Durante quase três anos, Tarik Mishlawi ouviu insistentemente uma pergunta: “Quando sai o álbum?”. O rapper e cantor nascido nos Estados Unidos da América vive em Portugal desde os 10 anos e tem construído uma legião crescente de fãs desde que lançou o single “All Night” no Youtube, em janeiro de 2016. Três anos depois, com 22, várias canções disponibilizadas gratuitamente nessa plataforma e números astronómicos (a primeira canção já superou os 12 milhões de visualizações), prepara-se para revelar o seu primeiro álbum completo: chama-se Solitaire, não terá edição física, chega às plataformas digitais esta sexta-feira, 8 de fevereiro, e será apresentado em Lisboa e Porto nas próximas semanas: no Hard Club dias 22 e 23 deste mês e no Coliseu dos Recreios a 9 de março.

A capa do álbum, que estará disponível para audição em plataformas digitais já esta sexta-feira, 8 de fevereiro

A escolha da segunda maior sala de Lisboa para apresentar o álbum e a corrida do público às bilheteiras do Hard Club — inicialmente estava previsto apenas um concerto, mas rapidamente esgotou e foi acrescentada mais uma data — é um dos sinais do impacto que a sua música já tem. Outro sinal que deixa antever a sua projeção no mercado internacional de hip-hop e R&B num futuro próximo é o interesse de editoras em trabalhar o seu primeiro álbum. Solitaire será promovido por três editoras discográficas diferentes em mercados distintos. Em Portugal a divulgação do disco está a cargo da Sony Music, em colaboração com a agência que o representa, a Bridgetown. No Reino Unido e nos Estados Unidos da América, Mishlawi será representado pela Island Records, que integra o grupo Universal Music e conta no seu catálogo com bandas e artistas como Demi Lovato, U2, Florence & the Machine, Jessie J e PJ Harvey. Na Alemanha, a divulgação de Solitaire será assegurada pela sucursal alemão do grupo Universal Music.

Quando o ouvimos no verão passado, no festival Rock in Rio, num dos concertos mais ingratos da sua carreira — atuou no palco secundário enquanto a super estrela Bruno Mars concentrava atenções no palco principal —, escrevemos que Mishlawi deixara aí a impressão de que “lançando um álbum completo e afinando os seus espetáculos ao vivo, chegará com naturalidade aos grandes palcos”. Ouvindo Solitaire, cheio de canções melódicas a meio caminho entre o rap mais acelerado e o R&B sensual, mais do que romântico (ainda que às vezes o seja), esse momento parece ter chegado. Mishlawi, contudo, não arrisca prognósticos: “Não digo isto porque não quero atrair essa possibilidade, mas se o álbum não tiver impacto farei outro. Não estou preocupado com isso. Não quero criar expectativas para depois me poder vir a sentir desiludido. Se correr bem e for ouvido, ótimo. Mas não quero ficar sentado a fazer F5 a toda a hora para perceber o que as pessoas estão a achar”, diz-nos, sentado num piso superior de um hotel na Avenida da Liberdade, onde conversou com o Observador.

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[“Bad Intentions”, um dos três singles do álbum revelados em antecipação ao disco:]

“Era aquele miúdo que dizia: que se f*, não vou aprender português”

Nascido em 1996 em Nova Jérsia, Mishlawi cresceu no estado do Arizona mas mudou-se para Itália com a família (imigrante nos EUA) quando tinha oito anos. Depois de viver dois anos neste país, aconteceu nova mudança de morada, desta vez para Cascais.

Inicialmente, o hoje luso-americano não gostou da ideia de a família se mudar para Portugal: “Quando fui do Arizona para Itália, pensei: vou adaptar-me pela primeira vez a um novo lugar. Quando começava a sentir-me integrado soube que teria de ir morar para uma nova casa, arranjar novos amigos, ir para um país em que se falava uma língua diferente. Não queria ter de me mudar novamente, conhecer novas pessoas e ir para uma escola nova” — no seu caso, a Carlucci American International School of Lisbon.

Era aquele miúdo rebelde que dizia: que se f***, quando for para lá não vou aprender português, não vou fazer isto nem aquilo. Olhando para trás, era só um miúdo, caramba”, refere.

