Quando faltavam ainda cinco minutos para o apito final, a cara de Uli Hoeness e Karl-Heinz Rummenigge dizia quase tudo. Claro que os dois responsáveis mais altos da estrutura do Bayern – que continua a ser feita por antigas glórias do clube, com tudo o que isso tem de bom e de mau a nível de gestão desportiva – ainda teriam esperança num último fôlego que pudesse devolver pelo menos o empate ao conjunto de Munique mas a tendência era precisamente a contrária e percebia-se que, cada vez que os visitados passavam do meio-campo, havia ali uma potencial oportunidade de golo. No final de um jogo de loucos, o B. Dortmund venceu por 3-2, reforçou a liderança e passou a ter sete pontos de avanço sobre o rival. E a vida de Niko Kovac, técnico que estava no Eintracht Frankfurt e foi aposta no presente Verão, está muito complicada.

É fácil explicar o porquê. E nem se resume apenas à atual contabilidade na Bundesliga – 20 pontos em 33 possíveis, com seis vitórias em 11 encontros, não é propriamente uma contabilidade habitual na formação de Munique, uma verdadeira constelação de estrelas que demora a carburar. Depois do que se viu na primeira parte, com 45 minutos de controlo, um golo de vantagem e um adversário que quase não existiu em termos ofensivos, seria muito complicado imaginar uma equipa com Pep Guardiola, Carlo Ancelotti ou Jupp Heynckes no comando deixar que houvesse um “atropelo” tão grande no segundo tempo. Kovac, mesmo com substituições pelo meio, não evitou essa transformação total do B. Dortmund a nível de dinâmicas ofensivas sempre em velocidade de ponta. E pode começar a ter o lugar em risco.

Niko Kovac somou apenas 20 pontos em 33 posíveis nos primeiros 11 jogos na Bundesliga (CHRISTOF STACHE/AFP/Getty Images)

Lewandowski, o Judas dos adeptos da casa depois de ter trocado Dortmund por Munique em 2014, voltou a mostrar que tem uma apetência especial para os encontros frente à antiga equipa e inaugurou o marcador aos 26′ após cruzamento de Gnabry, naquele que foi o sétimo golo nas últimas quatro partidas frente aos schwarzgelben. Logo no início da segunda parte, Marco Reus, um Deus (e capitão) da equipa que reforçou o seu estatuto depois de ter jurado que nunca trocaria o seu conjunto pelo Bayern como tantos outros fizeram, empatou de grande penalidade. Mais uma fase de jogo partido e oportunidades, mais um golo de Lewandowski (de novo a passe de Gnabry, aumentando a contabilidade para 12 golos em nove partidas feitas contra o Borussia desde 2014/15), mais um golo de Reus (que falhara antes o mais fácil e converteu depois o mais complicado).

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A meio de uma segunda parte eletrizante, tudo em aberto com a igualdade a duas bolas. Mas esta temporada há sempre um pormenor que convém não esquecer: a entrada de Paco Alcácer em campo. Porque se isso acontece, o golo não demora muito a aparecer – num lance que começou num roubo de bola ainda na defesa, Witsel soltou no meio-campo em profundidade para o espanhol que, isolado, bateu Neuer e carimbou o 3-2 final quando estavam jogados 73 minutos. E a média impressionante na Bundesliga continua intacta: o internacional emprestado pelo Barcelona marca por cada meia hora de jogo…

No último minuto de descontos, Lewandowski ainda apontou o hat-trick mas, à semelhança do que já tinha acontecido, voltou a ver o golo (bem) anulado por fora de jogo. É certo que, no final, os adeptos do Bayern ainda apoiaram a equipa e não fugiram a uma coreografia com todos os presentes na bancada para os visitantes de cachecol levantado e aberto mas a situação de Kovac, que lançou Renato Sanches após o 3-2 (e poderia ter feito diferença reforçar o corredor central uns minutos antes), parece estar cada vez mais complicada. Até porque James Rodríguez não saiu do banco, o que promete ser muito falado…