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Entre a perda de Wendel e o esbracejar de Vietto esteve o azar de Coates (a crónica do Sporting-Famalicão)

Este artigo tem mais de 4 anos

Famalicão foi a Alvalade, ganhou bem e lidera a Liga com justiça (2-1). Já o Sporting viveu entre fantasmas do passado, problemas do presente e a incógnita sobre o futuro – que é cada vez maior.

Coates marcou o segundo autogolo consecutivo e tornou-se o jogador da história do Sporting com mais golos na própria baliza
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Coates marcou o segundo autogolo consecutivo e tornou-se o jogador da história do Sporting com mais golos na própria baliza

Getty Images

Coates marcou o segundo autogolo consecutivo e tornou-se o jogador da história do Sporting com mais golos na própria baliza

Getty Images

“A ponta da classificação no momento causa estranheza. Quem é Famalicão? E que diabos esse time [equipa] faz em primeiro lugar? A sensação do Campeonato português é uma baita surpresa até aqui na temporada, coisa que nem mesmo os envolvidos no projeto podem negar. Orgulho da cidade de Vila Nova de Famalicão, o time venceu quatro dos cinco jogos e lidera com 13 pontos [antes do arranque desta sexta jornada], um acima da dupla FC Porto e Benfica. É mais do que sorte: tem a ver com o modelo de gestão instaurado no ano passado, com o dinheiro injetado por um investidor israelita e a mistura de jovens brasileiros com uma cidade que respira futebol”, escrevia há poucos dias o Globoesporte, aproveitando ainda para falar também com um dos técnicos mais carismáticos dos famalicenses, Abel Braga, rendido por Jorge Jesus no Flamengo este ano.

Famalicão dá a volta em Alvalade frente ao Sporting com autogolo de Coates e é líder do Campeonato (2-1)

O bom arranque da equipa que ascendeu na última época à Primeira Liga não passou ao lado nem da imprensa estrangeira, que continua à procura de segredos que justifiquem a liderança surpresa do clube à quinta jornada: o investidor, o CEO, a política de contratações, a proximidade com os sócios a quem já chegaram a dar pizzas e pão com chouriço no intervalo dos jogos, o técnico João Pedro Sousa que curiosamente chegou a trabalhar uma temporada em Alvalade como adjunto de Marco Silva. Agora surgia o grande teste de fogo, quase como se o Famalicão andasse a ganhar com mérito etapas planas antes de enfrentar pela primeira vez uma etapa de montanha no Campeonato para defender a camisola amarela. Uma montanha que impõe sempre respeito numa perspetiva histórica mas que já foi mais inacessível – e basta recordar que este foi o pior início do Sporting desde 1974.

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Em sete encontros oficiais, os leões venceram dois, empataram outros dois e perderam três, entre Campeonato, Supertaça e Liga Europa. Ainda assim, Leonel Pontes, segundo treinador dos verde e brancos depois de Marcel Keizer numa altura em que se vai falando na possibilidade do antigo técnico dos Sub-23 poder não ficar de forma efetiva caso os resultados não surjam, acreditava na redenção antes da receção ao líder surpresa do Campeonato, utilizando também expressões muito recorrentes nos ciclistas como “melhorias” e “boa energia” para catalogar o comprometimento dos jogadores com a nova metodologia e o novo modelo. No entanto, este seria sempre um encontro diferente. Ou com uma dificuldade extra: a ausência do capitão e abono de família Bruno Fernandes, principal referência da equipa nos últimos (largos) meses. Mas essa não era a única questão para o Sporting voltar a ganhar uma etapa, após as derrotas com o Rio Ave e com o PSV tendo o empate no Bessa pelo meio.

Em sete encontros oficiais, o Sporting sofreu sempre golos e leva uma média superior a dois por partida (15). É certo que aqui nem se aplica tanto aquela velha máxima de Phil Jackson, o campeão e guru da NBA, de que os ataques ganham jogos e as defesas ganham campeonatos mas, para chegar a esse patamar, essa teria de ser a principal pecha a ser corrigida em termos coletivos. E foi o próprio Leonel Pontes que assumiu isso este domingo, “desculpabilizando” apenas o setor recuado e dando a receita possível para disfarçar o grande calcanhar de Aquiles leonino: “A entreajuda, a abordagem ao portador da bola e à zona em que está a bola têm de ser coordenadas. E quando um setor é batido, quando é ultrapassado, há outros jogadores que têm de ocupar essas posições e mostrar espírito de entreajuda, até anular a ação ofensiva. Estamos a trabalhar a organização defensiva de forma global, de cima para baixo até ao guarda-redes. Mesmo em momentos de recuperação estamos a trabalhar nisso”.

Ficha de jogo

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Sporting-Famalicão, 1-2

6.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Sporting: Renan; Rosier, Coates, Mathieu e Acuña; Wendel, Doumbia, Battaglia (Jesé Rodríguez, 76′) e Miguel Luís; Bolasie e Vietto (Jovane Cabral, 63′)

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Eduardo, Neto, Borja e Rafael Camacho

Treinador: Leonel Pontes

Famalicão: Defendi; Lionn, Nehuen Pérez, Patrick William, Alex Centelles; Pedro Gonçalves (Racic, 87′), Guga, Gustavo Assunção; Rúben Lameiras (Diogo Gonçalves, 78′), Fábio Martins e Toni Martínez (Anderson, 67′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Riccieli, Tymon e Walterson

