Quando uma nova invenção chamada fotografia chegou a Portugal, a sociedade oitocentista recebeu-a com curiosidade. Entre os mais entusiastas estava a rainha D. Amélia, que colecionou quase 50 álbuns de fotografias, ora tiradas por ela e pelo rei D. Carlos, ora feitas por profissionais. Uma seleção de 130 dessas imagens está exposta a partir desta quinta-feira no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, na exposição “Tiré par… A rainha D. Amélia” — nesta fotogaleria pode ver 19 delas.

Após o regicídio, a 1 de fevereiro de 1908, a rainha D. Amélia voltou ao estúdio para ser fotografada em traje de luto. Um pormenor que mostra a relação da rainha, nascida há 150 anos, com a fotografia. Quando a família real viajava, visitava os grandes estúdios europeus, como Boissonas et Taponier em Paris, Numa Blanc fils em Cannes ou Withmore e W. S. Stuart em Londres, para que fizessem o seu retrato, pode ler-se no texto que acompanha a mostra. Mas em muitas das imagens encontram-se as inscrições “Tirée par Carlos” (tirado por Carlos), “Tirée par le Prince” ou “Tirée par le Marquis de Fronteira”, o que inspirou o título da exposição.

Pouco ficava entregue ao acaso. Nas fotos tiradas aquando das visitas de Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII de Inglaterra e do Presidente Loubet de França, os protagonistas apresentavam-se por ordem hierárquica. Os reis e presidentes ficavam em primeiro plano, por trás os príncipes, ministros, conselheiros e embaixadores, por vezes enquadrados por militares nos seus trajes de gala.

No dia-a-dia, os reis registaram os momentos de lazer e de intimidade, desde as caçadas em Vila Viçosa e Mafra aos piqueniques na praia da Adraga. Ao longo dos álbuns, bem legendados e datados, há imagens onde é possível ver a rainha e o rei a segurar as câmaras.

“Tiré par… A rainha D. Amélia” foi comissariada por Luís Pavão e produzida em parceria pela Fundação Casa de Bragança, Palácio Nacional da Ajuda e Centro Português de Fotografia. Pode ser vista em Lisboa até 20 de janeiro de 2016, de quinta a terça-feira, das 10h às 18h, com a entrada a custar cinco euros. Em maio segue para o Paço Ducal de Vila Viçosa e em setembro fica no Porto, no Centro Português de Fotografia.

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