A publicação dos rankings tem “forte efeito” nas escolas, sendo que as privadas reagem mais à divulgação destes resultados do que as públicas. E há movimentos de dois tipos: por um lado, as escolas privadas com pior desempenho têm maior probabilidade de fechar do que as públicas, por outro, as privadas melhoram mais os resultados do que as públicas.
De acordo com o estudo “Ranking das escolas: o impacto nas escolas públicas e privadas”, apresentado esta quarta-feira, quase metade (40%) dos colégios privados posicionados no quartil de classificação mais baixo em 2003, já não estava em funcionamento sete anos depois. Já a percentagem de fechos entre as “piores” escolas públicas ficou-se pelos 14%.
Da análise aos rankings salta à vista uma outra conclusão: “As escolas privadas pontuaram consistentemente acima das escolas públicas” entre 2003 e 2010 e “o fosso entre os dois tipos de escolas aumentou consistentemente ao longo do período”, escrevem os professores da Universidade Nova de Lisboa Ana Balcão Reis, a ex-ministra Carmo Seabra e Luís Catela Nunes.
Se em 2003 a média das escolas públicas era de 100,8 valores (numa escala de 0 a 200) e a das privadas de 103,6 valores, em 2010 as médias passaram para 102,5 e 115,3 respetivamente.
Esta evolução mostra que as escolas privadas melhoraram mais os resultados do que as públicas ao longo desses sete anos em estudo. E isso mesmo se pode confirmar ao ver uma análise mais detalhada à posição destas escolas em 2003 e 2010. Houve uma maior percentagem de escolas privadas (86%) a manter-se no topo das classificações do que de públicas (46%). E olhando para os níveis intermédios de desempenho verifica-se que houve mais escolas privadas a recuperarem no desempenho do que públicas. Aliás, “uma grande percentagem de escolas públicas piorou a sua posição relativa”, resumem os autores.
Seleção de alunos e professores e maior autonomia deixam privadas em melhor posição?
Os três autores deste estudo publicado no livro “A Escola e o Desempenho dos Alunos”, lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, frisam porém que “uma possível explicação dos resultados obtidos no nosso estudo pode ser atribuída a um efeito de triagem de estudantes e professores, ou a efeitos motivacionais”. “Além disso, o nível muito inferior de autonomia das escolas públicas torna mais difícil o seu ajustamento aos rankings publicados”.
Uma possível explicação dos resultados obtidos no nosso estudo pode ser atribuída a um efeito de triagem de estudantes e professores, ou a efeitos motivacionais”, sublinham os três docentes da Universidade Nova.
Os autores tiveram por base de análise os dados dos exames nacionais de 12.º ano, seguindo os critérios adotados pelo jornal Público na publicação dos rankings anuais das escolas. O período utilizado é o de 2003 a 2010 e foram observadas 652 escolas: 515 públicas e 137 privadas.