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  • Bolsonaro, um tiro no escuro

    No final desta madrugada eleitoral, ficam o resumo e a análise de tudo o que aconteceu nesta noite, bem como as dúvidas que ficam a necessitar de resposta: qual dos dois Bolsonaros que discursaram hoje tomará a dianteira, o moderado ou o que atacou os adversários? O PT, como se posicionará neste novo xadrez político? E o que acontecerá ao Brasil nos próximos tempos?

    Bolsonaro, um tiro no escuro

    A cobertura do Observador destas eleições brasileiras fica por aqui. Muito obrigada por ter estado connosco.

  • Incidentes de violência em Salvador: apoiante do PT agredida por polícia com cassetete, eleitor de Bolsonaro atingido a tiro por polícia militar à paisana

    Esta noite fica ainda marcada por dois episódios de violência em Salvador. Uma apoiante de Haddad que foi agredida na cabeça por um bastão de um agente da polícia e um eleitor de Bolsonaro que levou um tiro na perna, disparado por um polícia militar à paisana, alegadamente descontente com o resultado da eleição.

    O Estadão dá conta dos pormenores, explicando que, no primeiro caso, se trata de uma estudante de 21 anos. A jovem em causa foi atingida por um cassetete de um polícia militar, no meio de alguma confusão. A apoiante do PT desmaiou e terá ficado com cortes na cabeça. Foi depois transportada para o hospital. Já há um vídeo que está a circular nos jornais e que dá conta desse momento.

    No segundo incidente, o Estado de S. Paulo explica apenas que um eleitor de Bolsonaro, ainda não identificado, foi atingido a tiro na perna por um polícia militar à paisana que terá dito a testemunhas que estava descontente com o resultado da eleição. Não se sabe qual o estado em que o homem baleado se encontra.

  • Juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça?

    Gustavo Bebbiano é o presidente do PSL e, até este domingo, era frequentemente apontado como um possível ministro da Justiça de um Governo liderado por Jair Bolsonaro.

    Esta noite, contudo, Bebbiano afastou essa possibilidade e disse que outros nomes estão em cima da mesa — incluindo o do juiz Sérgio Moro, responsável por algumas decisões ligadas à Lava Jato como a prisão de Lula da Silva.

    “A previsão é que o ministério seja preenchido por uma pessoa de nome, como a [ex] ministra Eliana Calmon. O nome do juiz Sergio Moro também se cogita [para o cargo]”, afirmou, segundo revela a Folha de S. Paulo. Contudo, interrogado sobre se Moro não seria antes indicado como juiz para o Supremo Tribunal, o presidente do PSL explicou que as duas hipóteses estão em cima da mesa: “[Moro] é um grande nome, seja onde for, na Justiça ou no STF”, afirmou.

  • Nordeste continua vermelho, mas o resto do país é de Bolsonaro

    Olhando para os resultados estado a estado, confirma-se a tendência de que o nordeste do país continua a ser um forte do PT. Foi sobretudo nos estados desta região é que Fernando Haddad foi o candidato mais votado. Foi assim em 11 estados, onde teve as seguintes votações:

    Alagoas — 59%
    Bahia — 73%
    Ceará — 71%
    Maranhão — 73%
    Pará — 55%
    Paraíba — 65%
    Pernambuco — 67%
    Piauí — 77%
    Rio Grande do Norte — 63%
    Sergipe — 68%
    Tocatins — 51%

    No resto do país, Bolsonaro foi o vencedor, com grande margem no sul. Aqui ficam os seus resultados nesses 16 estados:

    Acre — 77%
    Amapá — 50%
    Amazonas — 50%
    Distrito Federal — 70%
    Espírito Santo — 63%
    Goías — 66%
    Mato Grosso — 66%
    Mato Grosso do Sul — 65%
    Minas Gerais — 58%
    Paraná — 68%
    Rio de Janeiro — 68%
    Rio Grande do Sul — 63%
    Rondônia — 72%
    Roraima — 72%
    Santa Catarina — 76%
    São Paulo — 68%

  • Apoiantes do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, em São Paulo, dançam e cantam ao som da banda sonora de “Tropa de Elite”, um filme que mostra o dia-a-dia (e também as ações irregulares) de uma unidade especial da Polícia Militar no Rio de Janeiro, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). O vídeo é do correspondente do jornal britânico The Guardian para a América Latina, Tom Phillips.