Enquanto foi crescendo, Mishlawi foi-se apercebendo de que Portugal era “o seu sítio preferido” e foi intensificando a sua ligação à música. Depois de em criança ter sido inundado de hip-hop e do novo R&B dos anos 1990 e 2000 pela mãe —fã destes géneros musicais, que só o conseguia pôr a dormir “ao som da Mariah Carey a cantar, a um volume super alto” —, Mishlawi passou por “várias fases”.

O interesse pelo rock será um dos aspetos mais surpreendentes para os seus fãs, embora seja notório que alguns dos jovens rappers e cantores atuais da pop tenham uma ligação notória e assumida a esse estilo de música. Basta pensar em Post Malone que gravou uma canção chamada “Rockstar” ou no interesse de A$AP Rocky por essa sonoridade.

Mishlawi fez o concerto de abertura da apresentação de Richie Campbell na Altice Arena (antigo Pavilhão Atlântico), a 2 de fevereiro (@ Facebook Mishlawi / D.R.)

Nos seus primeiros três a quatro anos em Portugal, quando passou de miúdo a adolescente, Mishlawi esteve “completamente numa fase de ouvir bandas rock”. Quais? “Os [Led] Zeppelin, os Rush, os Beatles, os AC/DC, os [Black] Sabbath. E os Pink Floyd, que são a minha banda preferida. Acho que já vi os Britt Floyd, uma banda de versões, umas quatro vezes”, aponta, rindo-se.

O rap e o encontro com Richie Campbell

Mesmo na fase em que ouvia insistentemente rock — até ao seu 10.º ano de escolaridade —, Mishlawi ia ouvindo hip-hop regularmente. O interesse reforçou-se nos últimos anos de liceu e levou-o a começar a escrever e gravar as primeiras demos de rap, numa altura em que se começava a integrar totalmente em Portugal e a consolidar um “pequeno círculo de amigos”, não se “dando muito” com “gente fora desse pequeno círculo”. Apesar de hoje dizer que essas demos eram “um lixo”, foi em parte através delas que conheceu uma pessoa importante no seu percurso: o cantor Richie Campbell (Ricardo Ventura da Costa), que firmou uma carreira no reggae, dancehall e R&B em Portugal e que criou a sua própria agência de artistas, a Bridgetown.

O encontro deu-se por volta de 2014, quando Mishlawi frequentava o 12º ano de escolaridade. Á época — e à época significa há cinco anos — ter a música como ocupação principal, a coisa que lhe ocupava mais tempo no dia-a-dia, era mais um sonho pouco credível do que um plano definido de futuro. Mishlawi sabia que dali a dois meses voltaria aos Estados Unidos da América, para frequentar a faculdade. Apesar de se sentir em casa em Portugal, não é inconcebível que sem esse contacto com Richie Campbell tivesse ficado nos EUA, ou não tivesse regressado mais tarde em definitivo e alicerçado o seu início de carreira musical neste país.

Os dois estavam num centro comercial em 2014, cada um com o seu grupo de amigos. Mishlawi estava acompanhado por Mariana Bandhold, jovem cantora um ano mais nova, também luso-americana (filha de mãe portuguesa e pai norte-americano) e também aluna da Carlucci American Internacional School of Lisbon. Naquela altura, a amiga de Mishlawi participava na segunda edição do programa The Voice Portugal. Mariana e os restantes amigos de Mishlawi, que lhe ouviam e elogiavam as canções — “eram bons amigos”, ri-se — incentivaram-no a ir apresentar-se a Richie Campbell. Ele estava reticente, tinha vergonha: “bro, guys, no, he doesn’t give a shit” é a expressão que utiliza em inglês, que significa algo como “ele está-se a marimbar para mim”. “Pensei: este tipo não tem tempo para mim, quantas pessoas é que não devem ir ter com ele e pedir-lhe para ouvir a música que fazem?”

[“Afterthought”, tema solto de Mishlawi e Trace Nova:]

“Eventualmente”, diz Mishlawi, os amigos “lá o convenceram”. Curiosamente, quando se aproximavam de Richie Campbell foi o cantor português que tomou a dianteira da conversa: reconheceu Mariana Bandhold da televisão e disse-lhe isso. Mishlawi aproveitou a oportunidade: “Fui ter com ele e disse: hey, man, também faço música, faço coisas no estilo hip-hop. Ele disse-me: porreiro, envia-me umas coisas tuas”.

Acho que uma das razões que o levou a prestar-me atenção foi ter falado com ele em inglês. Deve ter sido uma experiência estranha para ele, um tipo em Portugal ir falar com ele num centro comercial em inglês americano”, aponta o rapper, cantor e protagonista de Solitaire.

