Frederico Varandas venceu o sufrágio deste sábado à presidência do Sporting e tornou-se assim o 43.º líder do clube em 112 anos, sucedendo a Bruno de Carvalho. Sabe quem ganhou mais títulos no futebol? E quem esteve mais anos no comando?

Visconde de Alvalade: 1906-1910

Advogado nascido em Santarém e formado bacharel em Coimbra, foi um dos principais fundadores do clube quando já vivia no Lumiar. Começou por liderar o Campo Grande Foot-Ball Club mas acompanhou o afastamento do neto, José Alvalade, para fundar o Sporting. Deu terrenos, uma casa e dinheiro para o nascimento do clube. Fez os primeiros estatutos. Acabaria por morrer em 1920.

Caetano Pereira: 1910 e 1912-13

Praticante de ginástica e natação, entrou no clube para acompanhar mais de perto os três filhos desportistas. Foi o primeiro líder a repetir a presidência em dois momentos distintos. Importou da Alemanha o símbolo desenhado para o clube, indigitou os capitães, melhorou as infraestruturas e reformou alguns serviços. Introduziu o Conselho Fiscal e Disciplinar e o Conselho Técnico nos segundos estatutos. Organizou também o primeiro jogo com entradas pagas.

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José Alvalade: 1910-12

Foi o grande impulsionador para o nascimento do clube e o autor da célebre “Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”, ainda hoje tão utilizada. Jogou futebol, críquete e ténis nos leões, dotou o clube das melhores instalações do país e foi determinante na construção do Stadium Lisboa.

Mota Marques: 1913-14

Hábil ginasta, esteve no Campo Grande Foot-ball Club e passou para o Sporting. Além de ter equilibrado as finanças, inaugurou a sede na rua Garrett, criou a Comissão de Revisão dos Estatutos, introduziu o hino “Menelik” e contratou Artur José Pereira, primeiro futebolista pago no país que veio do Benfica e mais tarde viria a fundar o Belenenses.

Queirós dos Santos: 1914-18

Vindo do Grupo Sport Lisboa, fez parte da primeira equipa de sempre do Sporting (tanto jogava como lateral como era avançado), foi capitão e membro do Conselho Técnico mas também integrou a “equipa invencível” de Luta de Tração à Corda. Aprovou os terceiros estatutos do clube. Também foi árbitro e fundou o “Jornal de Sports”. Ganhou na sua vigência um Campeonato de Lisboa.

Mário Pistacchini: 1918 e 1918-21

Foi médio direito na terceira categoria do clube. Revelou-se fundamental para a construção das instalações do Campo Grande, emprestando dinheiro, e sempre foi apologista e apoiante dos grandes projetos para o Sporting. Contratou pela primeira vez um treinador (Charles Bell) e aprovou os quartos estatutos, que autorizavam filiais e delegações pelo país. Ganhou também um Campeonato de Lisboa como líder.

Soares Júnior: 1918, 1921 e 1927-28

Pertencente aos “Sócios Cooperadores de Mérito”, destacou-se como desportista e abriu a secção de ciclismo (tinha sido campeão nacional de velocidade) no clube. Recebeu o nome da taça do encontro que restabeleceu as pazes entre Sporting e Foot-ball Clube do Porto, em 1923-24 (o Sporting venceu esse encontro mas deu o troféu ao adversário). À semelhança dos dois líder antecessores, venceu um Campeonato de Lisboa.

Garcia Cárabe: 1921-22

Nasceu em Sevilha mas desde cedo se radicou em Portugal. Durante o seu reinado, foram instituídos o Boletim e as Filiais do clube (a número 1 em Tomar), além de ter levado a equipa à Andaluzia na primeira deslocação da equipa ao estrangeiro. Mudou-se depois para Faro, onde presidiu o Sporting Clube de Farense, tornando o clube filial número 2. Para não destoar, também ganhou um Campeonato de Lisboa.

Júlio de Araújo: 1922-23 e 1924-25

O senhor dos mil desportos: praticou atletismo, natação, hóquei em campo, ténis e futebol. Conseguiu criar um método eficaz para angariar sócios (passaram de 300 para 3000) e esteve ligado à evolução de infraestruturas e outros projetos como Boletim, Filiais e Conselho Técnico. Criou o Posto Náutico e o Sporting tornou-se quase imbatível na natação. Conquistou dois Campeonatos de Lisboa e um Campeonato de Portugal.

Sanches Navarro: 1923-24 e 1926-27

Foi um dos fundadores da equipa de futebol do Real Ginásio e do Clube Naval de Lisboa, onde praticou remo. Teve funções na Federação e na Associação de Futebol de Lisboa, além de 20 anos como dirigente do Sporting. No seu reinado, o clube ficou proprietário das instalações do Campo Grande e teve de contrair um empréstimo interno de 41 contos, devido a problemas financeiros. Não ganhou títulos no futebol.