  • A vitória de Jair Bolsonaro sobre Fernando Haddad foi a terceira mais apertada nas eleições presidenciais brasileiras desde 1989. Isto porque os números finais indicam uma diferença de 10,26 pontos percentuais entre os dois (55,13% para o candidato da extrema-direita e 44,87% para o homem do PT). A eleição presidencial brasileira mais apertada de 1989 foi a de 2014, entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB): no final da segunda volta apenas 3,28 pontos percentuais separavam os dois candidatos (51,64% dos votos para Dilma, contra os 48,36% do político de Minas Gerais).

    A segunda votação presidencial mais disputada foi a de 1989, entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN). Ao contrário das eleições de 2002 e 2006 (que Lula viria a ganhar) em 1989 foi Collor quem saiu por cima: venceu com 53,03% dos votos, contra 46,97% de Lula (uma diferença de 6,06 pontos percentuais).

    Lula conseguiu as vitórias mais folgadas: em 2002 obteve 61,2% dos votos, ficando 22,54 pontos percentuais à frente de José Serra (PSDB). E em 2006 quase o mesmo: 21,66 pontos percentuais à frente de Geraldo Alckmin (PSDB). No período em análise, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi o único candidato a vencer as eleições presidenciais brasileiras logo à primeira volta. E fê-lo por duas vezes: em 1994 e 1998.

  • Os resultados finais: Bolsonaro com 55,13% e Haddad com 44,87%

    Com 100% das secções apuradas, eis os resultados finais da segunda volta das eleições presidenciais brasileiras:

    • Jair Bolsonaro (PSL) – 55,13% dos votos (57.796.972)
    • Fernando Haddad (PT) – 44,87% dos votos (47.038.792)
    • Votos em branco: 2,14%
    • Votos nulos: 7,43%
    • Abstenção: 21,30%

  • Bolsonaro conseguiu 71% dos votos de brasileiros que estão no estrangeiro

    Numa altura em que os votos estão praticamente todos contabilizados, sabe-se que Jair Bolsonaro conseguiu 71% dos votos de brasileiros que estão noutros países, contra 29% atribuídos a Fernando Haddad. O novo presidente da República, recorde-se, conseguiu vitórias em cidades como Lisboa, Porto, Madrid, Genebra, Zurique, Luanda e Moçambique.

  • Haddad teve 98% dos votos na cidade-símbolo do Bolsa Família

    Segundo o Folha de São Paulo, Fernando Haddad registou 97,99% dos votos válidos na cidade de Guaribas, no Piauí, conhecida como a cidade-piloto — escolhida em 2003 no início do governo de Lula — para a implementação do programa Fome Zero, embrião do Bolsa Família, um programa de transferência de rendimentos que retirou milhões de famílias da pobreza na última década. Na primeira volta, o candidato do PT teve 93% dos votos nesta cidade.

  • Os 5 desafios do novo Presidente do Brasil

    Bolsonaro assume a liderança de um país dividido, com uma economia em dificuldades e violência nas ruas. Terá de governar com um Congresso com pouca experiência de negociação e muito fragmentado. Eis os cinco desafios que o novo Presidente do Brasil terá que enfrentar.

    Os 5 desafios do novo Presidente do Brasil

  • Venezuela felicita brasileiros e pede para "retomar, como países vizinhos, o caminho das relações diplomáticas"

    Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, felicitou os povo brasileiro pela eleição de hoje, sem nunca, no entanto, parabenizar individualmente Jair Bolsonaro pela vitória. “O Governo Bolivariano aproveita a ocasião para exortar o novo presidente eleito do Brasil a retomar, como países vizinhos, o caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional, pelo bem-estar dos nossos povos”, lê-se no comunicado publicado no Twitter.

    O povo e o Governo venezuelano, no marco da Diplomacia Boliveriana de Paz, ratificam o seu compromisso de continuar a trabalhar de mãos dadas com o povo irmão brasileiro, na luta por um mundo mais justo, multicêntrico e pluripolar, em que prevalece a livre autodeterminação dos povos e a não ingerência dos assuntos internos”, refere ainda o comunicado.

  • BE receia degradação democrática no Brasil e pede vigilância da comunidade internacional

    A deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua apelou para a “vigilância total” da comunidade internacional perante uma possível “degradação democrática” no Brasil após as eleições deste domingo, que deram a vitória ao candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro. “É uma vitoria que tem que ser respeitada, mas que nos deixa, enquanto democratas, muito tristes porque diz muita coisa sobre a fragilidade das democracias, que julgávamos estarem sólidas e conquistadas”, disse Joana Mortágua, em declarações à agência Lusa.

