Dois em cada três alunos que chumbam no 7º ano têm seis ou mais notas negativas, ou seja, não têm aproveitamento a mais de metade das disciplinas — e 85% têm cinco ou mais negativas. Estas são as conclusões “impressionantes” de um estudo Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), que trabalhou dados relativos ao ano escolar 2014/2015.

Entre os alunos com menos negativas, eis como se distribuíram os dados (tabela da DGEEC):

A DGEEC analisou as classificações finais em 11 disciplinas obrigatórias (Ciências Naturais, Físico-Química, Inglês. Português, Educação Física, Geografia, Língua Estrangeira II, Tecnologias da Informação e Comunicação, Educação Visual, História e Matemática). Segundo os dados, entre 95% e 97% dos alunos que reprovaram no 3º ciclo tiveram negativas a Matemática. No 7º ano, 24% dos alunos tiveram negativa a Matemática, no 8º subiu para 32% e no 9.º ano desceu para os 30%.

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O estudo diz que é “bastante impressionante a forma transversal como o contexto económico influencia as classificações em todas as disciplinas. Os efeitos do contexto económico dos alunos são especialmente marcados nas disciplinas de teor mais académico, como Matemática, Inglês, Português, Físico-Química, Ciências Naturais, Geografia, História e Língua Estrangeira II”.

Um exemplo concreto: entre os alunos sem apoio de ação social, 25% chumbaram a Matemática — um em cada quatro. Mas selecionando apenas aqueles alunos que recebem apoios ação social escolar (ASE) do escalão mais alto — o escalão A — o rácio duplica: um em cada dois alunos não consegue ter aproveitamento a Matemática.

Nas disciplinas de Educação Visual, TIC e Educação Física as diferenças entre os três grupos de alunos são um pouco menos marcadas, especialmente as diferenças entre os alunos que beneficiam de apoios do escalão B e os alunos que não beneficiam de qualquer apoio ASE”.

O estudo conclui que, naquele ano letivo, chumbaram 13,1% dos 300.429 alunos inscritos no 3.º ciclo (inscritos em escolas públicas do continente). Os chumbos são piores no 7º ano, como é típico: 16,7% chumbam.

Segundo a DGEEC, o decréscimo de negativas no 8.º e 9.º anos pode “ser explicado, pelo menos em parte, pelo progressivo reencaminhamento ao longo do 3.º ciclo, dos alunos com desempenhos mais baixos para outras modalidades de ensino, como os cursos de educação e formação ou os cursos vocacionais, os quais não estão contemplados” nestas estatísticas.