Mishlawi enviou a Richie Campbell algumas das canções que gravara. Se antes nunca o tinha visto em Lisboa, nos dois meses que se seguiram — os últimos dos luso-americano em Portugal antes de ir estudar para os EUA — deram de caras um com o outro “umas quatro vezes, num bar ali, num concerto acolá, a ver um jogo de futebol em mais um sítio”. Continuaram a falar. Quando Mishlawi rumou aos Estados Unidos da América dois meses depois, a ideia de voltar futuramente a Portugal e fazer música regularmente já estava em mente. “Foi a primeira pessoa que fazia música que me disse que gostava do que fazia. Nunca tinha tido isso. Os meus amigos diziam-me isso, mas eram meus amigos”.

O regresso de Washington para Portugal: “Estava com saudades de casa”

De repente, os Estados Unidos da América já eram o território forasteiro e Portugal a casa. Desde logo, mas não só, pela vontade de fazer música em Portugal: “Fui estudar para Washington D. C. e pensei: caramba, vai ser difícil para mim conseguir fazer música e manter contacto com as pessoas que conheço, que querem ajudar-me, com pessoas da indústria musical. Acabei depois por voltar, também porque estava com saudades de casa, não gostei tanto de D. C. quanto gosto de Portugal. Voltei para ver o que poderia acontecer, mas acabei por ir depois estudar novamente para fora, para Londres”, conta.

Os singles no Youtube começaram a suceder-se e a recetividade do público foi encorajadora. Primeiro, Mishlawi lançou “Always On My Mind”, tema em que misturava as rimas, ainda predominantes na sua música, com um R&B sensual. Uns meses depois saiu “Limbo”, canção decisiva no seu percurso, tanto pela abordagem mais cantada do tema como pelo grau de confiança que lhe deu: “Com a ‘Limbo’ pensei: tenho uma boa dose de certeza que consigo fazer isto, só preciso de continuar a trabalhar, trabalhar e trabalhar, continuar a melhorar”.

[“Limbo”, um dos primeiros temas gravados e revelados por Mishlawi:]

O lançamento de temas soltos prosseguiu: houve “Time”, com participação de Zara G (Wet Bed Gang), primeiro; “Turn Back” e “What’s Happening”, dois temas mais apurados e revelados sem videoclip, depois; e três canções recentes que o firmaram em definitivo como figura incontornável do novo hip-hop nacional, “Ignore” (que parece ter semelhanças  com um tema lançado mais tarde pela estrela norte-americana do hip-hop e R&B Russ, intitulado “Some Time”), “Afterthought”, com participação de Trace Nova, e “fmr”, acrónimo de “fuck me right”, que não precisa de grandes traduções.

Por essa altura já Mishlawi tinha regressado a Portugal, por “ter demasiados concertos e a escola já estar a interferir com isto”. Algumas pessoas estranharam: tantos singles, tantos concertos em Portugal e não editava um álbum? “Os álbuns são difíceis”, começa por explicar o rapper e cantor. “Desde a ‘All Night’ em 2016 que pensava em fazer um álbum, que era altura de sentar-me e fazê-lo. O problema é que é fácil fazer muitas canções, mas fazer um álbum é muito mais difícil porque as canções têm de fazer sentido juntas. Andei à procura de uma linha, de uma combinação de canções que fizesse sentido”, acrescenta.

[“All Night” foi o tema com o qual o cantor e rapper luso-americano apresentou-se ao público:]

Os três anos passados desde que se revelou publicamente com “All Night” foram importantes para descobrir uma sonoridade e um estilo de escrita. “Queria ter um som específico que as pessoas ouvissem e pensassem: OK, isto é deste tipo. Sinto que até aqui não era completamente óbvio quem era ou o que queria fazer. Agora estou a começar mais ou menos a descobrir isso: quem sou e o que quero dizer. É ótimo. A minha identidade é uma coisa, é claro, que ainda está em desenvolvimento”.

Eu queria estar preparado logo de início, mas é preciso muito planeamento e perceção do que queremos mesmo fazer para isso. Acho que não estava preparado para ter essas certezas e também não estava inteiramente certo até aqui de quem eu próprio era. Ainda não tenho certezas absolutas, demoramos muito tempo a percebermo-nos, mas já tenho uma ideia mais nítida de quem sou na minha música”, aponta.