    A deputada bloquista lembrou a “vida inteira” de posições antidemocráticas de Jair Bolsonaro para sublinhar a apreensão “relativamente ao que poderá vir a ser uma degradação dos direitos democráticos no Brasil”. Por isso, sustentou, a “vigilância tem que ser total”.

    As forças democráticas do Brasil têm de participar, não abdicar de participar de um regime que ainda é democrático. Não atirar a toalha ao chão, continuar a construir um futuro governo do campo democrático e continuar todos os dias a lutar contra as ideias” de Jair Bolsonaro, sustentou.

    Joana Mortágua sublinhou, no mesmo sentido, a importância de um papel vigilante da comunidade internacional, particularmente de Portugal. “Do ponto de vista da comunidade internacional essa vigilância também tem de ser efetiva, de todas as organizações e todos os países que têm relações com o Brasil, em particular Portugal. Partilhamos comunidades muito populosas e temos de estar naturalmente muito atentos”, disse.

    “A comunidade internacional não pode ser conivente com a degradação democrática ou com políticas que possam transformar em política de Estado toda a violência do discurso de Jair Bolsonaro”, acrescentou. O Brasil vai iniciar um “período de incerteza”, considerou Joana Mortágua, adiantando que é preciso ter “esperança de que a maioria dos brasileiros que votou em Jair Bolsonaro, o tenha feito para rejeitar o PT e não por acreditar nas ideias” dele.

    (Lusa)

  • Haddad não vai ligar para Bolsonaro. "Ele chamou-me de canalha"

    Segundo o Estadão, Fernando Haddad não vai ligar para Jair Bolsonaro, que hoje saiu vitorioso das eleições presidenciais. A jornalista Natuza Nery, da Globo News, disse que Haddad considera não fazer sentido a chamada devido a todo o clima de ofensas que ocupou parte da campanha presidencial. “Ele chamou-me de canalha e disse que se fosse eleito me mandaria prender”, terá dito Haddad, acrescentando que “não tinha o menor clima, além de não poder prever a reação”.

  • Bolsonaro volta a falar, sublinha união do Brasil e revela que Trump já lhe ligou

    Jair Bolsonaro voltou, entretanto, a fazer um direto no Facebook onde começou por agradecer a todos os apoiantes que estão no exterior da sua casa. “Não posso negar que também estou muito feliz e muito confiante para que possa realmente contribuir para o futuro da nossa nação”, referiu Bolsonaro, acrescentando que “foram quase três anos de muito sacrifício”, mas que no final “vem a vitória para mostrar que o eleitor brasileiro não é refém desse ou daquele partido”. “O nosso partido é o Brasil e vocês votaram num candidato do Brasil”, sublinhou.

    Bolsonaro revelou ainda que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, já lhe ligou a “desejar boa sorte” e que “foi um contacto bastante amigável”. “Estou muito feliz por um lado e muito preocupado pelo outro pelo tamanho dos desafios que tenho pela frente”, disse o candidato vencedor do PSL. E terminou com uma mensagem de união: “Seremos um só povo, um só país, sob uma só bandeira e um só hino”.

  • Assis: "Eleição de Bolsonaro é “retrocesso na vida política” do Brasil "

    O presidente da delegação do Parlamento Europeu para as Relações com o Mercosul, Francisco Assis, lamentou a eleição de Jair Bolsonaro, considerando que a significa “um grande retrocesso na vida política brasileira”.

    “Lamento muito este resultado, é o meu ponto de vista. Julgo que o Brasil elegeu um péssimo Presidente da República”, disse Francisco Assis à Lusa.

    “O Brasil acaba de eleger para a Presidência da República um extremistas de direita com um discurso racista, misógino, de apelo constante à violência, um homem que passou a sua vida a enaltecer a ditadura militar”, acrescentou o eurodeputado do Partido Socialista (PS). Na opinião do presidente da delegação para as Relações com o Mercosul, a eleição de Jair Bolsonaro resulta de um “falhanço” numa união dos democratas.

    “Julgo que também houve aqui um falhanço porque havia uma obrigação de todos os democratas se terem unido nesta segunda volta em torno da candidatura de Haddad, e o comportamento de algumas personalidades da vida política brasileira foi muito desapontador desse ponto de vista”, disse Assis.

    O eurodeputado sublinhou a importância das relações entre a Europa e o Brasil.

    “Evidentemente que teremos de manter relações com o Brasil, como sempre mantivemos ao longo das múltiplas vicissitudes das nossas histórias, essas relações evidentemente têm de ser acauteladas”, disse.

