The Range

Potential

A música é uma arte com muitas curvas e onde a inspiração pode vir de qualquer lado. O produtor James Hilton voltou a encontrar, para este álbum, uma fonte inesgotável chamada YouTube. Varreu a rede à procura de samples (amostras) de voz, isolou-as e usou esses recortes para pintar melodias. A técnica em si não tem nada de novo (o sul-africano Pogo faz o mesmo com excertos de filmes), o que impressiona em Potential é o resultado final.

Este segundo LP do produtor de Brooklyn, 27 anos, é uma belíssima coleção de histórias, exemplar do ponto de vista técnico e estético. Para cada voz, The Range desenhou uma base instrumental eletrónica relativamente simples (mas viciante), que resultou num casamento que fica registado na lista dos melhores do ano. Só ouvindo.

Liima

ii

Muitos já terão ouvido falar dos Efterklang, um quarteto dinamarquês formado no início da década passada. Conhecidos pelo domínio da folk e pop/rock alternativos, três deles juntaram-se agora com o percussionista finlandês Tatu Rönkkö para formar os Liima (palavra que significa “cola”, em finlandês). O novo consórcio escandinavo lançou este mês o álbum de estreia, gravado durante quatro residências artísticas que decorreram na Finlândia, Alemanha, Turquia e na ilha da Madeira, que resultaram num disco eletrónico, que usa e abusa de pedais, caixas de ritmos e sintetizadores. ii é uma deriva sonora distorcida e só o futuro dirá se foi um devaneio ou uma mudança de caminho, mas que os Efterklang se dão bem nestes ritmos, disso não restam dúvidas.

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Céu

Tropix

Charme. É a palavra que melhor define o primeiro impacto com o quarto álbum de estúdio da cantora paulista Maria do Céu. Começa logo pela capa, uma provocação revivalista que tresanda a disco sound. Mas depois, lá dentro, está música latina e tropical, cantada em português e inglês. Basta uma passagem para perceber que Tropix ilustra o que se está a fazer no imenso mundo que é a música moderna brasileira – do qual nos chega muito menos do que devia. O X em Tropix (Trópico) dá o primeiro toque eletrónico (o disco saiu nas plataformas de streaming antes da edição física), o resto é uma dança lenta e diversa de que se vai aprendendo a gostar. Ora sorria com “Minhas Bics” e depois experimente esta canção chamada “Chico Buarque Song“. É tudo perfume.