O Telegraph chama-lhe o inglês mais famoso do século XIX, mesmo que tenha vivido apenas em páginas e, mais tarde, no pequeno e grande ecrã, com direito a estátuas no Japão, Suíça e, claro, Reino Unido. Diz ainda o Guinness, o livro dos recordes, que é o personagem humano mais retratado da história, à frente de Hamlet e pouco atrás do “não-humano” Drácula, conta a brasileira Veja. Motivos não faltam para que seja prestada homenagem ao detetive numa exposição patente no Museu de Londres, a primeira na capital desde 1951, com o nome The man who never lived and will never die (“O homem que nunca viveu e que nunca vai morrer”, em português).

A criação do médico e escritor Arthur Conan Doyle, em 1886, deu origem a quatro romances e 56 contos (short stories) e tem perdurado no tempo e na memória coletiva de diferentes culturas. É nesse contexto que o jornal britânico lhe dedica um artigo, como se este tivesse, em tempos, existido. Num tom divertido — “Dado que não há biografia autorizada do grande Holmes…” –, o jornalista faz uma série de suposições de onde terá nascido, estudado e vivido, com recurso a pormenores retirados das obras literárias. Os argumentos (quase) parecem válidos, até pelo facto da morada que ainda hoje é muitíssimo visitada: 221b Baker Street.

A exposição, que arrancou a 17 de outubro e que se prolonga até 12 de abril, conta com filmes, fotografias, pinturas e até artefatos originais — como o caderno onde Doyle esboçou o seu herói ficcional e o sobretudo usado pelo ator britânico Benedict Cumberbatch em Sherlock, da BBC, a série mais recente do género. A mostra está ainda dividida em três partes, incluindo uma secção dedicada à obra e legado do escritor e outra onde a Londres vitoriana é recriada, com direito a becos e neblina que também são protagonistas nas histórias em causa.

“O seu perfil e ‘armas’ — cachimbo, lupa e chapéu de caça — são imediatamente reconhecidos em todo o mundo. No reino dos detetives de ficção, Sherlock Holmes é o rei”, explicou Alex Werner, do Museu de Londres, citado pela Veja. Pat Hardy, uma das curadoras da exposição, acrescentou: “Sherlock Holmes encarna valores universais e atemporais. É tranquilizador, numa sociedade marcada por mudanças profundas, ter um super-herói que resolve os nossos problemas de maneira eficaz e sem emoções aparentes. O sucesso da nova série, protagonizada por Cumberbatch, mostra que Sherlock Holmes ainda é muito popular”.

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