Kurt Cobain – Montage of Heck

Em maio, o realizador Brett Morgen, autor do documentário “Cobain: Montage of Heck”, contou ao mundo que vinha aí o primeiro disco a solo de Kurt Cobain, falecido em 1994. “Não é um álbum de Nirvana, é só do Kurt, e vão ouvi-lo fazer coisas que nunca esperariam dele”, fez questão de alertar na altura. Agora que Montage of Heck chegou às lojas, percebe-se a ressalva.

O disco em versão deluxe conta com 31 faixas, muitas delas pequenos recortes e colagens caseiras. Já no CD estão apenas 13, ora rascunhos de músicas como “Been a Son” ou “Sappy”, de Nirvana, ora versões, com destaque para “And I Love Her”, dos Beatles. Lado a lado convivem instrumentais em guitarra, como “Letters to Frances”, que o músico terá composto para a filha bebé, e “Reverb Experiment”, que não é mais do que o título indica, três minutos a fazer reverb com a guitarra. Contas feitas, tudo o que estes momentos – é difícil chamar-lhes canções – têm em comum é o seu estado embrionário. É como se aos fãs fosse dada a possibilidade de espreitar para o interior do quarto de Kurt Cobain enquanto ele pensa alto e experimenta.

Resta uma pergunta: será correto? Abriria Kurt Cobain a porta do seu quarto a qualquer pessoa e teria o mesmo à vontade e desprendimento para experimentar? Provavelmente não, mas nunca haverá uma resposta definitiva. A seleção de gravações foi feita pelo próprio Brett Morgen, a quem foi dado acesso aos arquivos pessoais do músico de Aberdeen. Ver o documentário “Cobain: Montage of Heck” antes de escutar este álbum pode ser um bom complemento para imaginar Cobain num dado momento e cenário. E perceber melhor as gravações que contém.

Anna von Hausswolff – The Miraculous

Da Suécia chega-nos o novo álbum de Anna von Hausswolff. The Miraculous tem nove canções sem pressa, para serem escutadas calmamente nos dias frios e escuros do inverno que se aproxima. Sobre o ambiente sombrio da sonoridade dominada pelas guitarras e o órgão — numa mistura bem feita de gótico, atmosférico e pós-rock — sobressai a voz aguda de Anna.

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Oneohtrix Point Never – Garden of Delete

Esta semana também nos trouxe o regresso de Oneohtrix Point Never, projeto do experimental e futurista Daniel Lopatin. “Comprem Garden of Delete (só porque eu disse)”, escreveu o produtor norte-americano na sua conta de Twitter. Mas não é só ele que diz, basta olhar para a crítica especializada. “Estranhamente, ninguém faz isto melhor”, escreveu a Uncut. “É o álbum mais convincente de Lopatin”, disse a Mojo, sobre o último disco do norte-americano. Nada mau.

Martin Courtney – Many Moons

Enquanto os Real Estate não lançam o sucessor de Atlas, de 2014, temos Many Moons para acalmar as saudades. Martin Courtney, o vocalista e guitarrista da banda norte-americana que nos inunda de nostalgia a saber a final de verão lançou o primeiro trabalho a solo. E é difícil não escutar em canções como “Northern Highway”, “Foto” ou “Challenges” os ingredientes chave que escutámos nas melodias de Real Estate. Depois do frio de Anna von Hausswolff, eis o chá e a manta que nos vão aquecer o corpo e a alma.

Neil Young – Bluenote Cafe

O homem que escreveu “Old Man” acaba de fazer 70 anos e toca de comemorá-los com o lançamento de um disco duplo gravado ao vivo em 1988, ainda Neil era um jovem de 43 primaveras. Bluenote Cafe inclui nove inéditos nunca gravados (“Soul of a Woman”, “Bad News Comes to Town”, “Ain’t it the Truth”, “I’m Goin’”, “Crime of the Heart”, “Doghouse”, “Fool for Your Love”), lado a lado com canções como “Crime in the City, que apesar de ter ficado apagada no disco Freedom, de 1989, por causa de “Rockin’ in the Free World”, merece todo o destaque do mundo.