Treinador: João Pedro Sousa

Golos: Vietto (25′), Rúben Lameiras (55′) e Coates (88′, p.b.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Miguel Luís (29′), Nahuen Pérez (37′), Mathieu (55′), Doumbia (62′) e Rúben Lameiras (77′)

Depois veio o jogo. E com um ponto prévio: o Famalicão ganhou em Alvalade (2-1), mereceu ganhar em Alvalade e saiu de Alvalade como líder com todo mérito. Sobre o Sporting, os fantasmas do passado, os problemas do presente e a incógnita sobre o futuro – que na parte da liderança técnica parece ser menos incógnita, com Leonel Pontes a ter a sua situação cada vez mais complicada e um terceiro treinador a caminho. Coates fica de novo como o rosto de mais uma derrota do clube que tem o pior registo das últimas décadas. Mas foi entre a perda de bola de Wendel aos 55′ e a frustração de Vietto quando foi substituído aos 63′ que se explica também mais um autogolo do uruguaio, o segundo consecutivo e o quarto em Alvalade.

Sem Bruno Fernandes e perante esta necessidade premente, Leonel Pontes arriscou com a entrada de Battaglia para o losango do meio-campo (a outra alteração em relação a Eindhoven foi o regresso de Mathieu ao centro da defesa), numa solução que, desde logo, encerrava uma curiosidade: Doumbia, Miguel Luís, Battaglia e Wendel, quatro jogadores que no ano passado lutariam por duas posições na equipa (‘6’ e ‘8’), entraram em simultâneo numa tentativa de consolidar dinâmicas que estabilizassem o resto dos setores e foi isso que aconteceu nos primeiros minutos. Apesar das iniciativas de Rosier pela direita, em largura ou a procurar o jogo interior, faltavam metros aos leões mas o Famalicão sentia muitas dificuldades na sua zona de construção apesar da vontade de querer ter bola. Bolasie, numa bola onde apareceu a explorar a profundidade, ainda teve um remate muito torto antes da primeira oportunidades para os famalicenses, na sequência de um canto com remate de Lameiras (14′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Famalicão em vídeo]

O passar dos minutos fez bem ao Sporting. E ao Famalicão. E ao próprio jogo. Até porque, mesmo sem haver uma caudal ofensivo que justificasse esse fenómeno, as duas equipas iam conseguindo oportunidades e em minutos consecutivos: primeiro foi Miguel Luís, na sequência de mais um passe longo de Coates a explorar as costas da defesa adversária, a receber isolado na área mas a fazer um chapéu ao lado de Defendi (20′); logo na resposta, Fábio Martins rematou forte de fora da área, Renan defendeu para a frente e Lameiras ficou perto de conseguir uma recarga com sucesso (21′). O golo não iria demorar, com demérito de Lionn na forma como perdeu a bola em zona proibida e muito mérito de Vietto, a colocar a bola a jeito do pé direito para um remate ao ângulo que quebrou o longo jejum sem marcar do avançado que vinha já desde janeiro (25′).

Essa não seria a única hipótese do Sporting junto da baliza de Defendi: Vietto, pouco depois do golo, arriscou de novo a meia distância que saiu à figura do guarda-redes brasileiro; Acuña teve um remate de pé direito ao lado; Coates tentou inventar o lance da jornada num pontapé de bicicleta na área que saiu por cima da trave; Wendel teve a oportunidade de seguir com mais perigo para a baliza mas ficou a apontar para as luzes de Alvalade justificando uma paragem a meio do percurso que chegou para a defesa do Famalicão limpar o lance para canto. No entanto, os visitantes, que chegariam pela primeira vez em desvantagem ao intervalo, aproveitaram os raros lapsos da defesa verde e branca para criarem perigo através de Lameiras e Pedro Gonçalves, com Renan a chegar ao final dos 45 minutos iniciais com quatro defesas que mantinham a baliza leonina a zero.

Leonel Pontes, satisfeito com o que tinha visto e em vantagem, não mexeu. João Pedro Sousa, satisfeito com o que tinha visto apesar da desvantagem, não mexeu. Um e outro tinham razão, um e outro sabiam que existia algo que poderia mudar o jogo mais do que os nomes e as táticas: os momentos emocionais. E foi isso mesmo que aconteceu, já depois de uma boa oportunidade num livre lateral em que o remate de Vietto saiu mal e Coates não conseguiu depois desviar com sucesso para a baliza – o último lance na parte positiva da noite para o Sporting antes de entrar de novo no seu lado lunar que continua a marcar a equipa. E bastou o empate por Lameiras, num lance que começou em mais uma perda de bola quase infantil de Wendel na frente e que passou pelos pés de Fábio Martins e Centelles, para tudo o que fosse verdade até aí se transformasse quase numa “mentira” (55′).

Toni Martínez e Lionn, ambos por duas ocasiões cada, tiveram oportunidades flagrantes para conseguirem a reviravolta em Alvalade, um tribunal por si só complicado mas que já tinha entrado no habitual loop dos assobios e dos pedidos para se “suar a camisola”. E a primeira substituição em nada ajudou, bem pelo contrário: ao ver a placa com o número 10, Vietto começou a abrir os braços a questionar o porquê de ser substituído por Jovane Cabral e manteve depois os protestos já fora das quatro linhas, perante o adensar da insatisfação dos adeptos que viam aquele que tinha sido um dos melhores até esse momento. O Sporting entrou na já habitual lei de Murphy (Jesé Rodríguez, após uma diagonal, teve o único remate com algum perigo) e foi a cara do costume que voltou a ficar associado ao resultado, com Coates a fazer o 2-1 final com um autogolo aos 88′.

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