O Santander Totta obteve 124,3 milhões de euros de lucro nos primeiros três meses do ano. Os lucros subiram 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado, informou esta quarta-feira o banco liderado por António Vieira Monteiro.
A margem financeira caiu 5% — para 172 milhões –, o que o banco justifica com reajustamentos na carteira de títulos de dívida pública (os lucros em operações financeiras baixaram quase 20%), com a venda de mil milhões de euros em dívida pública. A margem financeira é a diferença entre aquilo que o banco ganha com os créditos que concede (e outros investimentos), e aquilo que o banco paga para se financiar (mercado, BCE, depósitos, etc.).
Já as comissões aumentaram ligeiramente, 0,4% para 85,2 milhões de euros, em relação ao período homólogo. Por outro lado, os custos operacionais baixaram 8,8%, para 131,3 milhões. António Vieira Monteiro acrescentou, neste ponto, que saíram “algumas dezenas de pessoas do banco nos últimos tempos”, mas não existe qualquer plano de saídas em curso.
A ajudar os resultados do banco está o facto de não terem sido registadas imparidades, em termos líquidos, que poderiam abater aos lucros. O saldo aqui foi, inclusivamente, positivo, com uma mais-valia de 3,7 milhões de euros (tinha havido imparidades de 13 milhões no primeiro trimestre de 2016).
O banco destaca que está a conseguir subir a quota do novo crédito concedido às empresas, com uma quota que subiu de 16,5% para 17,3%, “muito acima da nossa quota natural de mercado”, destaca Manuel Preto, um dos administradores presentes na conferência de imprensa esta quarta-feira, em Lisboa.
No crédito da habitação, quase um em cada cinco novos créditos à habitação em Portugal é concedido pelo Santander. A quota de nova produção subiu de 18,8% para 19,7%.
“Santander não vai ganhar nada no acordo sobre os swaps“
António Vieira Monteiro não explica porque é que o empréstimo ao Estado no âmbito do acordo dos swaps foi a juros inferiores à taxa de mercado. Nem respondeu à questão sobre de quem foi a ideia de ser o Santander a financiar a totalidade desse pagamento, em vez de o Estado se ir financiar ao mercado. “As partes caminharam nesse sentido, não importa quem teve a iniciativa”.
Questionado sobre a razão por que o empréstimo ao Estado será feito a taxas de juro inferiores às do mercado, Vieira Monteiro não quis fazer quaisquer comentários. E, de um modo geral, Vieira Monteiro não se alongou em comentários sobre o acordo. Mas sublinhou que “o nosso cliente é o Estado, independentemente dos governos” e revelou que as propostas que estavam em cima da mesa e a proposta que foi aceite “não são idênticas”.
Ainda assim, Vieira Monteiro “Nós não sabemos as razões que fizeram com que o Estado não tivesse aceitado na altura, há seis anos, mas as circunstâncias eram diferentes. Não tinha havido sentenças, por exemplo”.
“Estamos a falar de contratos com clientes e estamos limitados em falar sobre contratos com clientes, com força de lei. Essas informações têm de ser dadas pelo cliente”.
Quanto aos contratos, que chegam a cobrar juros a rondar os 100% tendo em conta a evolução das taxas de juro de mercado, António Vieira Monteiro foi questionado sobre se estaria confortável. “Eu não tenho de estar confortável, nem deixar de estar confortável”, afirmou Vieira Monteiro, garantindo que “o Santander não vai ganhar nada” com o empréstimo.
“Eu desde o primeiro dia disse que o banco estava disponível para negociar com o Estado. Chegou o momento de o fazer e fizémo-lo. Desde o primeiro dia, disse que sempre estivemos disponíveis para fazer um acordo com o Estado. Não é nosso hábito estar em conflito seja qual for com o Estado. É sempre preferível fazer um acordo com o Estado mesmo que viéssemos a sair ganhadores”.
Quanto ao Novo Banco, Vieira Monteiro defendeu que “deve ser quem compra que tem de correr os riscos que foram incorridos por outras administrações de outros bancos, no passado”. O responsável afirmou que preferia “outra solução”. Mas, questionado sobre o alongamento do prazo para o Fundo de Resolução pagar ao Estado o empréstimo, Vieira Monteiro diz que “não podemos falar em perdão de dívida”, como disse Pedro Passos Coelho e o PSD.