Momentos-chave
- Mortágua rejeita que Bloco contribua para discurso extremo e não compreende "revolta" por ter dito "uma coisa muito básica"
- Funeral de Odair já terminou
- Centenas de pessoas assistem ao funeral de Odair no cemitério da Amadora
- Entrada do bairro do Zambujal junto à PSP fechada pela polícia
- Cortejo fúnebre de Odair Moniz dirige-se para cemitério da Amadora
- PSP regista sete ocorrências de incêndio e identifica três suspeitos
- Vandalismo em Benfica. Presidente da Junta de Freguesia reúne-se com moradores para apurar prejuízos
- Único registo de protestos durante a noite foi no bairro das Galinheiras
Histórico de atualizações
-
Vamos encerrar por aqui este artigo liveblog que acompanhou a atualidade relacionada com os tumultos na Grande Lisboa e o funeral de Odair Moniz.
Muito obrigado por nos ter acompanhado. Continue a seguir a atualidade nacional no site do Observador e na Rádio Observador.
-
Mortágua rejeita que Bloco contribua para discurso extremo e não compreende "revolta" por ter dito "uma coisa muito básica"
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) rejeita que o partido esteja a contribuir para a polarização do discurso e para uma “guerra de extremos”, na sequência da morte de Odair Moniz. Em entrevista à CNN Portugal este domingo, Mariana Mortágua disse não aceitar “os termos em que esse debate é colocado”.
“Qualquer pessoa que tenha visto o debate na AR, logo a seguir à morte de Odair Moniz, viu duas posições: uma do líder da extrema direita, que diz que o polícia devia ser condecorado, e depois do líder parlamentar que diz que a polícia devia atirar mais a matar”, afirmou, referindo-se a intervenções de André Ventura e Pedro Pinto, do Chega.
O BE diz duas coisas: primeiro que a lei é para todos e ninguém está acima da lei e que há um problema estrutural de segregação dos bairros mais pobres e nas forças policiais de violência, de abuso de poder e racismo junto das pessoas mais pobres. Não é o BE que diz, é a ONU e o Conselho da Europa em vários relatórios internacionais”.
Para a líder do Bloco, “encobrir um problema não é a solução para pacificar o país” e é preciso “perguntar onde estão as raízes deste problema, da revolta que é gerada por um problema que é sistematicamente encoberto na sociedade e no Estado”.
Questionada sobre se o BE está a recuar na posição que começou por assumir, depois de na manifestação deste sábado o líder parlamentar, Fabian Figueiredo, ter afirmado que a culpa não é dos agentes da polícia, Mortágua voltou a vincar que “nenhum crime pode ficar impune na sociedade” e que “o que milhares de pessoas exigiram é que haja justiça. Um agente da autoridade tem obrigações para com a democracia, para com a sua farda, para com o país”.
A coordenadora do Bloco voltou a sublinhar que “há um histórico de marginalização das pessoas que vivem nos bairros sociais” e que “a luta deve ser feita exigindo justiça e não pode haver crimes encobertos praticados por agentes da autoridade”.
No que toca à bipolarização do discurso, Mortágua acrescenta que “temos de reconhecer que há um problema de segregação de pessoas negras e pobres” e que “há um problema de violência e racismo na sociedade”. E diz não compreender a “revolta” criada por o Bloco ter dito “uma coisa muito básica”.
O Estado tem de garantir igualdade para todos, tem de garantir que a polícia que vai à minha casa na Damaia é igual à que vai à minha casa em Alvalade. Essa é a única obrigação que o Estado tem”, concluiu.
Sobre as manifestações deste sábado em Lisboa, a líder do BE classificou a marcha da Vida Justa como “uma aula de cidadania” contra a “manifestação pequenina, sozinha e deprimente” do Chega, que teve lugar à mesma hora. “O país virou as costas a André Ventura. Isso é combater politicamente a extrema direita. Foi uma lição de cidadania”.
-
Centenas de pessoas e balões brancos na despedida de Odair Moniz
Decorreu este domingo o funeral de Odair Moniz. Depois da missa na Igreja da Buraca, familiares e amigos fizeram cortejo fúnebre pelo Bairro do Zambujal, antes de seguirem para o cemitério da Amadora.
Centenas de pessoas e balões brancos na despedida de Odair Moniz
-
Funeral de Odair já terminou
Funeral de Odair Moniz já terminou, no cemitério da Amadora. Já estão a sair as centenas de pessoas que foram prestar a última homenagem ao homem morto a tiro pela polícia na segunda-feira passada.
-
Centenas de pessoas assistem ao funeral de Odair no cemitério da Amadora
O cortejo fúnebre de Odair Moniz já chegou ao cemitério da Amadora onde estão centenas de pessoas a assistir à cerimónia. O percurso desde a igreja da Buraca decorreu de forma tranquila.