Solitaire, o novo disco: melódico, festivo, certeiro

Uma das coisas que ajudou Mishlawi a deixar de dispersar — entre estéticas sonoras, abordagens à escrita e utilizações da voz para rimar e cantar — foi trabalhar com Prodlem, um produtor musical português que o luso-americano conheceu e com quem sentiu que poderia fazer um álbum. “Não tinha alguém que se sentasse comigo e dissesse ‘aqui está um instrumental, aqui está o segundo instrumental’, e tivessem os dois alguma proximidade, um som específico. A ‘Ignore’ foi a primeira canção que revelámos das que fizemos juntos. Ele ajudou-me a perceber o que queria, de certo modo dirigiu-me, quando pensava em tentar alguma coisa mais estranha ele dizia-me: vamos fazer um álbum, vamos focar-nos nisso”, refere.

Prodlem é efetivamente presença central em Solitaire. Todos os temas instrumentais do primeiro álbum de Mishlawi tiveram o seu dedo, em produções próprias e em colaborações com outros autores de batidas instrumentais. A sua influência guiou a voz de Mishlawi sugerindo-lhe caminhos para a utilização da voz (no canto e nas rimas) nas 12 faixas do álbum.

O rapper e cantor atuou na última edição do festival Rock in Rio Lisboa (@ Agência Zero / Rock in Rio)

Gravado maioritariamente no seu “santuário”, a cave de casa dos seus pais, de onde sairá no decorrer deste ano, Solitaire é um álbum conciso, coerente, melodioso, que flirta com o trap e o R&B misturando-os — mas não convém ser confundido com o chamado ‘mumble rap’, em que ou as rimas consistem em balbuciar palavras e expressões isoladas cujo sentido de articulação é forçado, ou com palavras difíceis de decifrar através da audição.

Isto é outra coisa: há rimas percetíveis, algumas das quais engenhosas, e melodias cantadas com precisão, por cima de camadas sonoras difíceis de tirar da cabeça. Se “Audemars”, com o rapper sul-africano Nasty C, apela a saltos, discotecas e volume tão alto quanto possível, a mais arrastada e ligeiramente melancólica “Win Some Lose Some” é para ser ouvida em viagens de carro fora de horas. Já “Uber Driver” é uma canção para amar. Quanto a “Bad Intentions”, é para ouvir em qualquer altura e segue o modelo “ninguém gosta de mim, mas eu vou mostrar-lhes quem é o patrão”. “Need a Hug” e “Figure It Out” lembram algum do trap mais moderno, de Drake e até de rappers mais jovens.

[“Audemars”, single do primeiro álbum de Mishlawi que conta com participação do rapper sul-africano Nasty C:]

E por falar em Drake, com quem Mishlawi é habitualmente comparado, eis o que o luso-americano pensa dos paralelismos traçados: “Acho que fazem isso com toda a gente, tenho a certeza que quando o The Weeknd apareceu mais na pop fizeram o mesmo com ele, ou com o Bryson Tiller. Até fazem isso com o Richie Campbell quando ele faz canções R&B e dancehall. Para mim está um pouco ligado a ignorância, à falta de palavra melhor. As pessoas associam as coisas àquilo que conhecem melhor e àquilo que ouvem. Também o fazia quando era mais novo, mas não acho mesmo que soe ao Drake.”

Para o luso-americano, este álbum é mesmo “pessoal”: “Na música temos de nos mostrar vulneráveis, temos de ter cicatrizes para mostrar. Acho que é por causa disso que as pessoas até aqui não faziam ideia de quem porra eu sou.”

Estou cansado de ser exageradamente misterioso, a ponto de as pessoas pensarem: é aquele tipo americano; será que vive em Portugal, é português, quem é ele? Como é que é e o que é que faz? Sinceramente quis falar mais do que penso, do que sinto, de quem sou”, aponta.