Salazar Carreira: 1925-26

Chegou a ser Inspectos-Geral dos Desportos entre funções em federações e associações de variados desportos. Destacou-se no atletismo, entre outros, e introduziu no Sporting o râguebi, o voleibol e o andebol. Ao ver um jogo de râguebi do Racing, em França, inspirou-se na camisola listada que ainda hoje o clube tem. Escreveu “Os Dez Mandamentos do Sporting”. Ganhou um Campeonato de Lisboa.

Joaquim Oliveira Duarte: 1928-29 e 1932-42

Segundo presidente com maior longevidade no cargo, conquistou o primeiro Campeonato Nacional, três Campeonatos de Portugal, oito Campeonatos de Lisboa e uma Taça de Portugal. Praticou remo, natação e pólo aquático (foi campeão). Foi o responsável pelo 1.º Congresso Leonino. Equilibrou o clube numa fase difícil e conquistou inúmeros troféus em mais de uma dezena de desportos. Ao contratar Szabo, antecipando-se ao FC Porto, garantiu um dos períodos de maior sucesso no futebol.

Eduardo Costa: 1929

Foi jogador e capitão de equipas de futebol do Sporting e ainda praticou esgrima. Reeditou o Boletim do Sporting, fez os quintos estatutos e instalou a sede do clube na Calçada de São Francisco, liderando o clube numa altura de grave crise financeira e desportiva. Fez também parte do Conselho Técnico da Associação de Futebol de Lisboa.

Álvaro José de Sousa: 1929-31

Assumiu a presidência ainda numa altura em que se fazia sentir a crise de 1928-29. Presidiu à Comissão Organizadora das Bodas de Prata e foi nessa altura que houve um corte de relações com Benfica e Casa Pia devido a uma guerra entre Federação e Associação de Futebol de Lisboa. Retirou o número 3 de sócio em homenagem a Francisco Stromp, o mais novo capitão de sempre. Ganhou um Campeonato de Lisboa.

Artur Silva: 1931

Foi escolhido em Julho de 1931, quando era um alto funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, talvez para resolver o problema dos terrenos que o Sporting ocupava no Campo Grande. Só assistiu às primeiras reuniões, tendo depois sido substituído até à renúncia pelo vice-presidente Carlos Correia Pinto da Silva.

Carlos Correia: 1932

Devido à falta de disponibilidade de Artur Silva, acabou por comandar o clube numa maior duração mas apenas assumiu a presidência entre fevereiro e março de 1932, para assegurar a transição para Álvaro Retamoza Dias após a demissão de Artur Silva. Foi autor e encenador da revista “O Solar dos Leões” e colaborou com o Boletim do Sporting.

Retamoza Dias: 1932

Capitão das secções de atletismo, ciclismo e motorismo, presidiu ao primeiro jogo de andebol de 11 do Sporting. Teve um contributo decisivo na construção da “Vila Estágio”, primeiro centro de estágios do país, e no arrendamento do Stadium de Lisboa. Mais tarde foi presidente do Congresso da Federação Portuguesa de Ciclismo.

Augusto Amado de Aguilar: 1942-43

Licenciado em Direito, ficou conhecido pela maneira dura como defendia o clube perante a Direção-Geral de Desportos e o Ministro da Educação Nacional. Contribuiu para iniciativas e contribuições financeiras. Após análise arrasadora dos anteriores mandatos, impôs novos métodos administrativos e de elaboração de orçamentos. Ganhou um Campeonato de Lisboa.

Diogo Alves Furtado: 1943

Presidiu à Comissão Administrativa que foi imposta ao Sporting por intervenção e nomeação do Ministério da Educação Nacional. Médico de renome, professor na Faculdade de Medicina, diretor do Hospital Militar da Estrela ou dos serviços de neurologia dos Hospitais Civis, fez parte de vários elencos diretivos e presidiu o Conselho Geral.

Cunha e Silva: 1943-44

Conquistou um Campeonato Nacional. Um dos líderes com menos by Ads” href=”#72383039″> tempo em função e menos registos a assinalar. Ainda assim, mereceu destaque nos dez meses que esteve no cargo pelo desenvolvimento e promoção do bom funcionamento do Fundo de Recrutamento. Além do campeonato nacional, conquistou a Taça Império.

Augusto Barreira de Campos: 1944-46

Transitou do elenco anterior, onde tinha sido vice-presidente. Conseguiu a permanência no Stadium de Lisboa (que daria depois o José Alvalade) junto de Salvação Barreto, líder da Câmara Muncipal de Lisboa. Reatou relações com o rival Benfica, fez o quarto emblema e criou as primeiras escolas de natação em Portugal. O futebol ganhou no seu reinado um Campeonato de Lisboa e uma Taça de Portugal.

