A economia portuguesa cresceu 2,5% no terceiro trimestre do ano, face ao mesmo trimestre do ano passado, devido a um aumento no consumo privado. O investimento está a abrandar e o contributo das exportações foi negativo. Em comparação com o trimestre imediatamente anterior, a economia está acelerar e cresceu 0,5%.
Já se esperava um abrandamento na parte final do ano: as taxas de crescimento no turismo foram muito elevadas na primeira metade do ano e as exportações para Espanha também registaram um volume que as autoridades portuguesas não esperavam que se mantivesse, e assim parece estar a acontecer.
De acordo com a estimativa rápida do INE, a economia cresceu 2,5% face ao mesmo período de 2016, menos que os 3% registados no segundo trimestre e que os 2,8% do primeiro trimestre. Em causa estará um contributo negativo da procura externa líquida para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), já que as exportações de bens e serviços terá desacelerado, enquanto a importação de bens e serviços aumentou.
Outro fator que parece estar a influenciar negativamente o andamento da economia portuguesa é o investimento, que segundo o INE terá abrandado no período entre julho e setembro. A compensar parcialmente esta descida está uma aceleração do consumo privado.
Recorde-se que a taxa de crescimento no segundo trimestre do ano foi a mais elevada em termos trimestrais (homólogos) desde o último trimestre do ano 2000.
Quando se olha para a evolução da economia de trimestre a trimestre, que dá uma ideia do sentido da economia no mais curto prazo, há uma aceleração da taxa de crescimento no terceiro trimestre para os 0,5%. Este crescimento mais acentuado acontece, no entanto, porque no segundo trimestre deste ano o crescimento em cadeia teve uma desaceleração acentuada.
A economia portuguesa esteve três trimestres a crescer a um ritmo entre os 0,8 e os 0,9%, registando uma travagem abrupta para os 0,3% registados no segundo trimestre deste ano. Agora terá recuperado um pouco desta força, em parte devido a uma aceleração das exportações face ao que aconteceu no segundo trimestre do ano, que aumentou mais que as importações.
Também aqui com um contributo positivo do consumo privado, que cresceu neste trimestre depois de ter caído no trimestre anterior. Já o investimento também nesta comparação deu mostras de fragilidade, apresentando mesmo uma redução.
Estes resultados estão, contudo, sujeitos a alterações. Os dados divulgados esta terça-feira são apenas uma estimativa rápida da evolução da economia no terceiro trimestre. No dia 30 de novembro o INE irá divulgar a segunda estimativa, com a divulgação do destaque das Contas Nacionais Trimestrais do terceiro trimestre.
Ao mesmo ritmo da Europa
A convergência anunciada com a União Europeia e com a zona euro, algo que não acontecia pelo menos desde 2013 – anualmente desde os anos 2000 – terá voltado a ser interrompida este trimestre.
De acordo com os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat, a economia europeia terá crescido 2,5% em termos homólogos, o mesmo registo para a União Europeia e para a zona euro. Este é exatamente o mesmo ritmo registado pela economia portuguesa. O resultado significaria que, pelo menos, a economia portuguesa não divergiria da média europeia.
Em cadeia – ou seja, comparando com o trimestre imediatamente anterior – a economia portuguesa estar ligeiramente pior que a média europeia, já que o Eurostat diz que as economias europeias terão crescido em média 0,6% no terceiro trimestre face ao segundo trimestre do ano, mais uma décima que o registado em Portugal.
No entanto, a média a nível europeu está a desacelerar na comparação trimestre a trimestre, enquanto a economia portuguesa parece ir em sentido contrário.