O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi dos primeiros a falar sobre Nicolau Breyner lembrando “um grande artista, grande coração e grande amigo” e que teve uma “vida culturalmente e humanamente muito rica”. Marcelo Rebelo de Sousa conta ainda que “teve um grande desgosto”.

O primeiro-ministro, António Costa, também falou sobre o ator e realizador recordando “um extraordinário ator, nos últimos anos um grande realizador e para além disso um amigo e que deixa um vazio imenso no teatro, no cinema e na novela em Portugal”, disse.

António Costa: “Um amigo e que deixa um vazio imenso”

António Costa manifestou uma “enorme tristeza” pelo falecimento de Nicolau Breyner, da qual teve conhecimento durante a reunião de concertação social.

O primeiro-ministro recorda “um extraordinário ator, nos últimos anos um grande realizador e para além disso um amigo e que deixa um vazio imenso no teatro, no cinema e na novela em Portugal”.

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Costa admite que deve “a ele alguns dos mais notáveis papéis representados em Portugal e grandes momentos de humor em que ele era absolutamente exímio desde a crítica política à crítica de costumes”. Salientou que “é uma grande perda para todos nós”, os portugueses, e para ele, o primeiro-ministro, “uma grande tristeza”.

Pedro Passos Coelho: “Nicolau Breyner marcou gerações”

Pedro Passos Coelho recordou esta tarde Nicolau Breyner pelo seu papel na cultura, mas também como homem “empenhado” e “solidário”. Numa mensagem enviada à comunicação social, o líder do PSD também quis prestar homenagem ao ator Nicolau Breyner: “Nicolau Breyner marcou gerações. Na cultura e na vida social, Nicolau Breyner será sempre recordado como o pioneiro de expressões culturais”.

Na mesma mensagem, Passos Coelho destaca duas faces de Nicolau Breyner, o de homem de cultura, mas também como homem que deixa um legado que “merece o nosso profundo respeito e um enorme agradecimento”. “O seu contributo para o teatro, o cinema e a televisão na democracia portuguesa são incontornáveis. Como ator, realizador, produtor ou argumentista, como empresário ou formador de atores, como cidadão empenhado e homem de cultura solidário Nicolau Breyner deixa um património de trabalho e de vida que merecem o nosso profundo respeito e um enorme agradecimento”, escreve.

Passos termina a mensagem deixando condolências à família.

Ferro Rodrigues: o “humorista revolucionário”, diz presidente da Assembleia da República

Quem também mostrou condolências pela morte de Nicolau Breyner foi o presidente da Assembleia da República. Numa mensagem, Ferro Rodrigues lembrou Breyner como “um ator absolutamente extraordinário nos mais diversos registos, um humorista revolucionário, um homem de reconhecida independência que faz parte da minha vida desde os meus 20 anos, quando nas eleições de 1969 nos cruzamos no apoio à CDE”, escreveu.

Para sintetizar a mensagem, Ferro Rodrigues escreve: “O país perde um dos seus melhores criadores”.

Paulo Portas: “Transformava qualquer tristeza numa alegria”

Eram amigos há cerca de 25 anos e a relação forte não era só pessoal, chegou a ser política, quando Nicolau Breyner decidiu ser candidato autárquico em Serpa, no seu Alentejo. Paulo Portas descreve o amigo como um “homem excecional” ou melhor, como “um ser humano muito excecional”, que fica na história do teatro, do cinema, da televisão, sobretudo pelas telenovelas.

Primeiro, o homem. “Transformava qualquer alegria numa inundação de boa disposição. Qualquer tristeza numa alegria”, sintetiza Paulo Portas em conversa com o Observador. O ex-líder do CDS viu o amigo partir no dia a seguir a deixar a liderança do partido. “Antes de tudo o mais era um homem excecional, de uma grandeza, de uma bondade, de um altruísmo, de boa disposição, amigo dos amigos, independentemente das circunstâncias”, conta.
E as circunstâncias podiam ser boas ou más.

Tinha uma infinita boa disposição. Humanamente era muito excecional. Era natural na relação com os outros, em particular nos momentos difíceis – deu-me muito alento em momentos difíceis. Era muito leal aos amigos independentemente da circunstância política. Havia sempre um telefonema, íamos almoçar muitas vezes”, conta.

Depois, o ator e o homem do cinema, do teatro e da televisão.”Não se pode falar da história do teatro, do cinema, das telenovelas e ate da televisão sem passar pelo Nico. Há um antes e um depois”, conta. “Ele foi produtor e realizador, mas tinha outra dimensão muito importante: Foi em primeiro e em último lugar um ator. Um actor incrivelmente versátil“.

Era simples e natural. Dava a mão a quem lhe pedia uma oportunidade. Uma coisa muito bonita nele era que deu oportunidade a gente com talento. Ele era um criador de talentos

E por fim, o homem com uma “ideia do país”. Foi o homem que quis ter uma ação cívica e por isso chegou a ser candidato à Câmara Municipal de Serpa, em 1993, pelo CDS. “Ele era um português saudável e um alentejano carinhoso. Houve um momento em que ele achou interessante ter um envolvimento cívico no Alentejo e achou interessante ir pelo CDS no coração do Alentejo, em Serpa”. “Se ele tivesse ganho, teria ficado presidente da Câmara. Foi uma campanha muito divertida. Abanou tudo”, sintetiza Portas.

Nicolau Breyner chegou aos 20% nessas eleições, mas não chegou a ser político. Mas isso não o impediu de ter espaço onde dizia o que pensava. Tinha “uma ideia do país”, diz Paulo Portas. A ação de Nicolau Breyner voltou a dar que falar na última escola de quadros do CDS, no verão passado, quando foi dar uma aula aos militantes da Juventude Popular. “Foi ensinar como falar em público. Ficou muito impressionado com dois ou três”. E a Paulo Portas, ensinou? “Não, mas dava muitas opiniões”.