“O que é uma startup? É um ato de rebelião”. A definição é de Ken Singer, da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA), um dos oradores principais do Innovation Day, organizado pelo Banco Santander Totta para ajudar as PME a crescer “10x” mais rápido e que decorreu no âmbito da European Innovation Academy (EIA), o maior programa universitário de aceleração digital da Europa.
A cultura da inovação “é a vontade de fazer algo novo, com a mentalidade certa e o sentimento de que o caminho que se percorre é insuficiente”. Em poucas palavras, Ken Singer sintetiza o “espírito disruptivo” do evento que se realiza pela primeira vez em Portugal, no Centro de Congressos do Estoril, até 4 de agosto. É com o objetivo de estimular uma atitude empreendedora nos jovens que a academia de verão reúne 300 participantes, de 40 nacionalidades diferentes, em três semanas intensas de trabalho para fazer crescer ideias e criar startups tecnológicas líderes de mercado.
O Santander Totta, parceiro da iniciativa, atribuiu 35 bolsas para ajudar jovens empreendedores a participar no evento. Marcos Soares Ribeiro, coordenador do Santander Universidades, considera que “os estudantes portugueses têm muito a ganhar com a EIA”, realçando o empenho do banco no apoio ao empreendedorismo. “Queremos fazer algo pelos estudantes e pela economia”.
EIA em Portugal até 2021
O presidente da EIA garante que o evento veio para ficar e realizar-se-á até 2021 em Portugal para “conseguir uma verdadeira mudança no empreendedorismo e inovação”. Alar Kolk afirma também que está surpreendido com o povo português sempre “pronto para encontrar soluções. Há uns meses, queria mudar o meu bilhete de comboio e a pessoa disse que não sabia como fazer, mas garantiu que não ia desistir. Demorou 25 minutos e não parou até encontrar uma solução. Esta postura não se vê habitualmente noutros países”.
Para Ken Singer a criatividade é fundamental para resolver problemas e o empreendedorismo é uma questão de sobrevivência: “No mundo atual não existem garantias e qualquer pessoa pode precisar destas competências para criar o próprio emprego”.
Também para Ricardo Marvão, diretor de projetos da Beta-i, a EIA “é um evento único em Portugal, que pode mudar mentalidades. Os estudantes percebem que existe a possibilidade de lançarem um projeto em vez de trabalharem para os outros”.
Jovens portugueses com ideias “fora da caixa”
À procura da fórmula para concretizar uma ideia original, está uma equipa de cinco alunos da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa. A mentora alemã Dagmar Eisenbach explica ao grupo que o primeiro passo é testar se o projeto – que se foca na aplicação do metano proveniente dos bovinos para uma gestão energética autosustentável – terá aceitação no mercado. A gestora da Hewllet Packard Entreprise está entusiasmada com o “ambiente fantástico” que se vive “cheio de jovens que perseguem os seus sonhos. Sinto-me muito honrada em ajudá-los”. “É bom estarmos rodeados de pessoas que venceram e querem mudar o mundo”, afirma Marta Pereira, 22 anos, do curso de Engenharia de Micro Nanotecnologias.
“Uma Academia verdadeiramente inspiradora”
Outra equipa, formada por jovens estrangeiros, aposta na ideia da californiana Shelby Leimgruber: “Gostava de criar um espaço no mercado para que os estudantes sejam contratados por grandes empresas para realizar pequenas tarefas ou dar opiniões sobre produtos”. Marelle Ellen, da Universidade de Tarven, na Estónia, está confiante neste projeto e afirma que a academia “está a ser verdadeiramente inspiradora”.
Durante três semanas os jovens vão dar “tudo por tudo” para criar startups tecnológicas capazes de convencer os investidores num evento final. Como refere o professor João Crespo, da Universidade Nova de Lisboa, “nesta academia os estudantes têm a oportunidade de encontrar as ferramentas para concretizar os seus sonhos”.