O tema é controverso, o responsável pela investigação também. O geneticista George Church, um dos maiores especialistas na área, revelou que conseguiu finalmente reproduzir em laboratório 14 genes de um mamute e reintroduzi-los no ADN de um elefante vivo. Este é mais um passo decisivo para a clonagem, mas o investigador fez questão de esclarecer que o objetivo final não é criar um mamute em laboratório, mas sim um animal híbrido que seja capaz de se adaptar a temperaturas de frio extremo.

George Church saltou do universo científico, onde de resto é um dos mais respeitados especialistas em genética, para as páginas dos jornais depois de uma revista alemã ter noticiado que o investigador procurava uma mulher que pudesse dar à luz um bebé neandertal, antepassado do ser humano moderno. Na altura, como agora recorda o jornal espanhol ABC, o professor da Universidade de Harvard desmentiu a notícia, mesmo admitindo que essa era uma possibilidade teórica.

Agora, no entanto, a investigação existe e é bem real. A partir de amostras do ADN recolhido de exemplares de mamutes preservados no Ártico, a equipa de investigadores liderada por George Church conseguiu reproduzir os genes do mamute em laboratório e reintroduzi-los num espécime do elefante asiático, o parente moderno mais próximo do mamute (extinto há mil anos). Apesar de se mostrar otimista com as potencialidades da experiência, o investigador reconheceu em declarações ao The Sunday Times que ainda há muito caminho a percorrer até ser possível publicar as conclusões da investigação.

A clonagem dos mamutes é, há muito, uma das possibilidades teóricas com mais força no meio científico, muito graças à facilidade com que foi sendo possível encontrar cadáveres de mamutes em bom estado de preservação, com sangue e tecidos musculares muito bem conservados. No entanto, ao contrário do que muitos investigadores têm ambicionado, a reprodução de um mamute em laboratório não passa pelos horizontes da equipa da Universidade de Harvard. George Church acredita que será possível, sim, criar um animal híbrido, uma espécie de cruzamento entre o elefante asiático e o seu antepassado do frio.

Em 2013, o norte-americano já tinha partilhado com o ABC os seus planos para criar uma quimera, cruzando genes do elefante asiático e do mamute. O fruto desse casamento criado em laboratório teria potencialidades que outras experiências de clonagens estudadas no plano teórico – como a reprodução de dinossauros – não teriam, explicou. O maior beneficiado? O meio ambiente, defendeu o investigador de Harvard.

“Não vejo qual é o benefício social de trazer à vida um dinossauro, mas trazer um mamute, sim, tem benefício para o ecossistema. A tundra tem três vezes mais carbono preso no gelo do que todas as florestas do mundo. Levar animais para essa área evitaria que esse dióxido fosse libertado para a atmosfera graças à sua ação no ecossistema”, sublinhou o Church.

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