Os investigadores franceses do setor da aviação civil divulgam no domingo o relatório final sobre o acidente do avião da Germanwings, que foi deliberadamente provocado pelo copiloto do aparelho em março de 2015 e que matou 150 pessoas.

O relatório dos investigadores do Gabinete de Investigações e Análises (BEA) da autoridade de aviação civil de França deve mencionar recomendações sobre vários aspetos, nomeadamente sobre o sistema de portas do ‘cockpit’ e os procedimentos de acesso e de saída da equipa de pilotagem.

A Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) já recomendou, a título temporário, a presença permanente de duas pessoas dentro do ‘cockpit’ durante a duração do voo.

Esta medida, amplamente aplicada pelas companhias aéreas europeias, de forma voluntária, após o acidente, não reúne unanimidade dentro do setor. O sindicato alemão dos pilotos afirma que a medida comporta “riscos” que “pesam mais do que presumíveis ganhos para a segurança”.

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A 24 de março de 2015, o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, conduziu deliberadamente contra uma montanha o Airbus A321 da companhia ‘low-cost’ Germanwings, que fazia a ligação Barcelona-Dusseldorf.

O copiloto aproveitou a ausência do piloto no ‘cockpit’ para iniciar a rota descendente do aparelho, que transportava 144 passageiros e seis tripulantes.

Dez minutos mais tarde, o avião despenhava-se nos Alpes franceses.

Num relatório preliminar publicado em maio de 2015, após o estudo das caixas negras do aparelho, o BEA confirmou que Andreas Lubitz “regulou intencionalmente as instruções do piloto automático para controlar a descida do avião até à colisão com a montanha”.

O BEA sublinhou ainda nesse documento que o copiloto estava consciente durante a manobra suicida, e que inclusivamente acelerou para a tornar mais rápida. Ignorou ainda os avisos de controlo aéreo e as ordens vindas do exterior da cabine para que abrisse a porta.

Para os peritos, esta catástrofe aérea teve contornos inéditos.

O registo médico de Andreas Lubitz revelou que o copiloto sofria de depressão, mas as “restrições especiais” então impostas não o proibiam de pilotar um avião de passageiros.

O inquérito preliminar do BEA procurou compreender “as falhas sistémicas” associadas ao acidente e “o equilíbrio existente entre o segredo médico e a segurança dos voos”, afirmou, em maio de 2015, o diretor do BEA, Rémi Jouty.