Fraco crescimento económico, deslizes orçamentais, crise política grega, expansão do ébola e conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente estão a afetar os investidores espalhados por todo o mundo. Os receios notam-se nas bolsas de valores, que continuam hoje o ritmo de queda, mas são claros através do chamado “índice do medo”. O VIX, um índice criado pela Chicago Board Options Exchange, a maior bolsa de opções financeiras, é a métrica de facto para aferir o nível de receio que se vive nas praças financeiras mundiais.
Em termos técnicos, o VIX mede a volatilidade esperada no índice acionista norte-americano Stantard & Poor’s 500 nos próximos 30 dias. É, por isso, uma estimativa da incerteza durante o próximo mês, mas, na prática, tem sido uma medida das ameaças ao investimento em ações.
As várias crises mundiais estão espelhadas no comportamento do VIX. Depois dos anos mais calmos entre 2004 e 2007, o índice atingiu o máximo histórico em 2008, quando estalou a crise financeira ligada ao mercado imobiliário e quando o banco de investimento Lehman Brothers declarou falência. Três anos depois, o índice voltou a subir em resultado da crise das dívidas soberanas europeias.
Ontem, quarta-feira, o VIX fechou nos 26,25 pontos, muito longe dos dois últimos picos, mas já ao nível de meados de 2008.
Ganhar com o medo
Os investidores podem apostar na subida e na descida do VIX através de intermediários financeiros ligados à bolsa de Chicago. Para satisfazer os investidores fora dos Estados Unidos da América, a bolsa cota contratos de futuros sobre o VIX quase 24 horas por dia (pausa apenas 15 minutos diários) durante cinco dias da semana. A partir da próxima terça-feira, as opções sobre o VIX também serão cotadas quase 24 horas por dia.
Os futuros e as opções financeiras são destinados aos investidores mais profissionais, mas há soluções desenhadas para os aforradores ligeiramente menos experientes e sem acesso aos mercados de futuros e opções. O banco alemão Commerzbank, por exemplo, lista na bolsa de Lisboa uma coleção de certificados que promete replicar aproximadamente os futuros sobre o VIX.
O Barclays, por seu turno, tem títulos listados na Bolsa de Nova Iorque que acompanham o índice VIX. O iPath S&P 500 VIX Short-Term Futures ETN quer ganhar com a valorização dos contratos de futuros sobre VIX que se vencem nos próximos dois meses. O iPath Inverse S&P 500 VIX Short-Term Futures ETN deseja valorizar com a queda dos mesmos contratos.
Qualquer que seja a solução alternativa escolhida para replicar o VIX, o acompanhamento será imperfeito. Em setembro, o índice VIX subiu 36,1%, mas o iPath S&P 500 VIX Short-Term Futures ETN apenas ganhou 10,5%. Mesmo em apostas de duração muito curta, o indicado para este tipo de investimento, a diferença pode ser abismal: ontem o VIX subiu 15,2%, mas o iPath apenas ganhou 1,2%.