A Apple apresenta esta terça-feira, após a sessão bolsista em Nova Iorque, os resultados do quarto trimestre fiscal. Mas todas as atenções estarão viradas, como é habitual, para as pistas que a Apple poderá dar quanto ao trimestre em curso – que a empresa chama de primeiro trimestre de 2016, que começou no final de setembro e inclui o período de Natal. Vários analistas admitem algo que, a confirmar-se, será inédito: um declínio nas vendas do iPhone face ao mesmo trimestre do ano passado – um trimestre que foi, na altura, um período com vendas recorde não só para a Apple mas para qualquer empresa norte-americana da História.
O problema de esmigalhar todos e quaisquer recordes, como fez a Apple no primeiro trimestre fiscal do ano passado, é que se torna cada vez mais difícil superar – ou mesmo igualar – o crescimento das vendas. Mas, apesar de a Apple estar há alguns anos numa transição para uma empresa de valor e a deixar de ser, tanto, uma empresa de crescimento, os investidores continuam a exigir à empresa liderada por Tim Cook que este encontre e concretize esse crescimento.
Ainda assim, segundo o Financial Times, a maioria dos analistas aponta para um crescimento de apenas um dígito nos próximos trimestres (incluindo o trimestre em curso, sobre o qual ainda não haverá números hoje). Recentemente, a Apple tem conseguido taxas de crescimento das receitas na casa dos 35%.
A desaceleração poderá estar já a manifestar-se no preço das ações, que deslizaram um pouco desde julho, altura em que foram apresentados os últimos resultados trimestrais. Na altura, a gigante tecnológica apresentou um aumento de 38% dos lucros trimestrais e uma duplicação das vendas no mercado chinês. As vendas do dispositivo mais importante para a Apple – o iPhone – aumentaram 35% face ao mesmo período do ano passado, para 47,5 milhões de unidades vendidas. Mas a empresa pareceu menos otimista em relação ao futuro.
Para esta terça-feira e no que diz respeito aos resultados do quarto trimestre que serão apresentados, os investidores vão procurar perceber a evolução das vendas dos novos iPhone, ainda que estes só tenham sido lançados nos EUA alguns dias antes de fechar o trimestre. Ainda assim, os analistas consultados pela Fortune apontam, em média, para um crescimento de 24% no trimestre terminado em setembro, face ao trimestre equivalente em 2014.
A questão que preocupa alguns analistas é que esse crescimento homólogo abrande de forma acentuada no próximo trimestre – o primeiro de 2016. Segundo a Fortune, os analistas apontam, em média, para vendas na ordem dos 77.790 iPhones, o que seria um crescimento de 4%. Mas, para já, é muito difícil ter uma grande segurança nesse número, até porque boa parte dos analistas aponta para números bem inferiores, que representariam uma queda das unidades vendidas face ao período homólogo.
Isso pode significar uma inversão do sentimento dos investidores em relação ao otimismo que elevou a Apple a empresa mais valiosa de todo o mundo? Citado pelo Financial Times, os analistas do Berenberg acreditam que sim, que “o sentimento está a mudar“. “Muitos fundos estão a sair da ação como resultado das revisões em baixa das vendas potenciais, à medida que se acentua a especulação em torno dos volumes de vendas do iPhone”; afirma o especialista.