Ribeiro Ferreira: 1946-53

Seis Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e um Campeonato de Lisboa dizem quase tudo. Foi indigitado presidente por unanimidade. Durante sete anos no cargo, contratou Cândido de Oliveira, teve das melhores equipas de sempre (Cinco Violinos) e ganhou seis em sete campeonatos. Remodelou os estatutos, criou o Conselho Geral mais abrangente, fomentou o aumento dos núcleos (deixou o clube com 12 mil sócios) e arrancou o novo estádio.

Góis Mota: 1953-57

Foi o pai do lema do clube – “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória: eis o Sporting” – e deu forte impulso nas filiais em África. Licenciado em Direito e destacado membro do regime na época, conduziu a construção do estádio José Alvalade, inaugurado a 10 de Junho de 1956, ponto alto dos festejos das Bodas de Ouro. Ganhou um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal.

Cazal-Ribeiro: 1957-58

Já tinha sido vice-presidente para as Relações Exteriores e secundou a gestão do novo estádio, beneficiando dos variados contactos a nível empresarial. Empresário, foi deputado na Assembleia Nacional e vereador da Câmara Municipal de Lisboa. Uma década depois, chegou à presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Conquistou também um Campeonato Nacional.

Brás Medeiros: 1958-61 e 1965-73

Esteve dois mandatos distintos na presidência do Sporting. Fez o 2.º Congresso, reforçou os estatutos e reorganizou a administração do clube. Não conseguiu aliviar por completo a situação financeira mas manteve a hegemonia no atletismo, no andebol e no ciclismo, graças a nomes como Joaquim Agostinho, Carlos Lopes e Fernando Mamede. No futebol, ganhou dois Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal.

Gaudêncio Silva: 1961-62

Antigo atleta em hóquei em campo, hóquei em patins e tiro, dedicou-se vários anos à arbitragem e dirigiu a Comissão Administrativa da Federação Portuguesa de Patinagem. Esteve presente em vários Jogos Olímpicos, em 1972 e 1976, como chefe de comitiva. Foi um dos 43 garantes para a construção do estádio. Conta também com um Campeonato Nacional.

Joel Pascoal: 1962-63

Militar de carreira, foi um símbolo do ecletismo, tendo praticado desportos da vela ao ténis, passando por esgrima, ginástica e remo. Idealizou, instaurou e presidiu o grupo “Os Cinquentenários”. Foi também presidente da Associação de Futebol de Lisboa, da Federação Portuguesa de Natação e do Sporting Clube de Lourenço Marques. Ganhou ainda uma Taça de Portugal.

Viana Rebelo: 1963-64

O mandato deveria terminar a 28 de abril de 1964 mas foi prolongado até 29 de Maio para conquistar a única competição europeia da história do clube: a Taça das Taças. Foi um dos apoiantes da estafeta Chama da Pátria. Também militar, fez o Centro de Estágio em Alvalade e novos estatutos, colocando o Conselho de Presidentes.

Homem de Figueiredo: 1964-65

Atleta multifacetado do Sporting (futebol, salto em altura, 400 metros e 800 metros, hipismo, tiro, ténis, natação, caça), pertenceu à Arma de Cavalaria (1930) e ingressou na Aeronáutica em 1953. Foi um membro destacado do grupo Stromp. O mandado foi abalado pelo caso Carlitos e pelos maus resultados desportivos.

Valadão Chagas: 1973

Um presidente único na história do clube porque assumiu a função… durante menos de um dia: na tomada de posse, foi convidado por Marcelo Caetano para ir para o governo e aceitou, assumindo o cargo de Secretário de Estado. No entanto, apenas renunciou oficialmente ao cargo cinco dias depois.

Manuel Nazareth: 1973

Tinha sido votado como vice mas ficou como líder interino após a saída de Valadão Chagas para o governo, apenas para fazer a transição. O Sporting atravessava uma das maiores crises da história mas assumiu a missão, cumpriu todos os orçamentos, desenvolveu a política social do clube, teve boa relação com os rivais e resolver o conflito com Peres. Ganhou uma Taça de Portugal no futebol.

João Rocha: 1973-86

Presidente com mais anos no cargo e um dos líderes mais emblemáticos, por querer realizar uma obra que mudasse todos os outros clubes. Fez o primeiro projeto de clube-empresa (que não avançou por causa do 25 de Abril) e deu uma dimensão enorme ao clube, dos títulos (1.210 no total de tudo) ao património. No futebol foram três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e uma Supertaça.

