“Cape Cod Kwassa Kwassa” — Vampire Weekend

Os primeiros acordes de um punhado de canções dos Vampire Weekend transportam-nos automaticamente para uma qualquer praia paradisíaca, de preferência no continente africano. Basta carregar no play e já nos estamos a imaginar com uma água de coco na mão a olhar para os banhistas, uns a nadar alegremente, outros a engasgarem-se com uma onda mais forte que rebentou cedo demais. Ahhh, o verão.

“Summer Sun” — Koop

As esplanadas, mas não só, estão cheias de poluição sonora. É difícil escutar o ruído do mar, abafado sob a ilusão de conforto que chega através das colunas na forma de música lounge. É pena. Um critério de escolha um pouco mais exigente poderia conduzir a resultados bem melhores. “Summer Sun” é apenas um exemplo. Mas dos bons.

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“I Get Around” — The Beach Boys

Quem passou o último 10 de junho no NOS Primavera Sound teve o privilégio de celebrar este hino de verão com quem o criou. Brian Wilson, 73 anos, compôs e produziu esta canção em 1964 para os seus Beach Boys. Mais de meio século depois, ela ainda se canta e dança bem alto, onde quer que seja tocada. O Parque da Cidade do Porto é testemunha.

“FloriDada” — Animal Collective

O vídeo colorido e o nome roubado ao Estado americano das praias e das palmeiras esconde uma suave crítica. A letra é uma resposta ao preconceito dos outros Estados em relação aos habitantes da Florida, considerados fúteis e sempre envolvidos em atividades menos sérias, como apanhar sol e desfilar junto à praia dentro de bons descapotáveis. Pois que se dane a seriedade. É verão e o que apetece mesmo é abrir o vidro e gritar lá para fora: FloriDada, FloriDada!

“The Only Place” — Best Coast

Duo formado em Los Angeles, na Califórnia, primeiro álbum lançado em julho… As evidências apontam para sonoridades amigas do verão. Em algumas composições isso é uma verdade tão cristalina quanto a água do mar das Caraíbas. E se Bethany Cosentino e Bobb Bruno cantam sobre como é maravilhoso viver na solarenga Califórnia, os portugueses também podem olhar à sua volta e ficar contentes:

Why would you live anywhere else?
Why would you live anywhere else?
We’ve got the ocean, got the babes
Got the sun, we’ve got the waves
This is the only place for me

“Going Up The Country” — Canned Heat

Quem se lembra do filme “Woodstock”, que documenta o festival de uma geração, não ficara surpreendido ao escutar esta canção. Tem pouco a ver com o registo dos blues ligados à eletricidade que marcou a maioria da música dos Canned Heat. A estrutura dos blues está lá, mas a canção parece ter sido feita para ser tocada e cantada em redor de uma fogueira, bastando para isso uma guitarra e uma flauta, instrumento muito cool entre os hippies.

“Paredes de Coura” — Pega Monstro

Se houvesse um hino oficial para as milhares de almas que dedicam alguns dias do seu verão a comer mal, a tomar banho de água fria em chuveiros públicos e a dormir no chão, esse hino seria “Paredes de Coura”, das portuguesas Pega Monstro. Vale quase tudo para podermos ver de perto algumas das nossas bandas favoritas. Para detalhes sórdidos, é ouvir a letra com atenção.

“(Sittin’ On) The Dock of the Bay” — Otis Redding

Em agosto de 1967, Otis Redding ficou instalado numa casa junto ao rio, em São Francisco. O que viu e a paz que sentiu levaram-no a pegar na caneta e a começar a escrever:

Sittin’ in the morning sun
I’ll be sittin’ when the evening comes
Watching the ships roll in
Then I watch them roll away again, yeah

Fernando Pessoa é que a sabia bem. “Ai que prazer / Não cumprir um dever /Ter um livro para ler / E não fazer!”. Um viva ao direito à preguiça.

“Used to Get High” — John Butler Trio

Quem ainda não teve a oportunidade de ver estes australianos em palco deve estar atento a futuras digressões. Há rock, há funk, há uma pitada de reggae, há um dedilhar de guitarra de causar inveja a muitos guitarristas de topo e há letras para exercitar os neurónios. Coisa que falta a quase todos os sucessos de verão que nos vão invadir o ouvido em tantas esplanadas e festas dentro e fora de fronteiras.

“Saturday In The Park” — Chicago

A sequência inicial desta canção, tocada no piano, é um dos motivos porque os Chicago merecem ter um lugar de honra na história da música pop/rock. Mas há mais. Os instrumentos de sopro que integram os arranjos dão cor e alegria ao tema, que celebra um sábado passado num parque. Deve escutar-se na companhia de cheiro a relva e de um copo de vinho rosé acabado de saltar da mala térmica.

“I Go Swimming” — Peter Gabriel

Deste duplo álbum ao vivo do antigo líder dos Genesis, ficou famosa a ótima versão de um dos temas mais célebres do músico: “Solsbury Hill”. Acontece que Peter Gabriel foi semeando, ao longo da carreira, pequenas pérolas que não descolaram em direção à fama. “I Go Swimming” é um destes casos. Muito melhor aqui, ao vivo, do que na raridade que é a versão de estúdio.

“Garota de Ipanema” — João Gilberto (Tom Jobim / Vinícius de Moraes)

Helô Pinheiro era só uma adolescente a entrar no velhinho Bar do Veloso, no Rio de Janeiro, para comprar cigarros para os pais. Mas a graça com que se balançava no caminho captava a atenção de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Juntos, escreveram uma das canções mais populares de sempre, aqui gravada em 1963 por João Gilberto, Astrud Gilberto e o saxofonista Stan Getz. Mesmo num dia de inverno, esta música é capaz de nos transportar para a Praia de Ipanema.

“Summertime Blues” — Eddie Cochran

Há versões que bastem desta canção de um dos nomes que fez sucesso durante os velhos tempos do rock and roll. Os The Who registaram uma das mais poderosas. Pode ser escutada no clássico Live at Leeds. Porém, esta é uma situação em que o original resiste a reinterpretações. Aqui fica, portanto, Eddie Cochran com os três acordes que são suficientes, nem sempre, é verdade, para colocar toda a gente aos pulos, de preferência numa noite de verão, ao ar livre.

“Learn To Fly” — Foo Fighters

Este tema fica bem em todas as estações. Acontece que tem um tom otimista que o torna especialmente apetecível se for escutado com uns raios de sol de fim de tarde, antes de chegar a hora de fazer umas fotografias de um dos momentos mais nobres do dia. Afinal de contas, o final de um belo dia de verão não transmite aquela sensação de que nos apetece voar? Pois, mas primeiro é preciso aprender.

“On The Beach” — Neil Young

O verão não é apenas caipirinhas, biquínis de ficar com a língua de fora, vitamina D e mergulhos revigorantes. Neil Young recorda outra faceta da praia. Um destino para tentar consolar a alma quando os tempos se mostram sombrios. O tema-título de um dos álbuns mais geniais da carreira de Young não podia ficar de fora desta lista. Para ouvir em momentos de introspecção.

https://www.youtube.com/watch?v=CKgj1FNToWY

“Indian Summer” — The Doors

A seguir ao verão, chega o outono. E, durante esta estação, costuma haver alguns dias de tempo quente, que são celebrados pelos Doors em “Indian Summer”. É uma daquelas canções hipnotizantes que fazem a fusão entre blues e inspiração vinda do oriente. Depois de muita pop durante o dia, o serão pode ser passado com este tema. Para ouvir até atingir o estado de letargia.