Primeiro o bronze, depois a prata, por fim o ouro. O triunfo na prova de K1 1.000 metros era o grande objetivo de Fernando Pimenta neste Campeonato do Mundo de canoagem e o atleta de Ponte de Lima não defraudou as expetativas, impondo o ritmo certo na prova e terminando os últimos metros já em festa com centenas e centenas de pessoas que se deslocaram este fim de semana a Montemor-o-Velho para seguir a prova.
“É um misto de sentimentos, uma grande felicidade. No ano passado fiquei a milésimas da medalha de ouro… Sabia que era possível ir às medalhas, que iam atacar muito rápido logo no início e fui tentando assumir alguma distância passo a passo. Aos 500 metros impus mais o ritmo, tentei ganhar uma distância maior e nos últimos 200 metros pensei que a medalha de ouro já não me fugia”, começou por comentar o canoísta português.
“É um dos dias mais felizes da minha vida, nem consigo acreditar que consegui e à frente deste público fantástico… Nunca um português foi campeão mundial em Portugal, mais um feito. É muito especial, só mesmo passando por este momento se pode dizer. Há pessoas que fizeram centenas de quilómetros para estarem aqui, é fantástico”, acrescentou o atleta do Benfica, o mais titulado de sempre da modalidade.
“Os 5.000 metros? Agora é descansar, desfrutar um pouco desta medalha e assim que o treinador desligar tenho de desligar para me concentrar”, rematou, a propósito da outra final que irá ainda disputar nestes Mundiais.
“Um dos mais completos” canoístas do planeta, segundo o próprio
Fernando Pimenta acrescentou, ainda em Montemor-o-Velho, que se sente “um dos mais completos” canoístas do planeta. “Provavelmente sou um dos mais completos. Não falho um pódio há muito tempo em K1, principalmente nos 1.000 metros. Falhei nos Jogos Olímpicos por aquilo que toda a gente sabe. Mas não me deixei abater, continuo na luta. Há objetivos, sonhos e vou continuar a lutar por eles”, disse.
Em declarações à Lusa, minutos após receber a medalha, o atleta limiano exultou o seu estado de espírito “fantástico”: “É um momento indescritível. Subi ao pódio e estava a tremer das pernas, o que não é muito normal em mim. Tenho de agradecer a todos por este momento, único. Vou guardar para sempre no meu coração”.
Ainda com as bancadas repletas de público a gritar pelo seu nome, Pimenta olhou, finalmente com atenção, para a medalha que há muitos anos procurava para o seu currículo.
“Ter aqui o meu nome gravado na medalha torna as coisas mais emocionantes. Não acredito no feito de hoje. É de todos os portugueses. É fantástico. Um momento único”, reforçou o canoísta de Ponte de Lima, de 29 anos, que em Mundiais tinha conquistado o bronze em 2015 e a prata em 2017 nesta distância.
Entre a semifinal, às 09:51, e a final, às 12:21, o canoísta do Benfica esteve a ser massajado pelo fisioterapeuta Luís Alves – “conhece-nos como poucos, é quem muitas vezes ouve os nossos desabafos” – e a visionar as provas dos rivais.
“Mantive-me motivado. Conversei também com o meu treinador (Hélio Lucas) que me disse que estava bem. Que, independentemente das condições da prova, eu estaria bem. Só tinha de desfrutar do momento. Foi o que fiz”, congratulou-se.
Pimenta deixou um agradecimento especial aos milhares de pessoas que seguiram a prova no Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, essencialmente na parte final. “Sem dúvida que estes últimos 200 metros com bancada [onde estão os adeptos] são algo de arrepiar”, assumiu.
No domingo, o canoísta de Ponte de Lima, vai lutar pela ‘dobradinha’, uma vez que às 16h50 vai defender o título mundial de K1 5.000 metros, distância não olímpica.
Depois das férias, começa a pensar nos Mundiais de 2019, em Szeged, na Hungria, que ditarão o apuramento para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, pensando “sempre” e apenas num passo de cada vez rumo à medalha olímpica.