Amado de Freitas: 1986-88

Economista, foi vice-presidente em dois momentos (com pasta das finanças e, depois, também com o futebol, ambas com João Rocha) antes de ser líder do clube. Foi um presidente discreto e rigoroso, que viveu momentos agitados com a preocupação de controlar as contas. Esteve nos 7-1 ao Benfica. Ganhou uma Supertaça no futebol.

Jorge Gonçalves: 1988-89

As promessas das “unhas de leão” deram a vitória ao Bigodes nas eleições mais concorridas de sempre mas, mais tarde, percebeu-se que nem pequenas garras chegaram a Alvalade. Teve três técnicos, alguns flops (e contratações falhadas como Rijkaard) e zero resultados (no futebol e nas finanças). O Sporting vivia a maior crise de sempre.

Sousa Cintra: 1989-95

Entre sucessos e alguns erros, ainda hoje é reconhecido pela coragem e dedicação ao clube (andou nos Balcãs durante a guerra para tentar assinar com Pandev). Não teve grandes resultados no futebol mas tinha todas as equipas e escalões, mantendo o ecletismo vencedor no Sporting, aumentou o número de sócios, as assistências e a qualidades das equipas.

Santana Lopes: 1995-96

Foi o reinado mais curto das últimas décadas e, em paralelo, um dos mais ruinosos: acabou com o futebol feminino, voleibol, hóquei em patins e basquetebol (este por referendo aos sócios), instituiu uma quota extraordinária e cometeu alguns erros no mercado. Não resistiu ao chamamento político e saiu um ano depois, apesar de ter ganho uma Taça de Portugal (no primeiro jogo como líder do clube) e uma Supertaça.

José Roquette: 1996-00

Foi cooptado em Abril e eleito em Outubro. Criou a SAD e desenvolveu o tão falado projeto Roquette, com o objetivo de lançar a semente para o novo estádio e academia, modernizando toda a estrutura e criando uma gestão profissional no clube. Quebrou o jejum de títulos mas não regenerou o futebol e as finanças como prometera. Ganhou o Campeonato Nacional de 2000, que quebrou o célebre jejum de 18 anos.

Dias da Cunha: 2000-05

Chegou cooptado e só foi eleito dois anos depois. Esteve na inauguração do estádio e da Academia, teve a melhor equipa deste século (2001/02, derradeira campeã), desenvolveu o “project finance” com a banca mas acabou por sair com a demissão de José Peseiro e as contas no vermelho. Ganhou um Campeonato Nacional, uma Taça de Portugal e duas Supertaças no futebol.

Soares Franco: 2005-09

Foi o último líder cooptado. Só teve um técnico (Paulo Bento), voltou à Champions, ganhou duas Taças e Supertaças mas falhou o objetivo principal de ganhar o título. Vendeu todo o património não desportivo e começou um processo de reestruturação financeira. Acabou por não se recandidatar após algumas derrotas em assembleias gerais.

José Eduardo Bettencourt: 2009-2011

Ganhou com 90% dos votos mas cedo mostrou sinais de debilidade: acabou o processo de reestruturação (que acabaria por ser completamente refeito mais tarde), lançou outros projetos mas falhou e muito no futebol, com constantes trocas de treinadores, diretores do futebol, jogadores e administradores da SAD. Nas contas, foram-se registando prejuízos acumulados ao nível da sociedade do futebol.

Godinho Lopes: 2011-2013

Fez a revisão de estatutos, uma auditoria financeira externa, lançou novas academias pelo mundo mas acabou por sair sem cumprir os dois maiores pressupostos da candidatura: voltar a levar a equipa de futebol ao sucesso (teve a pior época de sempre) e deixar o clube financeiramente sustentável a médio prazo (teve passivos na ordem dos 50 milhões de euros em duas épocas consecutivas.

Bruno de Carvalho: 2013-2018

Ganhou uma Taça de Portugal, uma Supertaça e uma Taça da Liga no futebol, mas foi noutras áreas que se destacou no primeiro mandato: arrancou com a construção do pavilhão, que estará pronto em abril; aumentou e revitalizou o ecletismo; fez disparar o número de sócios e assistências médias no estádio; e recuperou uma alma perdida. No entanto, a queda foi sendo evidente e os últimos meses, sobretudo desde fevereiro, levaram a sua liderança para uma espiral de erros e episódios negros como a guerra aberta com os jogadores, a invasão à Academia, a derrota na final da Taça de Portugal e nove rescisões. Nem os quatro títulos ganhos nas modalidades de pavilhão evitaram que fosse o primeiro presidente destituído da história do clube.

Artigo atualizado a 8 de setembro de 2018, depois da eleição de Frederico Varandas