A escritora Sally Wainwright (“Happy Valley” e “Last Tango in Halifax”) regressa à televisão com uma série dramática sobre a vida de três personagens especiais: as irmãs Brontë. “To Walk Invisible” é “a história de Charlotte, Emily e Anne Brontë, as irmãs que ultrapassaram uma vida de dificuldades para escreverem grandes obras literárias”, refere a cadeia de televisão inglesa BBC que irá começar a transmitir a série no dia 29 de dezembro. O drama contará com Charlie Murphy (“Happy Valley” e “Rebellion”) como Anne, Chloe Pirrie (“Brief Encounters” e “Guerra e Paz”) como Emily e Finn Atkins (Paige em “Eden Lake”) que irá interpretar Charlotte Brontë.

O drama de duas horas acompanhará a vida das irmãs Brontë: Emily, que morreu aos 30 anos, tendo publicado apenas um livro, O Monte dos Vendavais; a irmã mais velha Charlotte, autora de Jane Eyre, Shirley, Villette e O Professor; e a irmã mais nova Anne, que escreveu The Tenant of Wildfell Hall e Agnes Grey. Das três, Emily continua a figura mais misteriosa. A irmã mais velha deixou centenas de cartas, estudadas por biógrafos, mas Emily não deixou nenhuma.

Numa entrevista ao jornal “The Guardian“, Sally Wainwright disse: “Ao ler as cartas, fico com a impressão que a Emily e a Charlotte tinham uma relação difícil, uma vez que a Charlotte queria ser a melhor amiga de Emily e esta não estava tão interessada. Acho que elas tinham problemas uma com a outra e Anne era a cola que mantinha tudo a funcionar.” Charlotte ainda descreveu Emily como “anti-social quase a nível patológico”.

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Com o convite da BBC para fazer uma série dramática, Wainwright afirmou que “foi algo que sempre quis fazer”, uma vez que a escritora cresceu perto da casa onde viveram as irmãs. Mas a produção acabou por ser transformada em filme. “Trata-se de uma exploração do imaginário das Brontë e da atmosfera intensa de que faziam parte, também criada pelo irmão Branwell, viciado em drogas e álcool, e das suas rotinas” acrescentou Wainwright na mesma entrevista.

O título do filme foi retirado de uma das frases utilizadas por Charlotte Brontë numa carta, ao referir-se a um encontro que teve com um membro do clérigo, que apesar de conhecer a sua literatura não reconheceu Charlotte como sua autora devido ao pseudónimo utilizado “Currer Bell”. Charlotte escreveu ao seu editor: “Que autor não gostaria de tirar vantagem de ser invisível? Um que não consiga manter a mente em silêncio.”

“To Walk Invisible” não se foca no período em que as irmãs escreveram as suas obras literárias. O filme vai mostrar Emily sempre de “mangas arregaçadas” quer seja na cozinha, nas lides domésticas ou quando vai buscar o irmão ao bar. Sally oferece uma perspetiva diferente sobre a vida delas, “os últimos três anos das suas vidas foram tão intensos que eu não queria inventar uma história, estava tudo ali. Queria por o Brandwell no centro e não que ele fosse considerado fixe.” A escritora acrescenta ainda que “de todas as figuras literárias que posso pensar, ainda mais do que Shakespeare ou Dickens, penso que as pessoas estão interessadas nas vidas pessoais das irmãs Brontë. Elas viveram na escuridão mas agora são estrelas”.