, מפקד פיקוד העורף ומפקדים נוספים מפורום המטה הכללי.

הרמטכ״ל הדגיש את המשך המוכנות הגבוהה ומאמצי הערכות להתקפה ולהגנה pic.twitter.com/SIrf63NunD

— דובר צה״ל דניאל הגרי – Daniel Hagari (@IDFSpokesperson) August 12, 2024

Num momento em que está iminente um ataque do Irão, Daniel Hagari assegurou que as Forças de Defesa de Israel enfatizaram a “elevada prontidão” nos “esforços de ataque e defesa”.

As autoridades de Gaza revelaram à AFP que os médicos identificaram os corpos de 75 palestinianos dos 93 que morreram no fim de semana num ataque de Israel contra uma escola, em Al-Tabieen. Os restantes corpos ainda não foram identificados pelo estado em que ficaram após o ataque.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse esta segunda-feira que Israel tem vindo a reforçar a defesa nos últimos dias e que a “prontidão” não é sinónimo de medo.

“Estamos em dias de vigilância e prontidão, as ameaças de Teerão e Beirute podem concretizar-se e é importante explicar a todos que a prontidão, preparação e vigilância não são sinónimos de medo e pânico”, afirmou Gallant, numa reunião da Comissão dos Negócios Estrangeiros e da Defesa do Knesset.

“Nos últimos dias, temos dedicado o nosso tempo a reforçar as defesas e a criar opções ofensivas em resposta”, acrescentou.

Fontes próximas do Hamas acreditam, segundo o The Times of Israel, que os EUA, o Egito e o Qatar coordenaram com Israel a divulgação de uma declaração conjunta na semana passada com um apelo ao regresso às negociações. O Hamas considera que a tentativa de negociação serve para evitar a retaliação por parte do Irão e do Hezbollah.

O Hamas apelou no domingo para a “aplicação” do plano de três fases proposto pelos norte-americanos para uma trégua em Gaza, “em vez de realizar mais negociações ou apresentar novas propostas”.

Várias fontes dos serviços secretos ocidentais acreditam que o Irão pode estar a preparar-se para retaliar Israel na noite de 12 para 13 de agosto, o que teria uma conotação simbólica para o povo israelita.

Porquê? Segundo o The Jerusalem Post, trata-se de uma data importante na história do judaísmo que é dedicada à reflexão em relação a tragédias passadas que afetaram os judeus. A data marca, desde logo, o aniversário da destruição do Primeiro e Segundo templos em Jerusalém, destruídos em duas ocasiões diferentes (587 AC e 70 DC).

Mas também tem sido associada a outros infortúnios que aconteceram por volta da mesma altura noutros anos, como a expulsão dos judeus de Inglaterra, França e Espanha ou o ataque, pelo Hezbollah, contra a Associação Mutual Israelita Argentina, na Argentina.

O Jerusalem Post explica que o Tisha Be’av é uma data de jejum, que vai desde o pôr do sol até ao anoitecer do dia seguinte. É também a altura em que os judeus leem o Livro das Lamentações.