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De promessa no The Guardian à primeira titularidade, há mais um Cardozo na Liga (a crónica do Boavista-V. Setúbal)

Este artigo tem mais de 3 anos

Boavista e V. Setúbal, as duas equipas com menos golos na Liga, marcaram quatro e tiveram mais de uma dezena de oportunidades num jogo onde Cardozo, o estreante da noite, fez duas assistências (3-1).

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Gonçalo Delgado

Gonçalo Delgado

Teve uma exibição segura frente ao Moreirense apesar da derrota, foi um dos melhores no triunfo em Braga, saiu das opções na receção ao V. Setúbal. O que aconteceu pelo meio com Neris? O central brasileiro do Boavista, que estava no Bessa desde 2018 vindo do Barra SC, foi anunciado pelo Al Wasl como reforço para a próxima época num contrato de três anos, logo no dia seguinte ao final da AG League, o Campeonato dos Emirados Árabes Unidos. Aos 28 anos, decidiu dar um outro rumo à carreira mas o anúncio precoce levou também a que saísse da equipa.

Formado no Camboriú, com passagens por Brusque e Avaí, Neris assinou pelo Barra SC e foi sendo emprestado de forma sucessiva a vários clubes brasileiros, entre os quais o Santa Cruz, o Internacional, o Sport e o Paraná, tendo conquistado por duas vezes o Campeonato Pernambucano além de ganhar uma Copa do Nordeste. Pretendido por outros clubes nacionais no verão de 2018, o central de 1,92m optou pelo Boavista com um contrato de dois anos, naquela que foi a primeira experiência fora do Brasil, e acabou agora por render-se a uma proposta de uma liga menos mediática mas que tem outros atrativos, entre os quais a vertente financeira. No fundo, e estando em final de contrato, resolveu a sua vida. Nesse sentido, é um bom exemplo para explicar o Boavista-V. Setúbal.

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Quando se estava ainda em plena pandemia e o regresso do futebol em Portugal era apenas um documento com pouco mais de 20 páginas com as ideias de como deveria ser essa retoma, alguns pontos levantavam preocupações por parte de vários agentes. Um exemplo prático: a questão dos seguros dos jogadores, que no início de junho ficou resolvida com a Real Vida Seguros a cobrir os seguros de vida de cerca de 500 atletas da Primeira Liga com outros pressupostos assegurados, nomeadamente “riscos da Covid-19”. Depois, havia outro ponto importante que passava pela extensão dos vínculos que terminavam a 30 de junho, no caso de quase 150 jogadores. Também houve acordo. Mas só isso já indiciava que esta retoma teria outro ponto diferente do normal.

Clubes e jogadores percebem que o verão de 2020 (e os meses seguintes) será diferente do habitual a nível de transferências. Porque as ofertas pelos passes serão menores pela maior escassez de fundos em caixa, porque as propostas salariais terão tendencialmente uma quebra em relação ao que era o valor médio tendo em conta os naturais acertos orçamentais no atual contexto de crise. Por isso, para clubes e jogadores, os encontros finais até ao final da Primeira Liga servem não só para ganhar no presente como para projetar o futuro. Com duas equipas em posição estável, sem ambições europeias e descansados sobre a permanência, ainda mais. A partida entre Boavista e V. Setúbal ganhou com isso, com equipas soltas de tendências “resultadistas”, a fazer o jogo pelo jogo.

Mesmo sendo as duas equipas com menos golos marcados neste Campeonato a par do Portimonense (20 cada), Boavista e V. Setúbal estiveram num encontro com três golos e pelo menos uma dezena de oportunidades. No final, os axadrezados conseguiram aguentar a vantagem com que saíram para o intervalo mas os sadinos tiveram mais do que chances para poderem chegar a outro resultado, tendo um Guedes em noite desinspirada e um Helton Leite sempre seguro. E quem fez a diferença foi mais um jovem que aproveitou a primeira titularidade da temporada para se mostrar ao mais alto nível: Fernando Cardozo, avançado paraguaio de 19 anos formado no Olímpia que foi considerado em 2018 pelo The Guardian como uma das grandes promessas mundiais e que só tinha 41 minutos até ao momento, fez duas assistências para golo e foi o MVP da partida. Depois de Óscar Cardozo (Benfica) e Ramón Cardozo (V. Setúbal, Nacional e Moreirense), há mais um Cardozo a brilhar na Liga.

