O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, assumiu esta terça-feira, na Assembleia da República, que o rendimento dos atletas nacionais nos Jogos Rio 2016 ficou aquém das expectativas.

Ficámos aquém dos objetivos e das nossas expectativas. Tínhamos previsto que 25% dos atletas que estavam no nível de topo do apoio olímpico chegassem às medalhas, ou seja, prevíamos três medalhas, alcançámos uma. Prevíamos 12 diplomas, conseguimos dez. Esperávamos 17 posições de semifinalista, tivemos 18″, começou por enumerar José Manuel Constantino na audição para avaliação da participação olímpica portuguesa no Rio 2016, na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na Assembleia da República.

Apesar de, no cômputo geral, Portugal ter somado mais pontos do que em Londres 2012 e Pequim 2008 e ter tido mais atletas em posições próximas às medalhas, o presidente do COP lamentou que 60% dos desportistas lusos não tenha conseguido confirmar os resultados que estiveram na origem do apuramento para o Rio 2016.

“Este é um dado que tem de ser analisado com cuidado, uma vez que há modalidades condicionadas pelo contexto de competição”, defendeu, considerando também “preocupante” que cerca de metade dos atletas que receberam bolsa no ciclo do Rio 2016 não tenha garantido o apuramento para os primeiros Jogos Olímpicos sul-americanos.

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José Manuel Constantino, que reconheceu que no Rio de janeiro nada correu bem à missão portuguesa, chamou ao COP a responsabilidade dos resultados, assumindo não ter qualquer reparo a fazer aos recursos disponibilizados quer pelo governo em funções, quer pelo anterior.

A responsabilidade é apenas nossa. Não fomos capazes de ser mais competitivos do que fomos. Os nossos atletas deram naquele momento o melhor que tinham para dar. A minha convicção é que aquilo que deram naquele momento não foi o melhor que já tiveram para dar. São dados para analisar nas próximas edições. A perceção que tenho é que a nossa missão vale mais do que acabou por mostrar no Rio de janeiro”, argumentou.

O máximo responsável olímpico nacional acredita que a chave para perceber os resultados “meritórios”, mas abaixo das expectativas, reside numa explicação técnico-desportiva.

Por que motivo um atleta que rendeu há dois meses já não rende nos Jogos Olímpicos? Temos de fazer esta avaliação, sem prejuízo de todas as questões. Se não a fizermos, corremos o risco de colocar mais dinheiro no projeto de Tóquio 2020 e termos resultados semelhantes”, disse.

José Manuel Constantino mostrou-se convicto de que a melhoria de resultados passará por um reformular do calendário competitivo dos atletas nacionais em ano de Jogos Olímpicos.

Não é possível estar no pico de forma nos Europeus e mantê-lo até aos Jogos. Grande parte dos medalhados olímpicos resguardam-se em anos de Jogos Olímpicos”, frisou.