Um estudo dirigido por investigadores portugueses, a publicar na sexta-feira na revista Science, confirmou que na Europa já se praticava uma economia de subsistência cem mil anos antes do que se julgava.

O investigador – e coordenador do estudo – João Zilhão, das universidades de Lisboa e de Barcelona, em declarações à agência Lusa, referiu os resultados da sua investigação na gruta da Figueira Brava, em Setúbal, segundo os quais as populações neandertais ao longo da costa já pescavam e recolhiam moluscos.

Pensava-se que isto só acontecia com as populações do sul de África, anatomicamente modernas, que, graças ao Omega3 e outros ácidos gordos, tinham desenvolvido inteligência e capacidades cognitivas iguais às nossas e superiores às dos neandertais”, disse à Lusa Zilhão.

O arqueólogo que liderou uma equipa financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia referiu que, mais tarde, ao espalhar-se pela Europa, essa população de origem africana se miscigenou com a pouca população europeia, os neandertais, existente.

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Zilhão recordou que na época “o norte da Europa era gelo e outra grande parte do continente era tundra ou estepe”.

“Há sim uma fusão entre duas ‘raças’ e não uma conquista da Europa por populações africanas”, disse o arqueólogo.

O estudo é publicado na sexta-feira na revista Science.