“Chateia-me que digam: este tipo tem de se mudar para os EUA”

Um dos efeitos da internet, das novas formas de consumir música e do crescimento de Portugal e Lisboa como polos musicais com relevo na Europa é o facto de Mishlawi sentir que não precisa de ir viver para os EUA ou Reino Unido (ainda hoje, os grandes mercados da indústria musical) ou para outros países anglófilos para aspirar à projeção internacional. “Hoje em dia não é preciso estar fisicamente em espaços para ter ligações às pessoas. Tenho as editoras, tenho pessoas a trabalhar para garantir que um dia isso talvez possa vir a ser possível. A música falará por si própria de qualquer forma, já o vimos vezes sem conta. Com o Spotify e o Youtube, a música pode tornar-se viral vinda de outros locais. Olha o Yung Lean, o rapper sueco…”

Chateia-me que as pessoas escrevam comentários no Twitter e nos meus vídeos a dizer: este tipo precisa de mudar-se para os Estados Unidos da América [para explodir como artista pop internacional]. Não, não preciso. Se a minha música rebentar, rebenta. É verdade que há muitos artistas bons nos EUA e as pessoas ouvem muito artistas que lá vivem, mas se for possível fazer o mesmo estando fora, porque não?”, questiona.

Richie Campbell é, para Mishlawi, um bom exemplo de alguém que singrou internacionalmente vivendo em Portugal. Haverá muitos mais. Para ele, que é norte-americano, canta e rima em inglês e faz música que hoje é considerada pop, porque é que as perspetivas não poderão ser tão grandes ou maiores? “Vimos o Richie fazer uma digressão na Alemanha, atuar na Jamaica, tocar em Londres, ir á Polónia… porque é que não é possível?! Até é diferente para mim, ele fazia reggae music, que é um estilo musical menos popular no mainstream nos EUA e Inglaterra do que o meu estilo de música. É por isso que não estou nada preocupado com viver cá”, diz.

Mishlawi já fez alguns concertos fora de portas, nomeadamente na Rússia, onde a sua música teve um impacto significativo sem qualquer investimento direto naquele mercado. O motivo que o levou a tornar-se conhecido lá é curioso: a modelo/influencer russa, que tem atualmente meio milhão de seguidores na rede social Instagram, partilhou um vídeo a ouvir uma canção de Mishlawi no carro. “Foi uma coisa orgânica, das redes sociais, uma pessoa conhecida contagiou outras e por aí fora”. De repente, o cantor e rapper — que também já atuou em Londres e teve ofertas da Arménia, Azerbeijão, Geórgia e Ucrânia — já lá deu três concertos em discotecas e acredita poder entrar “no mercado de festivais” do país.

O número de concertos que Mishlawi fará este ano, em Portugal e fora do país, dependerá em parte da evolução da reação do público à sua música. Ainda assim, “de abril ou maio até ao fim de setembro”, o lsuo-americano conta fazer a sua “maior digressão até à data”: “Quero ir a todo o lado em Portugal onde ainda não fui e voltar a ir a sítios a que já fui. Também quero atuar este ano em tantos países quanto conseguir, quero tocar em mais sítios a cada ano que passa”.

As primeiras apresentações ao vivo, a 22 e 23 de fevereiro no Hard Club e a 9 de março no Coliseu dos Recreios — depois de uma sessão de autógrafos este domingo, 10, na FNAC do Colombo, em Lisboa, às 17h –, vão assinalar a estreia da nova banda ao vivo do cantor. Ele explica porquê: “Toco ao vivo com uma banda desde 2007 mas essa banda mudou, porque alguns dos miúdos que tocam comigo têm a sua própria banda rock e não estão cá neste momento, estão em digressão. Também por causa disso, decidimos começar a atuar com uma banda nova, que sinto que vai ser ‘A’ banda e que vai soar incrível”.

[“uber driver”, mais um single já revelado do primeiro álbum de Mishlawi:]

A melhoria na conceção e execução dos espetáculos ao vivo é mesmo um dos grandes objetivos de Mishlawi para os próximos meses e anos: “É difícil. Não sou o Richie Campbell, que começou a gravar e lançar canções com 24 anos mas já atuava ao vivo desde os 16 ou 17. A mim aconteceu-me o contrário, comecei a gravar canções com 15 anos e só comecei a atuar com 19 anos. Só por volta dos 20 é que comecei a tocar em palcos maiores. Antigamente também não cantava tanto e este álbum é todo ele melodioso. Fiz uma transformação completa da minha música e isso torna ainda mais difícil os concertos. Sinto que tenho melhorado imenso todos os anos mas ainda me estou a tentar adaptar”. O desejo, diz, é “transformar-se em palco” do mesmo modo que “o Richie Campbell se transformou dentro do estúdio, entre os 24 anos, quando gravou pela primeira vez, e os 30’s”.