    Assis sublinhou que há uma “preocupação” e “ansiedade” na Europa com os resultados.

    “Há, neste momento, uma parte substancial da Europa que está muito preocupada com o que pode suceder aqui no Brasil, com a eleição de um homem com este perfil, desta natureza. Creio que todos os democratas europeus estão a olhar para o Brasil com preocupação e com ansiedade”, afirmou o eurodeputado.

    Lusa

  • Bolsonaro: glorioso para uns, temido por outros. Os memes das eleições

    Num momento em que a Internet ainda fala sobre a vitória de Jair Bolsonaro e a derrota de Fernando Haddad, os internautas não perdoam e já começaram a fazer os habituais memes. Entre os pró-Bolsonaro, imagina-se um paraíso brasileiro, faz-se piada das causas feministas que apoiavam Haddad e agradece-se a Deus. Do outro lado da Internet, os apoiantes de Fernando Haddad dizem temer o futuro, escrevem que “o Brasil não aprende” e sugerem que Jesus tinha sido o primeiro comunista a dividir o pão por 13 pessoas — numa referência ao número do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT).

    Bolsonaro: glorioso para uns, temido por outros. Os memes das eleições

  • Sérgio Moro, juiz da Operação Lava Jato, pede a Bolsonaro que "faça um bom Governo"

    Depois da sua esposa, foi a vez do juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação na Operação Lava Jato — que colocou o ex-presidente Lula na prisão –, reagir à eleição de Jair Bolsonaro. Moro desejou, citado pelo Estadão, que o próximo presidente da República “faça um bom Governo”, destacando o “diálogo e a tolerância, reformas para recuperar a economia e a integridade da Administração Pública”, de forma a recuperar “a confiança da população na classe política”.

  • Manuela d'Avila: "Vamos permanecer juntos, resistir e defender a democracia e a liberdade"

    Manuela d’Ávila, que seria a vice-presidente do Brasil se Fernando Haddad tivesse ganho as eleições, já reagiu à derrota no Twitter: “O espírito desses últimos dias, nos quais milhares foram para as ruas para virar votos de um modo tão bonito precisa se manter e se multiplicar. Eles venceram, mas a luta vai continuar. Vamos permanecer juntos, resistir e defender a democracia e a liberdade”.

    A deputada também citou um poema de Carlos Drummond de Andrade: “Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”.

  • Matteo Salvini: "Mesmo no Brasil, os cidadãos mandaram para casa a esquerda"

    De Itália, Matteo Salvini, ministro do Interior e vice primeiro-ministro italiano, também já felicitou Jair Bolsonaro. “Mesmo no Brasil, os cidadãos mandaram para casa a esquerda”, referiu o membro do partido italiano de extrema direita, Liga Norte, acrescentando que a amizade entre o povo brasileiro e o povo italiano e os governos “será ainda mais forte”.

    “Bom trabalho para o presidente!”, acrescentou Salvini, que também deu o seu contributo com a hashtag “OBrasilVota17”.

  • PCP: vitória de Bolsonaro é uma "ofensiva contra os direitos do povo"

    Em nota enviada à imprensa, o PCP reagiu à vitória de Jair Bolsonaro no Brasil dizendo que o resultado é culpa de “um gravíssimo desenvolvimento da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro”:

    “O resultado obtido pela candidatura de Bolsonaro nas eleições presidenciais no Brasil representa um gravíssimo desenvolvimento da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro, corporizado num programa de intensificação da exploração e ataque aos direitos sociais, de agressão às liberdades e à democracia, de abdicação da soberania nacional e subordinação ao imperialismo, de promoção de valores profundamente reaccionários e de imposição de um poder de cariz ditatorial no Brasil”.

    O PCP também sugere que a direita brasileira venceu por causa “branqueamento dos reais objectivos e de apoio à candidatura de Bolsonaro promovida pelos grandes meios de comunicação social e através das redes sociais”, dizendo que isso aconteceu no Brasil, mas também em Portugal. Para o partido, o resultado deve dar à esquerda “um valor para continuar a enfrentar com determinação a ameaça fascista e defender a democracia”:

    “O PCP apela ao fortalecimento da solidariedade com as forças democráticas e progressistas brasileiras, com os trabalhadores e o povo brasileiro e a sua luta para retomar e aprofundar o caminho de progresso social, de desenvolvimento soberano, de cooperação e de paz aberto em 2002 com a eleição de Lula da Silva como Presidente do Brasil”.

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