É a maior organização de Pais Natal do mundo e chama-se Irmandade Internacional de Pais Natal com Barbas Verdadeiras (IBRBS na sigla original, em inglês). Durante mais de 20 anos, apenas podiam fazer parte dela homens com verdadeiras e longas barbas brancas, que fizessem de Pai Natal no período das festas. Em 2016, contudo, as portas foram abertas a todas as senhoras que também se vestissem, por hobby ou profissão, de Mãe Natal. E eis que, aqui chegados, há novo debate: deve a organização deixar entrar Pais Natal que usam barbas falsas ou outros trabalhadores natalícios, como elfos ou tratadores de renas?

A resposta oficial, expressa em votação levada a cabo no ano passado, foi negativa. Mas o debate continua dentro das fileiras da Irmandade, como conta o jornal New York Times, que fala num “debate sobre inclusão” que está a “dividir a Irmandade Barbuda”.

A Irmandade de Pais Natal foi fundada em 1994, quando dez homens de barbas brancas verdadeiras foram contratados para fazer um anúncio televisivo e mantiveram-se, desde então, em contacto. Os temas que os mantinham unidos, conta o Times, eram dicas sobre como manter as barbas brancas ou o que fazer caso uma criança os acusasse de os ter mal-tratado.

Hoje em dia, a organização norte-americana tem mais de dois mil membros, espalhados em mais de 40 grupos. Atualmente, os seus membros seguem uma série de princípios como a promessa de “manter o espírito mágico e o significado do Natal”, o “respeito pela diversidade das tradições natalícias por todo o mundo” e a garantia de “não fazer nada que embarace a Comunidade do Natal”, entre outros.

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Os objetivos louváveis são partilhados por outros, que gostariam de fazer parte da Irmandade, mas a maioria dos membros da Irmandade considerou que ainda não era altura de alargar a organização a outros trabalhadores natalícios que não os mais fidedignos Pais e Mães Natal — estes irão, contudo, ser convidados para a próxima convenção do grupo em abril, em Atlanta.

“A nova geração de artistas natalícios, que cresceram com mais inclusão, não veem qual é o problema. Mas alguns dos Pais Natal mais velhos e conservadores ainda não estão preparados para isso”, resumiu ao Times a Mãe Natal Deanna Golden, que defende a inclusão de elfos e de Pais Natal com barbas falsas. “Eles gostam de fazer parte deste clube exclusivo de homens de barba feita.”

A divisão, explica o jornal, assenta sobretudo em questões geracionais: os Pais Natal mais jovens são favoráveis à mudança, os mais velhos sentem que se deve respeitar a tradição.

Os Pais Natal são um microcosmo da sociedade normal”, relembra o presidente da Irmandade, Stephen Arnold. “Têm diferentes níveis de educação e opiniões fortes sobre política.”

Para muitos dos homens que mantêm uma longa barba branca todo o ano, ser Pai Natal faz parte da sua identidade. É por isso que, mesmo durante todo o ano, fingem ser o verdadeiro Pai Natal quando se cruzam com crianças e evitam praguejar ou beber álcool em público.

Num mundo em mudança, é cada vez mais exigido aos Pais Natal que adaptem essa identidade aos tempos modernos. “Antigamente, eu pegava nuns tipos na rua, sentava-os numa cadeira, punha-lhes uma barba falsa e as mães estavam satisfeitas”, recordou a empresária Susen Mesco, que gere o aluguer de 2.200 Pais Natal todos os anos. “Agora, se o Pai Natal não estiver a usar um fato de oito mil dólares e não tiver uma barba tratada no valor de três mil euros, e se não estiver a usar luvas brancas e se não falar espanhol, nem souber linguagem gestual, as mães não ficam contentes.”