Ficha de jogo

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Boavista-V. Setúbal, 3-1

27.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Boavista: Helton; Fabiano, Ricardo Costa, Dulanto; Carraça, Ackah (Obiora, 83′), Sauer, Bueno (Mateus, 87′), Marlon (Idris, 79′); Fernando Cardozo (Heriberto, 79′) e Cassiano (Yusupha, 87′)

Suplentes não utilizados: Bracali, Lucas, Reisinho e Stojiljkovic

V. Setúbal: Makaridze; Semedo, Artur Jorge, Jubal, Sílvio (Hachadi, 87′); Leandro Vilela (André Sousa, 70′), Éber Bessa (Montiel, 70′), Carlinhos; Berto, Mansilla (Antonucci, 70′) e Guedes (Zequinha, 87′)

Suplentes não utilizados: Lucas Paes, Nuno Pinto, Pirri e Leandrinho

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Bueno (5′), Sauer (45′), Carlinhos (64′) e Heriberto (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Cassiano (24′), Fabiano (30′), Fernando Cardozo (42′), Éber Bessa (43′), Mansilla (45+1′) e Ackah (76′)

O encontro começou com dois remates que deram o mote para os minutos seguintes: logo no segundo minuto, num livre lateral descaído sobre a esquerda, Carlinhos atirou em arco e tenso mas ninguém conseguiu fazer o desvio e Helton Leite conseguiu agarrar; pouco depois, numa grande saída ofensiva, Fernando Cardozo foi lançado em profundidade para direita, assistiu atrasado para a área e Bueno, na passada, inaugurou o marcador sem hipóteses para Makaridze (5′). O Boavista entrou melhor, foi criando mais aproximações que podiam ser perigosas com saídas de qualidade e estava por cima, numa condição que mudaria com o passar do jogo.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Boavista-V. Setúbal em vídeo]

Por um lado, os axadrezados desceram bastante as linhas e deixaram de sair em transição como na fase inicial da partida; por outro, Ackah sentia mais dificuldades para controlar o peso dos sadinos no corredor central tendo à sua frente elementos como Sauer e Bueno, mais fortes na construção do que na recuperação. O V. Setúbal subia de rendimento, contava com um Éber Bessa mais participativo do que nos jogos iniciais da retoma e ia criando lances de potencial perigo, com Guedes a ter duas vezes a hipótese de fazer melhor na área (na primeira acertou mesmo na quina dos postes da baliza dos visitados, na segunda desviou ao lado) e Artur Jorge a cabecear sozinho após canto para defesa de Helton Leite aproveitando uma queda do seu marcador, Marlon (29′).

Nem mesmo a paragem no jogo por lesão do guarda-redes boavisteiro, aproveitada por Daniel Ramos para falar com todos os jogadores junto ao banco enquanto se refrescavam, serviu para mudar a tendência do jogo e foi Guedes a marcar após passe de Berto, numa jogada iniciada por Mansilla, mas estava em posição irregular (35′). No entanto, e contra a corrente do jogo, a primeira transição que o Boavista conseguiu fazer explorando não só os  movimentos de rutura mas também a velocidade das unidades da frente terminou com o 2-0: Carraça viu Cardozo no corredor central, o paraguaio assistiu Sauer e o esquerdino fez o primeiro golo da temporada (45′).

Mesmo a perder por dois golos, Júlio Velázquez arriscou na mesma equipa para dar a volta mas, apesar de ter mais posse e de jogar mais no terreno adversário, foi o suspeito do costume, Fernando Cardozo, a ter a primeira grande oportunidade após o intervalo, com o passe de Cassiano a sair um pouco longo e o remate do paraguaio quase sem ângulo a ser travado por Makaridze para canto (53′). Os minutos passavam, entre alguns calafrios a defesa dos axadrezados ia dando conta do recado perante a insistência dos sadinos mas Carlinhos, num remate de meia distância bem puxado ao poste e sem hipóteses para Helton Leite, reduziu para 2-1 e abriu o jogo (64′).

Velázquez esperou mais uns instantes mas fez uma tripla alteração no V. Setúbal para aproveitar o momento e chegar ainda ao empate, dando outra disponibilidade física à equipa com André Sousa, Montiel e Antonucci, e foram os visitantes que continuaram a criar oportunidades para voltarem a marcar sempre bem travadas por Helton Leite, em especial uma onde Hildeberto fintou meia equipa boavisteira em força antes de ganhar a bola na área e não ter as pernas suficientes para desviar do guarda-redes brasileiro. No entanto, e mais uma vez contra a corrente, seria o Boavista a chegar ao golo em cima do minuto 90, com Heriberto a fechar as contas (90′).

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