O Governo da Venezuela garantiu, na sexta-feira, que vai fornecer à ONU, “dentro de poucos dias”, provas de que os Estados Unidos estiverem envolvidos no apagão que deixou quase todo o país sem eletricidade. A informação será dada a uma delegação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Caracas, afirmou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.

“Dentro de poucos dias, uma delegação do Gabinete de Direitos Humanos da ONU, chefiada por Michelle Bachelet, virá à Venezuela e nós forneceremos provas” do envolvimento norte-americano, disse Rodríguez, num discurso transmitido pela televisão pública.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos vai enviar uma equipa de cinco pessoas à Venezuela para se reunir, nomeadamente, com “vítimas de violações dos direitos humanos”, anunciou na sexta-feira a organização. Esta “missão técnica preliminar”, que acontecerá de 11 a 22 de março, tem por objetivo preparar uma possível visita da alta comissária, a chilena Michelle Bachelet, que foi oficialmente convidada pelo Governo venezuelano em novembro, segundo um comunicado do organismo da ONU.

A Venezuela depara-se desde quinta-feira com um “apagão” que afeta quase todo o país, embora a energia já tenha sido parcialmente restabelecida na capital, Caracas. O corte elétrico ocorreu às 17:00 locais (21:00 em Lisboa). A Empresa Elétrica Nacional (Corpoelec) reagiu quase de imediato, ao anunciar que a distribuição de energia foi sabotada na instalação de Guri, a mais importante de todo o sistema.

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O ministro responsável pela área, Luis Motta Domínguez, assegurou em declarações à televisão estatal VTV que o corte se devia a uma “sabotagem”. O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou o “imperialismo norte-americano” de estar numa “guerra elétrica” contra a Venezuela, e vários outros funcionários também nomearam Washington.

Em contrapartida, os especialistas atribuem o fracasso à falta de investimento do Governo na manutenção da infraestrutura.

O líder da oposição, Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino, culpou a “corrupção e o desastre”. “A corrupção e o desastre são as responsáveis por esta situação”, considerou Guaidó, ao lamentar que a Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo, esteja a ser afetada por cortes elétricos.