*Número de pessoas presentes no funeral foi atualizado
-
Entrada do bairro do Zambujal junto à PSP fechada pela polícia
Uma das entradas do bairro do Zambujal, junto da esquadra da PSP, foi fechada pela polícia. O trânsito nessa zona está cortado, pelo que o cortejo fúnebre de Odair Moniz terá de seguir por outra entrada para poder atravessar o bairro.
-
Cortejo fúnebre de Odair Moniz dirige-se para cemitério da Amadora
O cortejo fúnebre de Odair Moniz está agora a sair da igreja da Buraca em direção ao cemitério da Amadora. Dezenas de pessoas estão à porta da igreja.
O carro funerário vai agora passar pelo bairro do Zambujal, no percurso passam pela esquadra de Alfragide, e segue depois para o cemitério da Amadora. À entrada do bairro há reforço policial.
-
Catarina Martins afirma que BE está “no extremo mais justo” sobre caso Odair
A eurodeputada e antiga coordenadora do BE Catarina Martins afirmou hoje que o partido está no “extremo mais justo” sobre o caso da morte de Odair Moniz, acusando algumas forças de terem sido “titubeantes” e “cobardes”.
“Tenho ouvido tantas vezes de que há aqui um problema de dois extremos. Há quem diga que há o Chega num extremo, há o Bloco num outro extremo. Entendamos, aqui há quem esteja a celebrar uma morte e queira semear violência. E há quem esteja a levantar-se pela justiça, a democracia e a decência neste país. E se esses estão os dois extremos, eu devo dizer que o Bloco está no extremo mais justo. Está onde deve estar”, defendeu Catarina Martins.
A ex-coordenadora bloquista falava na 5.ª Conferência Nacional do BE, que termina hoje, no Porto, num dos momentos mais aplaudidos, no qual levantou a sala ao falar da posição do partido após a morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP, na Amadora.
Na ótica da eurodeputada, “deviam ter vergonha todas as forças políticas que foram titubeantes, que acharam que estavam a ser moderadas e estavam só a ser cobardes enquanto deixavam a violência da extrema-direita ocupar o espaço mediático”.
“Que orgulho que eu tenho neste Bloco. Que orgulho que eu tenho do discurso que a Mariana fez, da forma como o Fabian esteve, como cada um e cada uma se levantou quando era preciso, Isto sim, isto é força, que bom é aqui estar”, exclamou.
A eurodeputada alertou para “um avanço da direita tradicional e do centrão, que vai resvalando para a direita”, lamentando que na União Europeia alguns responsáveis já tenham deixado de seduzir os eleitores para a defesa do Estado Social ou do clima, entre outras causas, tendo adotado a estratégia do medo.
“Só falam de guerra, só falam de armas. Quando falam de economia, falam de competitividade. Progresso social desapareceu da agenda, de paz nem sequer se fala. Neste contexto, o nosso trabalho é difícil, é claro que é difícil, mas eu acho que há algum trabalho de esperança que estamos a fazer”, considerou.
Catarina Martins lembrou que o BE se mantém na Esquerda no Parlamento Europeu mas começou a criar uma “plataforma política para trabalhar não dentro das instituições, mas fora das instituições”, a “Aliança de Esquerda Europeia pelo Povo e pelo Planeta”.
“E este projeto que está agora a começar e que eu espero que possamos debater, de uma aliança de esquerda na Europa, acho que é também desta esperança e de força que se faz o nosso trabalho”, salientou.
Durante a manhã, também o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, fez referência à manifestação organizada pelo movimento Vida Justa, que se realizou no sábado na Avenida da Liberdade, e na qual participou, juntamente com milhares de cidadãos.
Fabian Figueiredo defendeu “o direito à vida da Cláudia Simões, do KuKu, do MC Snake e do Odair”, apelando à “autodeterminação étnico-racial”.
“Não há corpos de primeira e de segunda, não há direito à vida para uns cidadãos em detrimento dos outros. Ou temos todos liberdade e autodeterminação, ou não tem ninguém”, advogou, apelando também à autodeterminação da Palestina.
-
PSP regista sete ocorrências de incêndio e identifica três suspeitos
A Polícia de Segurança Pública registou mais sete ocorrências de incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente caixotes do lixo) e identificou três suspeitos na Área Metropolitana de Lisboa, designadamente nos concelhos de Almada, Lisboa, Loures e Odivelas, segundo fontes da PSP.
Para além destas ocorrências, foi ainda registada uma tentativa de fogo posto e rebentamento de petardos, assim como o apedrejamento de uma loja num centro comercial.
-
Presidente da Conferência Episcopal solidário com família de Odair Moniz
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa manifestou solidariedade para com a família de Odair Moniz, que morreu baleado pela PSP na segunda-feira, em Lisboa, e respeito por aqueles que procuram que a ordem se faça sem violência.
