Os 12 rapazes de uma equipa de futebol tailandesa foram encontrados vivos depois de nove dias perdidos numa gruta em Chiang Rai, na Tailândia. Os rapazes, com idades entre os 11 e os 16 anos, tinham ido visitar as grutas de Tham Luang.

As equipas de salvamento acreditavam que os rapazes e o seu treinador encontrassem uma câmara dentro da gruta que estivesse a salvo das inundações. A lama e a subida dos níveis da água dificultaram o uso de mergulhadores nas operações de resgate.

Um membro da equipa internacional de resgate disse à BBC que a descoberta dos rapazes com vida foi “um milagre”. O holandês esclareceu que a temperatura dentro da gruta é de 26º graus e que há água a escorrer nas paredes, pelo que o grupo não deverá sofrer de hipotermia ou desidatração.

Neste preciso momento, vão a caminho dois médicos da marinha norte americana com comida e medicação para que recuperem forças”, afirmou Ben Reymenants. “Um plano para retirar as crianças vai ser delineado mas, na verdade, eles estão a 2.3km, dentro de um complexo sistema de grutas”.

[Veja no vídeo as imagens do momento em que as crianças foram encontradas]

https://www.facebook.com/ThaiSEAL/videos/1631228493667210/?hc_ref=ARRMbQwUz5XETGc2PxrQnioGnpS-j71dgeLGbUQpxmH2RFjCt2IdH_YGFiyTJWKNOro

No video, partilhado pela marinha tailandesa, pode-se ouvir uma das crianças a dizer em inglês “estamos muito felizes, obrigado”. O soldado britânico que as encontrou respondeu-lhes: “estão aqui há 10 dias. São muito fortes”.

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Quando as crianças lhe perguntam se vão ser resgatadas o britânico diz-lhes ” hoje não, hoje não… somos apenas dois, vocês vão ter que mergulhar”. Ainda assim o mergulhador tenta reconfortar as crianças dizendo “muitas pessoas vêm aí, nós somos apenas os primeiros”.

“Nós voltamos, nós voltamos. Voltamos amanhã”, prometeu o inglês da equipa de salvamento.

Os dois britânicos que falaram com os rapazes são Rick Stanton e John Volanthen, dois mergulhadores de classe mundial, famosos pelo seu trabalho de salvamento em situações idênticas. Em 2010 as autoridades francesas requisitaram os seus serviços no caso de um mergulhador que ficou preso durante uma semana.

https://twitter.com/TracevaToons/status/1013874621819576321

A equipa de resgate concentrou-se esta segunda-feira em estabelecer uma linha de corda e colocar tanques de oxigénio ao longo de uma estreita passagem que os levava à câmara onde os rapazes se encontravam.

Eles estão a salvo mas a missão não está completa”, afirmou o governador de Chiang Rai na conferência de imprensa à entrada da gruta. “A nossa missão é de busca, salvamento e de levá-los para casa. Até agora só os encontrámos. A próxima missão é trazê-los para fora da gruta e mandá-los para casa”.

As autoridades locais disseram que a missão não é fácil. Membros da equipa de salvamento afirmaram que a gruta tem passagens muito estreitas, com subidas e descidas, o que dificulta muito a passagem de material por parte da equipa de mergulho.

[Veja no vídeo como os mergulhadores estão a enfrentar um dilema para salvar as crianças]

As equipas de salvamento terão ainda pela frente a tarefa de ensinar ao jovens como mergulhar, que será o recurso mais provável, caso os níveis da água não baixem.

“Passar-lhes mantimentos até ao sítio onde eles estão dependerá da dificuldade dos mergulhos”, disse Anmar Mirza, coordenador do Comissão de Resgate dos Estados Unidos da América.

“Tentar levar pessoas que não fazem mergulho por uma gruta é um dos cenários mais perigosos, mesmo que o mergulho seja relativamente fácil”, acrescentou.

Em declarações à CNN, o mergulhador veterano Butch Hendrick afirmou que, para o processo de salvamento ser feito de forma correta, as crianças têm que ser retiradas uma de cada vez. “Se, de repente, eles tiverem um problema não vão querer parar a meio da saída e perceber que vão ter que voltar para trás”.

“Poderão ser muitas horas por pessoa, com base na distância do local onde se encontram na gruta”, acrescentou.

Para além das dificuldades técnicas com que se deparam as equipas de resgate, a semana não se avizinha favorável e em termos climatéricos, fortes chuvas vão cair sobre a região no norte da Tailândia. Apesar disso, os trabalhadores no local têm canalizado os seus esforços na extração de água da gruta, conseguindo retirar milhares de litros por hora.

Uma gruta que se estende por mais de 10 km

A história destes 12 rapazes de uma equipa de futebol chamada “Moo Pa”, Javali Selvagem quando traduzido para português, começou no sábado, dia 23, quando foram passear à gruta acompanhados apenas por um adulto, o treinador-adjunto de 25 anos, que já há dois anos tinha vindo com este mesmo grupo ao local. Desta vez, a força inesperada com que a chuva caiu apanhou-os de surpresa.

A gruta de Tham Luang, onde se encontram, é uma das maiores da Tailândia e das mais difíceis para manter a orientação. À porta, um cartaz avisa os visitantes a não entrar na gruta durante o período das chuvas, entre julho e novembro. Fica debaixo da montanha que separa a Tailândia da Birmânia e que se estende por mais de 10 km de câmaras e ante câmaras.

Nesse mesmo dia, perdeu-se qualquer contacto com os jovens. As equipas de resgate foram rápidas a chegar, mas as condições que encontraram dificultaram bastante qualquer progresso. A lama dificultava-lhes a visão e qualquer avanço era feito muito devagar. Havia elementos de vários países, com voluntários chineses, australianos, americanos e britânicos.

O caso mobilizou o país inteiro. Um guia das caves esclarecia a população: “O que está inundado é uma passagem de cerca de 2 km dentro da gruta. Se os miúdos estiveram do outro lado de lá, podem estar numa câmara mais alta que esteja seca”.

Chuva impede resgate de crianças encurraladas em gruta na Tailândia

Tentou-se de tudo, até forçar novas entradas através de perfurações em diversos pontos, mas foi em vão. Os familiares ficaram acampados à entrada da gruta, no meio de um gigantesco aparato de salvamento. Várias vigílias foram organizadas para manifestar solidariedade em relação à situação das crianças e do seu treinador.

Devido aos níveis elevados da água, a equipa de salvamento utilizou uma abordagem metódica, com mais reservas de oxigénio para poder ir mais longe. O resultado chegou esta segunda-feira, com o grupo a ter sido localizado por um grupo especial de mergulhadores da marinha tailandesa e mergulhadores britânicos.

Em simultâneo, na superfície as equipas têm feito todos os possíveis para extrair o máximo de água, ao mesmo tempo que equipas do exército procuram outras entradas ao longo das encostas da montanha.