O empresário e colecionador José Berardo afirmou hoje que gostaria de manter a coleção no espaço expositivo do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, mas também coloca a hipótese de criar um museu próprio.
José Berardo falava aos jornalistas durante a visita guiada à primeira exposição que tem a sua curadoria, “O olhar do colecionador/The collector’s eye”, que inaugura na quarta-feira, às 19:00, com 35 obras de artistas portugueses e estrangeiros.
Questionado pelos jornalistas sobre o futuro da coleção, cujo acordo estabelecido com o Estado termina em 2016, José Berardo disse: “Não estou preocupado com a situação”.
“Eu tenho um contrato, que vou cumprir. Acaba para o ano e agora vamos esperar pelo novo Governo”, indicou, sobre a situação atual da coleção.
O Museu Coleção Berardo foi inaugurado em junho de 2007, possui uma exposição permanente de arte moderna e contemporânea com base na coleção do fundador, e apresenta ainda exposições temporárias.
A Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo, presidia por José Berardo, foi criada um ano antes para gerir o museu cujo acervo é composto por 862 obras e foi avaliado em 2006 pela leiloeira Christie’s em 316 milhões de euros.
Berardo comentou que – dada a incógnita sobre o futuro do museu – achou que devia “mostrar agora algumas peças inéditas que deveriam ser vistas pelos portugueses, porque talvez para o futuro não seja possível”, como é o caso de um pano de cena com 23 metros, pintado por Marc Chagall para o espetáculo “A Flauta Mágica”, apresentado no Metropolitan, em Nova Iorque, em 1965.
“As paredes do museu estão cá. Se eu sair aqui, para terem exposições razoáveis é preciso pagar 600 ou 700 mil euros, a não ser que coloquem aqui outras coisas. Há outras alternativas. O que eu sei é que o dinheiro que gastam aqui é muito pouco em relação a outros museus semelhantes em países de todo o mundo”, acrescentou o colecionador madeirense.
Berardo apontou que a coleção tem solicitações constantes para ceder obras para outros países, como é o caso recente de um quadro de Bacon, que foi para uma exposição em Nova Iorque “com um seguro que custa 50 milhões de euros”.
“Ainda hoje quero ficar aqui porque em Portugal estão as minhas raízes. Gostava que fosse aqui ou noutro lugar. Se não ficar aqui por uma razão, eu talvez faça o meu museu”, apontou.
Recordou que quando era criança e vivia na Madeira, “nem sequer conseguia entrar no Museu de Arte Sacra, porque não tinha dinheiro”.
“Agora tenho cinco museus, e quantos portugueses têm cinco museus?”, questionou o colecionador.
Rui Sanches, Roy Lichtenstein, Frank Stella, Nelson Cardoso, Rui Chafes, Fernanda Fragateiro, James Rielly, Gilbert & George, Jason Brooks, John de Andrea, Peter Klasen, Mimmo Paladino, Enzo Cucchi, David Salle e Julian Schnabel são alguns dos artistas representados na exposição com curadoria de José Berardo.
“O olhar do colecionador/The collector’s eye” vai ficar patente até 27 de setembro deste ano.