“À família deste senhor que faleceu quero deixar-lhe os meus sentimentos de profunda proximidade porque ninguém pode ser assim tratado. Por outro lado, também um grande respeito para com aqueles que procurem ajudar a que a ordem e a convivência se faça sem violência”, afirmou o também bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, em declarações à agência Ecclesia, no sábado, à saída da última reunião do Sínodo — assembleia de bispos e leigos da Igreja Católica -, que decorreu no Vaticano.
As declarações foram enviadas hoje de manhã às redações pelo Gabinete de Comunicação da Conferência Episcopal Portuguesa.
Para José Ornelas, “ninguém tem uma missão fácil nestes tempos”, mas considera que é necessária a colaboração de todos.
Segundo o presidente da CEP, é necessário o país saber viver “com as diferenças” e não “deixar-se levar simplesmente pela violência, nem das autoridades nem daqueles que reagem a possíveis exageros”.
Portugal, disse, “é um país pequeno, que está habituado a receber diferenças e a projetar-se também para aquilo que é diferente”.
“Nós não temos de fazer uma política para nós para aplicar aos outros. Nós temos de, juntos, escutar-nos em todas as dimensões das pessoas que nós temos, mas também daquelas que chegam mais de fora, também daquelas que são diferentes de nós mas que vieram e que têm vontade de viver connosco para encontrarmos um caminho que realmente possa ser um caminho de progresso”, vincou.
Na perspetiva de José Ornelas, sem esse entendimento que permita abraçar as diferenças e sem a participação de todos “não há paz, não há progresso, não há humanização”. “E nós precisamos disso. Todos precisamos”, acrescentou.
-
Vandalismo em Benfica. Presidente da Junta de Freguesia reúne-se com moradores para apurar prejuízos
O Presidente da Junta de Freguesia vai reunir-se esta manhã com os moradores afetados pelos atos de vandalismo registados na madrugada de sexta-feira para apurar os prejuízos.
Em declarações à Rádio Observador, Ricardo Marques, eleito pelo PS, adianta que a reunião está marcada para as 11h00 e que o objetivo é “fazer um balanço” dos estragos.
Tivemos 11 viaturas e três motociclos afetados pelos incêndios, 10 pessoas tiveram de ser retiradas de casa e há danos em prédios e no espaço público”, detalha o Presidente da Junta de Freguesia de Benfica.
Ricardo Marques fala num “ato criminoso e isolado”: “É uma freguesia pacata. Foi algo único”.
O autarca socialista deixa ainda críticas à “falta de resposta” do Governo e da Câmara Municipal de Lisboa perante um “sentimento de insegurança que tem vindo a escalar”. Explica que há muito se discute a implementação de um sistema de videoproteção em Benfica e adianta que vai contactar o Ministério da Administração Interna e a autarquia Lisboa para marcar uma “reunião de urgência” sobre este tema.
*com Ana Cláudia Silva
-
Marcelo elogiou "serenidade das manifestações" que decorreram no sábado
Presidente não estará no funeral de Odair Moniz por não querer “intrometer-me num momento importante da vida daquela família”.
Marcelo elogiou “serenidade das manifestações” que decorreram no sábado
-
Funeral de Odair Moniz realiza-se esta tarde
O funeral de Odair Moniz, baleado pela polícia na segunda-feira, na Amadora, realiza-se hoje à tarde na Buraca, ao fim de quase uma semana de desacatos na Área Metropolitana de Lisboa e de duas manifestações na capital.
No sábado, realizaram-se duas manifestações em Lisboa, uma convocada pelo movimento Vida Justa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, outra marcada pelo Chega “em defesa da polícia”, que decorreram de forma “pacífica, em serenidade e com civismo”, segundo a PSP.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, também na Amadora, no distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde segunda-feira, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, contabilizando-se ainda sete feridos, um dos quais com gravidade.
-
Único registo de protestos durante a noite foi no bairro das Galinheiras
Alguns caixotes do lixo queimados na zona das Galinheiras foi a única ocorrência registada nas últimas horas pelos Sapadores Bombeiros de Lisboa, informou este domingo uma fonte da instituição citada pela Lusa.
Não há informações sobre quantos caixotes do lixo foram queimados.
-
Bom dia,
Este domingo realiza-se o funeral de Odair Moniz. Neste liveblog vamos estar a acompanhar os acontecimentos que têm decorrido da morte deste residente do bairro do Zambujal na segunda-feira passada. Ontem realizaram-se duas manifestações em Lisboa. Fique connosco
Ventura diz que Portugal não é Brasil de Lula, Bloco ridiculariza fraca adesão a ‘manif’ do Chega