Ana Moura – Moura

Ao sexto álbum de estúdio, a fadista reafirma-se como uma das vozes mais importantes da música portuguesa contemporânea. Neste disco, Ana Moura parece querer ultrapassar ainda mais os “limites” do fado, género ainda compartimentado, apesar das muitas e felizes incursões e experiências trazidas a palco pela nova geração de fadistas.

Ao contrário de alguns, que vestem (e bem) o fado clássico com roupa do novo século, a artista ribatejana segue caminho em Moura com uma sopa de experiências e fusões, um cozinhado que não agradará aos muitos que elegem o fado tradicional, mas que será capaz de (re)conquistar ouvidos mais abertos e novos públicos.

É música de hoje, mais um bom exemplo do tal “novo fado” sem espartilhos ou medo de arriscar, acrescentando à música de tradição portuguesa novos instrumentos, sons, vozes, ritmos – africanos – e línguas: neste disco, Ana Moura canta um tema em inglês.

Moura foi produzido pelo canadiano Larry Klein, com quem Ana Moura trabalhou em Desfado e conta com as participações de Carlos Tê, Kalaf, Samuel Úria, Pedro Abrunhosa, Sara Tavares e Márcia, entre outros. O primeiro single chama-se “Dia de Folga” e ilustra (mas não representa) o que este disco tem e é: um álbum pop cantado com a (bela) voz de uma fadista.

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Máquina del Amor – Máquina del Amor

Em silêncio tudo parece um engano: o nome da banda, a capa do disco e até o nome dos temas: “9 de Maio”, “Bounce Embora”, “Pãããããããããã”, “Bonitinha Mais Mocada”. Mas depois de carregarmos em play, o som que dali sai é uma moca instrumental contínua de guitarras, ora lentas e melódicas, ora distorcidas, música experimental que anda às voltas sem parecer querer chegar a lado nenhum. E não chegam, é mesmo uma viagem sem fim, é essa a virtude deste primeiro disco da banda de Braga.

Máquina del Amor é uma experiência sonora que, para muitos, não será fácil, mas que entra no lote dos imperdíveis deste outono. Aos comandos da Máquina estão quatro amigos que conhecemos de outras duas paragens: Smix Smox Smux e Peixe:Avião. O que esperar de um disco produzido em Zedes, na freguesia de Carrazeda de Ansiães? O melhor.

https://www.youtube.com/watch?v=pnLl-tounwo

Enya – Dark Sky Island

Enya Brennan começou por ser conhecida no início da década de 1980 por ser a voz dos Clannad. A estreia a solo aconteceu seis anos mais tarde com o álbum homónimo e agora, 30 anos depois, publicou o oitavo LP. Nele não se encontram pérolas como “Caribbean Blue”, um tema (e vídeo) do álbum Shepherd Moons (1991), mas Enya continua no mesmo registo vocal e melódico. Dark Sky Island continua a não trazer nada de novo, mas vai certamente agradar aos que seguem a carreira da cantora e compositora irlandesa. Parar no tempo nem sempre é mau.

CeeLo Green – Heart Blanche

Thomas DeCarlo Callaway, também conhecido pelo nome de palco Cee Lo Green (ou ainda Cee-Lo Green), começou a carreira na banda de hip hop Goodie Mob, no início da década de 1990, mas foi na dupla Gnarls Barkley (com Danger Mouse) que entrou nas bocas do mundo. A solo, conta já com uma mão cheia de álbuns. O último, Heart Blanche, é uma mistura algo desordenada de soul, R&B e hip hop, um disco suave e até romântico, onde presta tributo a Robin Williams. Um dos momentos que se destacam chama-se “Music To My Soul”:

Dengaz – Para Sempre

Ao terceiro álbum, o rapper de Cascais continua a falar dos problemas da vida. As rimas em português parecem fáceis – como no último single “Dizer Que Não” – a produção é cuidada (pelo português Twins) e a popularidade crescente do artista e do género musical é ilustrada pelos vídeos que somam milhões de visualizações. Este Para Sempre será, certamente, um até breve. Está para durar.